Trinta e Um - Plano de Fuga

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— Enlouqueceu, Melissa? ؙ— Corey soltou uma risada nasalada.

Seu tom passou a Melissa a impressão de que havia dito a maior asneira da história da humanidade.

— Você quer ficar aqui pelo resto da vida pagando por um crime que não cometeu?

— Não seria mais fácil tentar provar minha inocência?

— E você acha que se eu contar que o fantasma da vítima me disse que o assassino é Danny Langdon, alguém vai acreditar em mim? Vão mandar me internar também, Corey!

— Bom, eu não vejo muita saída...

— Eu estou me propondo a te ajudar a fugir, arriscando meu pescoço e meu emprego... Como não há saída?

— Tudo bem. — Corey assentiu, apesar de ainda encará-la daquele modo irritantemente constrangedor. — Supondo que isso não seja uma loucura...

Melissa bufou, rolando os olhos, e ele mesmo se interrompeu. Ela não era louca e sua proposta não era uma... Talvez fosse. Mas ela tinha que tentar! Não era capaz de conceber a ideia de que ele estava ali injustamente, sofrendo. E que não havia forma de provar que ele era inocente, não ao menos enquanto não encontrasse Danny Langdon e o fizesse confessar. O que poderia nunca acontecer. Ou o que poderia demorar tempo demais para acontecer. Já havia passado o tempo de Corey Sanders no St. Marcus Institute.

— Pode ser uma ideia fora dos padrões... Aceitáveis de conduta, mas...

— Mas o que eu vou fazer quando estiver lá fora? Hein? Fugir pelo resto da minha vida?

— Você prefere fugir pelo resto da sua vida ou ficar preso neste inferno pelo resto da vida?

Ele pensou por um tempo que não foi longo demais. Não era muito difícil chegar a uma conclusão.

— Tem razão. — Corey encarou as mãos e suspirou.

— Além do mais... — Melissa continuou, para provar que ela tinha um plano — Nada impede que a gente vá atrás de Danny Langdon e o faça confessar o crime... Então você estaria livre! — Melissa sorriu.

— Eu acho que não seria tão fácil assim... E acho que você, que é livre, poderia fazer esse trabalho...

— Eu não consigo fazer isso sozinha, Corey...

Ele abriu um sorriso triste e aproximou-se dela, tocando seu rosto com delicadeza.

— Você é a mulher mais forte que eu conheço, doutora.

Ela negou com a cabeça, e seu gesto foi veemente.

— Ainda que eu pudesse provar sua inocência sozinha, demoraria demais e você ainda estaria aqui, sofrendo absurdos... Não vale a pena.

— Não vale a pena arriscar a sua liberdade pela minha. — Corey sentenciou.

Melissa parou. Demorou poucos instantes para internalizar o que Corey havia dito. E menos instantes ainda para concluir que ele estava errado. Era um risco a ser corrido, sem sombra de dúvidas.

— Você não está querendo enxergar o lado positivo das coisas.

— Depois de passar três anos aqui, acha que eu ainda sou capaz de enxergar o lado positivo de alguma coisa? Para mim nada tem lado positivo mais.

— Não generalize as coisas. Ainda há muita positividade por aí, Corey...

Ele sorriu, ao contrário do que Melissa esperava. E a encarou daquele modo tão profundo, que a deixou a ponto de corar, antes de falar o que pensava:

Psicose (Livro I)Where stories live. Discover now