Capítulo 3

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Acordei quando senti duas mãos nos meus ombros, segurei o braço da pessoa, sem nem me preocupar em ver quem era, e torci para trás me levantando rapidamente.

Parei para ver quem era e me deparei com Sydney com uma cara de dor e cerrando os olhos provavelmente com medo da minha reação. Soltei o braço dela e a empurrei devagar para frente

-Precisamos conversar sobre limites. -eu disse séria enquanto a encarava.

-Você quer mesmo conversar? -perguntou esperançosa, foi até engraçado

-Sim... vamos definir algumas regras, e quando eu digo vamos quero dizer que eu vou definir as regras. -ela assentiu enquanto me olhava fixamente. -Nada de me acordar... nunca, sobre nenhuma circunstância

-Nada de te acordar. -ela repetiu para si mesma

-Nada de me tocar, respeite meu espaço

-Nada de te tocar. -novamente ela repetiu.

-E nunca faça perguntas desnecessárias ou sobre coisas que não te interessam.

-Nada de perguntas. -ela repetiu novamente e continuou me olhando. -Mas você vai ser minha amiga? -ela perguntou de repente, fiquei meio chocada com a pergunta mas tratei de respondê-la logo

-Não... já disse vamos apenas conviver juntas.

-Pessoas que convivem juntas conversam sobre o reformatório ou contam histórias?

-Ás vezes sim...

-Posso te contar algumas histórias sobre esse lugar... E também sobre algumas pessoas. -ela sorriu de modo fofo

-Tudo bem agora você me pegou, sou bem curiosa... Me conte tudo o que sabe.

-Tudo bem... Eu adoro contar histórias. -ela disse se levantando e sentando do meu lado.

-O que você está...

-Dizem por aí que esse lugar carrega muitas histórias sombrias. -ela disse me interrompendo, pensei em bater na cara dela por isso mas resolvi apenas ouvir a história.

"Antes de ser um reformatório para jovens problemáticos, isso era uma prisão de alto nível, as piores pessoas eram enviadas para cá, de todos os lugares do mundo... Não tinham tantas celas então eles colocavam alguns presos juntos. Não tinha um dia em que não tinha brigas entre presos, ás vezes chegavam a matar uns os outros. Os responsáveis da prisão jogavam os corpos em covas que eles cavavam em lugares aleatórios. Depois de um tempo quando mais presos chegavam, a alma dos detentos mortos voltava para assombrar todos, eles perseguiam os vivos até os levarem a beira da loucura. Depois de tanta confusão resolveram construir um reformatório, e até hoje está assim, mas você ainda pode tropeçar nos ossos de algum detento morto."

Ela terminou de dizer de modo sombrio... bom, pelo menos ela tentou.

Assim que Sydney terminou de falar comecei e rir.

-É uma bela história

-Não acabou. -ela disse sorridente, como ela conseguia sorrir o tempo todo? -Algum tempo atrás, o diretor desse reformatório era outro, dizem que ele era cruel e que deixava algumas pessoas que saíam da linha por semanas jogadas no calabouço sem comida nenhuma... E depois simplesmente jogava os corpos dela em algum canto desse lugar, dizem que o novo diretor manteve esses hábitos por algum tempo... Muitos jovens morreram lá naquele lugar em que você ficou por alguns dias.

-Essa história é horrível... O que acha de procurarmos ossos de pessoas pelo reformatório? -perguntei ironicamente, mas parece que nem todos entendem ironias.

-Jura? Eu sempre quis mas nunca tive coragem de ir sozinha... e eu não tenho amigos nesse lugar.

-Eu estava sendo irônica... Não seja boba, essas histórias são apenas histórias, inventadas por alguem que não tinha o que fazer.

-Eu não sei... Pode ser verdade, uma vez um garoto apareceu com um osso enfiado no tênis

-Era um osso humano?

-Nunca falaram nada sobre isso.

-Então não confirmaram?

-Nem negaram- Ela concluiu

-Tanto faz... E aquele garoto que eu bati no refeitório, qual é a dele?

-O Ethan Clark?

-É, esse mesmo.

-Bom... ele é o típico capitão do time de futebol, só que sem o futebol, se acha melhor que todos aqui, e age como se realmente fosse.

-Ele é um grande idiota isso sim...

-Ethan fez aquilo com você pois não aceita que o tratem como se ele fosse insignificante.

-Mas é o que ele é pra mim... um grande nada, e é assim que eu vou tratar ele, não importa quantas vezes eu volte para aquele lugar.

-Como é lá?- Ela perguntou realmente curiosa

-É escuro, tem cheiro de mofo.

-Eles deram só pão e água pra você?

-Isso, minha querida, é apenas para assustar vocês, eles me deram um prato com arroz, carne e purê de batatas, mas estava horrível. -fiz uma cara de nojo. -Parecia ter sido feito em uma caixa de isopor com cheiro de peixe.

Sydney começou a rir, quando vi o sorriso dela foi inevitável não rir também.

-Oh meu Deus... Você sorriu! -ela gritou animada enquanto batia palminhas.

-OK, OK! Agora chega de gritinhos histéricos, antes que eu desista de tentar ser legal com você e te jogue por essa janela.

Ela se calou e fez uma cara assustada, o que instantaneamente fez um sorriso brotar do meu rosto.

-Você é muito malvada. -ela disse.

-Muito obrigada, fico feliz que ache isso de mim. -ela me encarou tentando ficar séria mas falhou e começou a rir, por poucos segundos eu acompanhei.

-Por que você está aqui? -perguntei sem rodeios.

-Eu não quero falar sobre isso. -seu rosto se tornou sombrio de repente.

-Ah vamos lá... Se você me contar eu vou ser sua amiga. -sim eu sou curiosa e jogo baixo para conseguir saber o que quero.

-Só te conto se você me contar o que aconteceu para você ficar assim. -OK... ela me pegou de jeito dessa vez.

-Tudo bem eu conto... mas isso vai ter que morrer com você.

-Tá bom. -ela disse estendendo o dedo mindinho para mim.

-Que porra é essa?

-Você precisa jurar de dedinho, nunca se quebra uma promessa de dedinho.

-Ok.

Me rendi e cruzei nossos dedos, juntamos nossos dedos mindinhos, ela aproximou os lábios de nossos dedos e assoprou. Sydney estendeu nossas mãos juntas para mim, revirei os olhos e assoprei nossos dedos

-Bem, eu estou aqui porque....

***

Oi pessoal, tudo bem com vocês? Gostaram do capítulo? Acabou muito misterioso, não é? Por que será que a delicada Sydney está nesse reformatório? Dêem suas opiniões, obrigada por lerem esse capítulo e até mais.

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