CAPÍTULO 03 - O FIM

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Orocovis, 21 de março de 2020, 06:21 AM.

Saímos do carro e entramos no hospital. Enquanto caminhava pelos corredores do hospital, minha mente vagava em pensamentos sombrios e incertos sobre o meu futuro. O odor característico do ambiente hospitalar trazia à tona lembranças de dias sombrios, quando eu me sentia fraca e vulnerável. No entanto, eu sabia que precisava manter a esperança, mesmo que essa fosse uma tarefa difícil.

Ao chegar ao quarto, o clima pesado me envolveu. A cama branca e estéril, as paredes brancas e sem vida, tudo parecia monótono e sem graça. Eu sabia que a ciência avançava a cada dia, e que era possível que uma nova descoberta trouxesse a cura tão desejada. Com esse pensamento em mente, respirei fundo e decidi lutar com todas as minhas forças para vencer essa batalha.

Orocovis, 21 de março de 2020, 11:34 AM.

Após horas de quimioterapia, sentia-me exausta e meu corpo parecia pesar uma tonelada. As agulhas presas às minhas veias me lembravam constantemente de minha condição debilitante. Naquele dia, a sensação de fraqueza que tomou conta de mim ultrapassou todos os limites já experimentados. Os olhos pesados, lutava para permanecer consciente enquanto as medicações fluíam em minhas veias. Nesse momento, o médico se aproximou, talvez para me oferecer uma palavra de conforto ou talvez para verificar meus sinais vitais. A escuridão começou a tomar conta de meus pensamentos e a voz do médico ficou cada vez mais distante, até que eu desmaiei completamente.

Ao longo dos anos, desde que fui diagnosticada com minha doença, o doutor Giovanni se tornou um verdadeiro amigo e confidente para mim. Ele sempre foi muito atencioso com a minha família e fez questão de nos tratar como se fossemos seus próprios parentes. O seu cuidado e carinho nunca foram colocados em dúvida, eu sabia que ele faria tudo ao seu alcance para garantir o meu bem-estar. Com sua vasta experiência médica, ele sabia como lidar com as dificuldades que minha doença trazia e sempre me tranquilizava com suas palavras gentis e encorajadoras. De fato, eu considerava o doutor Giovanni como um pai, alguém que sempre esteve presente na minha vida e que nunca me machucaria. Mas quando papai voltou com a tia Sophia ao hospital só havia um bilhete citando todos os termos para que eu continuasse viva. O médico nos enganou, me sequestrou e assegurou que nada podia atrapalhar seu plano, ele contou com alguns amigos para me levar até o cativeiro. Depois disto ele matou todos para queimar seu arquivo, foi neste momento que acordei, ouvi barulho de tiros, fiquei mais apreensiva, olhei em todas as direções procurando uma saída.

Orocovis, 21 de março de 2020, 01:35 PM.

Eu estava deitada em uma cama estreita e imunda, o ambiente era escuro e sem nenhuma janela para a luz do sol entrar. Diante da cama, havia uma porta de ferro maciço com várias fechaduras, que revelava a minha prisão. Eu percebi que estava amarrada somente pelos braços, que estavam presos aos velhos ferros da cabeceira. Ouvi os passos lentos do assassino se aproximando, e minha ansiedade só aumentava. Tentei desesperadamente desatar as cordas que me mantinham imobilizada, mas não consegui soltar meus braços esticados para trás. Aos poucos, o som dos passos foi ficando mais alto, e eu sabia que o momento aterrorizante estava prestes a acontecer.

O médico começou a destrancar a porta, e eu fingi ainda estar dormindo. Não queria mostrar que estava acordada e consciente da situação. Quando ele entrou, permaneci imóvel, com os olhos fechados e o coração acelerado. Havia um silêncio tenso no quarto, e eu sabia que ele podia estar me observando. Eu sentia medo e repulsa com a simples ideia de que ele pudesse tocar em mim. De repente, senti suas mãos frias tocando meu cabelo, e o nojo se misturou ao medo.

—Sinto muito querida!

Quando ele finalmente levantou-se, senti calafrios percorrerem meu corpo inteiro, e uma profunda angústia tomou conta de mim. Vários pensamentos terríveis invadiram minha mente, e eu sabia que havia chegado a minha hora. O médico assassino havia me sequestrado e eu estava completamente indefesa em seu poder. Por um momento, o silêncio no quarto foi ensurdecedor, e eu comecei a imaginar o pior. Papai não havia nos ajudado, e agora eu estava sozinha com um psicopata que não hesitaria em me matar, assim como fez com seus amigos. Mas então ouvi sons abafados do teclado do celular do médico, e percebi que ele estava ligando para alguém, provavelmente minha família.

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