CAPÍTULO 09 - A TRIBO

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Encarando o símbolo no diário tia Sophia revelou alegre.

—A tribo!

—Tribo? —Cochichou Alana sem entender.

—Vamos! —Papai chamou tia Sophia, os dois começaram a subir as escadas de forma bem ligeira.

—Espere! Onde estão querendo ir? Vocês não podem respeitar a escolha dela? —Perguntei seguindo-os quase correndo nas escadas. Ninguém respondeu minha pergunta. Ouvi Alice também com suas dúvidas curiosas querendo entender o que estava acontecendo, Alana tentou explicar. Insistentemente papai catou um casaco de cor bege que estava jogado em uma das cadeiras.

—Que tribo é esta? Eu não entendo. —Perguntei.

—Pai! Odeio admitir, mas desta vez Victória tem razão. Não precisamos trazer a vovó de volta, ela escolheu assim.

—Nós já conversamos sobre isto, vamos viajar por conveniência, você não está vendo o mundo acabar lá fora? Nós estamos doentes! Não podemos ficar aqui colocando a vida de todas vocês em perigo! — Papai se expressou firmemente, argumentando com Alana e Alice sobre a necessidade de viajar no tempo para salvar suas vidas, visto que o mundo estava se deteriorando rapidamente e todos eles estavam doentes. Ele tentava convencê-las de que não era apenas uma questão de conveniência, mas sim de sobrevivência, e que ficar naquele tempo representava um grande perigo para elas.

—Nos fale sobre a tribo! —Pediu Alice.

—São pessoas extremamente reservadas e mantêm sua privacidade, mas acredito que possam ter informações importantes para nós. Eles moram em uma pequena comunidade na ilha de Mona, na costa oeste do país. Eram amigos próximos da mamãe, talvez possam nos ajudar a desvendar tudo isso —Disse tia Sophia também apanhando seu casaco.

—Vovó é amiga de um povo indígena? —Perguntou Alana.

—O governo também é! —Completou Alice.

—Não saiam daqui, vamos voltar amanhã antes do pôr do sol. Se ficarmos bem! —Papai deu um beijo na testa de Alana.

—Mas e se algo der errado? —Perguntei preocupada.

—Então vocês vão sair do país junto com Nicolas. —Respondeu tia Sophia beijando sua filha Alice.

—Espere! Não pode me deixar aqui! Sabe que estou doente! Eu quero ir! Eu encontrei o diário. Tenho direito. Por favor! —Pedi.

—Ayla, você é a única que pode cuidar das duas. Nicolas sabe que você está contaminada! Ele vai ficar de olho. Por favor! Faça isto por mim. Não vai acontecer nada. Fiquem no laboratório, estarão seguras.

—Nicolas? Ele sempre soube? —Perguntei em desconformidade.

—Sim, veja bem! Se pudermos viajar para o futuro logo voltaremos, em horas talvez minutos. Confia em mim.

—Balancei a cabeça afirmando. Papai me deu um beijo na testa e saiu com a tia Sophia. Senti culpa por ter falado a eles, agora estávamos sozinhas.

—Viu o que você fez! —Brigou Alana comigo, ela saiu batendo os pés com frustração, e a porta se fechou com força. Alice permaneceu olhando para mim, expressando sua desaprovação. Eu decidi ignorar sua expressão desapontada e retornei à minha busca pelo livro que Ethan havia solicitado. Vasculhei minuciosamente cada prateleira e gaveta, determinado a encontrá-lo, mesmo que isso significasse revirar todos os cantos da casa.

***

Orocovis, 22 de junho de 2020, 06:03 PM.

Depois de tanto revirar o laboratório procurando qualquer pista acabei caindo no sono, foi um erro, pois fiquei inconsciente e neste estado não podia me controlar. Lembro-me de acordar no meio de uma rua, estava escuro e frio, e sentia muita fome, meu corpo todo suava, minha respiração estava bem pesada, quase me faltava ar. Levantei-me do chão e senti uma leve tontura, minha cabeça começou a doer de forma muito intensa, minha visão estava bem turvada e meus ouvidos fragilizados, até o som do vento me fazia sentir dor, toquei em minhas orelhas que estavam muito quentes e senti o suor pregar na minha mão, olhei diretamente para meus dedos e notei que era sangue, assustada tentei limpar o sangue em minha blusa moletom de cor cinza. Olhei para frente e vi dois corpos caídos ao chão, ensanguentados, mas eu não me lembrava de ter feito nada e ainda sentia fome.

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