CAPÍTULO 7 - OGRO, GROSSO E... BONITO

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No quinto dia de aula, Laura percebeu que Gabriel – sim, ela sabia o nome dele – estava atrasado para aula. Não que ela se importasse, não dava a mínima, mas como a chamada dos professores era feita regularmente, ficava logo evidenciado para o restante da sala quando alguém estava faltando.

Mal ela começou a chamá-lo internamente de irresponsável, o dito cujo entrou na classe sem ao menos pedir licença ao professor, como se tivesse fazendo algo proibido, o que era, na verdade. Porém, o que mais chamou a atenção de Laura, fora a cara de ressaca que a criatura possuía, parecia que tinha passado a noite na farra. Algo que poderia se esperar de um provável delinquente juvenil.

Gabriel, pensou, não era um nome adequado para esse ser. Laura sabia que, em algumas tradições, Gabriel é o nome de um arcanjo, um ser poderoso que estaria acima dos anjos comuns. Esse, no entanto, estava mais para um anjo caído, e não os anjos caídos gatos e gostosos dos livros de romance – olá, Becca Fitzpatrick (Patch, seu lindo)! Gabriel lembrava mais o diabo encarnado.

Quando Laura acreditou que estava se acostumando com a presença de Gabriel, passou a perceber, durante as aulas, que alguém a estava observando. Nas primeiras vezes que teve a sensação e olhou para o fundo da sala, nada viu. Como continuou sentindo a mesma coisa, muitas vezes olhava para trás tentando descobrir se estava louca ou se realmente alguém a estava mirando. Até que um dia, na segunda semana de aula, pegou o talzinho, vulgo Gabriel, no flagra. O mais esquisito foi que ele não desviou seu olhar, continuou a encará-la e ela o encarou de volta.

Desde o primeiro dia de aula, Davi colocara o novato debaixo de suas asas, como ele costumava fazer com aqueles que estivessem, de alguma forma, necessitando de ajuda ou apenas de companhia. Seu irmão, junto aos seus pais, eram as melhores pessoas que conhecia. Educado, prestativo, gentil. Laura o amava profundamente. No entanto, estava começando a ficar irritada por ter de aguentar a presença indesejada de Gabriel.

Seus amigos já tinham percebido que o clima estava esquentando entre os dois. Bem, ela discordava firmemente desse "esquentando", não estava nem perto disso, tinha sido apenas essa encarada – não era paquera – mas sim uma simples e inocente troca de olhares. Nestes últimos dias eles vinham se encontrando mais frequentemente, tendo em vista a amizade entre ele e seu irmão. Contudo, ela mal trocara uma frase completa com ele. O máximo era um "bom dia" dito por ele, que, mesmo a contragosto, era respondido por ela.

Bia, na última vez que Gabriel sentou com eles no refeitório, soltou uma piada que Laura não achou a menor graça: "a tensão aqui dá pra ser cortada com uma lâmina". Ao perguntar o que ela quis dizer com aquilo, Beatriz só respondeu com um "naaada, não. Besteira minha. ".

Não gostando nada do tom utilizado por sua amiga, Laura foi para o ataque:

– Sim, porque se vamos começar a falar de 'tensão a ser cortada', eu posso muito bem falar de...

Neste momento não pôde terminar a frase, já que Bia se ergueu contra Laura, tampando sua boca. Não poderia ser dito quem estava mais vermelho, se Bia ou Davi, mas a gargalhada de Adrien fez o serviço de cortar a tensão geral e todos começaram a rir, inclusive Gabriel. E o sorriso dele era lindo...

Depois deste episódio, a interação entre Laura e Gabriel tornou-se menos estranha e mais suave. Os olhares trocados também aumentaram e não havia como se enganar: dessa vez, estava sim acontecendo o início de uma paquera.

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Acaso Destinado (AMOSTRA)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora