CAPÍTULO 06 - ALGUNS REFLEXOS

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—O que você quer?

—Eu te transformei por um propósito.

—Você fez isso comigo! Eu te mataria se não estivesse armado.

—Por nada.

—Eu não queria isso! Por que você me escolheu?

—Eu posso tirar isso de você, mas conheço uma cura, apenas preciso de um favor.

—Está mentindo! Não tem cura para isto!

—Está enganada, olhe para mim, estou consciente, a cura existe sim, mas ela não é para todos. Por isso precisamos manter isso em segredo! —Ele estendeu a mão se oferecendo para me ajudar a levantar, aceitei e fiquei de pé encarando seu corpo musculoso e seus olhos pretos.

—O que eu tenho que fazer?

—Eu sei o que sua família esconde. Até me pergunto se todos estes desaparecimentos estão ligados a vocês! Pense bem! Tudo começou quando vocês ligaram a máquina.

—Não sei do que está falando!

—Seu segredo já foi descoberto Ayla, o seu médico que te sequestrou, era o meu tio.

—Então é isto? Quer fazer uma viagem no tempo? Ou quer se vingar por meu pai ter matado. —Ele sorriu com leveza como se eu tivesse contado uma piada.

—Nós queremos muito mais! —Ethan disse com tom ameaçador.

—John é seu pai, não é? Ele está por trás disto.

—Sim, eu não sou a cabeça do esquema todo, meu pai é o chefe e ele comanda um exército de contaminados que pode destruir esta cidade em minutos.

—E por que não fez nada ainda? —Respondi zombando.

—Um passo de cada vez. Ele me mandou aqui porque sabe que você tem algo muito valioso para nós. —A figura misteriosa se aproximou, olhando fixamente para mim. Senti um arrepio percorrer minha espinha, mas tentei manter a compostura.

—Sei que você está confusa, mas não tenha medo. Estou aqui para ajudá-la.

—O que pode ser mais valioso do que uma máquina do tempo?

—Íris, carrega consigo um segredo tão antigo quanto a própria humanidade, protegido pelas bruxas ao longo de muitos séculos. O que seria esse segredo que desafia as leis da física e transcende o conhecimento humano? A simples menção dele é suficiente para despertar a curiosidade e a imaginação. —Ele falava de forma inteligente e caminhava dócil pela grama verde que havia na floresta.

—Um livro que pode mudar tudo. Escrito pelos Nefilins. É antigo, está escrito em pergaminho de vitelo, é relativamente pequeno: 16 cm de largura, 22 de altura e 4 de espessura. São 122 folhas, num total de 204 páginas. Compilado e dividido em quatro seções: Botânica, astronômica, biológica e farmacológica.

—Por que eu concordaria com isto? Este livro tem informações preciosas.

—Por que você quer a cura e eu garanto que ela existe! Nós dois seremos salvos se você me ajudar!

—Este livro está na casa dela?

—Sim, você vai pegar e trazer para mim.

—E se eu não fizer isto?

—Bem, neste caso serei obrigado a lhe fazer mais uma visita, mas desta vez não vou matar os cavalos! —Ele me ameaçou. Fiquei procurando uma solução para o problema.

—Não pense que seu pai irá te proteger, eu não estou sozinho nesta! —Ele continuou me ameaçando.

—Afinal eles não são os mocinhos. Você está aqui! Aposto que não te falaram! —Afirmou Ethan ligando os pontos.

—Eu já sei o suficiente.

—Sabe que são como você?

—Não! É impossível! As autoridades teriam descoberto.

—Sim, mas não descobriram, há algo diferente em vocês, é bizarro, mas eu invejo, o vírus reage de forma mais lenta e os benefícios são maiores. —Ethan se aproximou curioso enquanto eu explodia por dentro de raiva, estava chateada por papai não ter me dito a verdade.

—Eu não sei de nada. —Disse com a voz trêmula.

—Tudo bem! A gente se vê por aí Ayla!

—O que eu faço se encontrar o livro?

—Não se preocupe! Eu te encontro!

Orocovis, 22 de junho de 2020, 10:08 AM.

Depois que conheci meu criador e descobri o propósito da minha segunda vida corri direto para casa furiosa por todas as mentiras. Ao entrar, papai me encheu de perguntas suspeitando que eu havia machucado os cavalos.

—Nós sabemos sobre você Ayla!

—Eu também sei sobre vocês! Com licença! —Caminhei em direção a cozinha, decidi não contar nada sobre o livro, eles não confiaram em mim então também não podia confiar neles! Desci as escadas para o porão afundando os pés de tanta raiva.

—Espere! Nós íamos te contar! Estávamos esperando a oportunidade certa! —Quando me aproximei da porta do laboratório me deparei com a tia Sophia.

—Vocês mentiram para mim! São loucos! Deveriam ter me entregado a polícia! Eu podia ter machucado minha irmã. São irresponsáveis!

—Nós ficamos te vigiando! Agora não é hora para isso! Precisa se alimentar! —Disse Sophia se aproximando de mim, ela me encarou.

—Não! É isto que querem de mim? Eu não sou como vocês! Não sou uma assassina! Há quanto tempo estão contaminados? — Desabafei cuspindo as palavras, tia Sophia me deu um tapa na cara. Lembrei-me de Alana no dia do terremoto que também levou uma bofetada.

***


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