Trinta e Seis - Scotland Yard

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— Você está preocupada.

— Tem como não estar preocupada?

— Bem, já era esperado que a polícia viesse nos visitar, Corey é um dos "assassinos" mais famosos da história da Inglaterra. — Deu de ombros, mas não pareceu calma — Nós estávamos dando um passeio noturno, não estávamos? — Melissa tentou sorrir. — E nenhuma das câmeras de seguranças captou nada suspeito da nossa parte.

— Eu sei Melissa, eu sei.

— Então qual a sua preocupação?

— O investigador achar Corey no meio da mata. Não está preocupada com isso?

— Sinceramente... — Melissa deu um gole em seu suco antes de continuar: — Quando se deram conta de que ele havia fugido, a polícia de Rye fez uma busca por tudo e não o encontrou... Acho que ele chegou aonde deveria chegar.

— Porque a polícia de Rye é incompetente. Mas um investigador da Scotland Yard talvez saiba onde procurar...

— Não faz sentido... — ela comentou pensativa.

— O que não faz sentido?

— A Scotland Yard vir investigar a fuga de Corey... O crime nem foi cometido em Londres...

— Eu sei, pensando por esse lado, é bastante estranho. De qualquer modo, é um oficial da Scotland Yard... Eles querem resolver o assunto o mais rápido possível, isso está bastante claro.

— Então nós teremos o tempo que ele vai gastar para interrogar todos os funcionários para achar Corey e mandá-lo embora o mais rápido possível.

Kate não respondeu, apenas acenou positivamente com a cabeça. A falta de positividade de seu poço de confiança não estava fazendo bem à doutora. Por mais que por fora parecesse inteira, por dentro, estava desmoronando. E os papéis haviam se invertido ali. Kate era a preocupada, Melissa a responsável por trazer a calma de volta. E isso era inquietante. Ela engoliu um bom tanto de suco de laranja, distraindo-se por cinco segundos do mundo inconstante que ela mesma construiu.

A consulta com Julia Sheffield voou. Com a senhora Logan também. O piloto automático estava ligado. Era difícil racionar com coerência quando sua cabeça viajava desde os momentos de prazer que desfrutara com Corey, os mais intensos e profundos, até o fato de que ele estava lá fora, correndo risco de vida.

O guarda que esperava para levar a senhora Logan de volta ao prédio A foi quem avisou a Melissa que a hora do almoço havia chegado. Mas ela passou todo o tempo de intervalo trancafiada em seu consultório, sem ter forças para fazer nada, além de vegetar morbidamente. Só acordou daquele transe constante em que se encontrava quando alguém bateu em sua porta. Autorizou a entrada e menos de dois segundos depois, o doutor Thompson deu o ar da graça. Em seu rosto velho e amigável, trazia um sorriso nervoso. O lenço azul claro estava apertado entre seus dedos e ele o usou para secar sua testa brilhante de suor, antes de falar:

— Doutora Parker, estou atrapalhando alguma coisa?

Melissa levantou os olhos, antes perdidos nas ranhuras de sua mesa de madeira, e pigarreou antes de responder:

— Não. — Ela negou com a cabeça e então se ajeitou em sua cadeira — Pode entrar.

— Na verdade, eu trouxe alguém para conversar com você. — O velho homem gesticulou demais com as mãos, e então abriu a porta para que outro homem, esse com cara de poucos amigos, entrasse no consultório.

Os músculos de Melissa enrijeceram, a pose de autoridade que ele exalava com naturalidade aproximava-se de um irritante clichê.

— Este é Josh Bethel, investigador da Scotland Yard. — informou o doutor Thompson, que parecia incomodado demais com o fato de que a autoridade estava presente no St. Marcus Institute.

Psicose (Livro I)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant