Parte 4

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Furiosa, era assim que Annie ainda se sentia, mas deixava para lá se afogando no blog. "Elle Me Dit" estava cada vez mais popular e a dava cada vez mais trabalho. Eram muitos eventos para serem comentados, muitos e-mails para serem respondidos e comentários para serem lindos. Os posts eram quase diários, então passava a maioria dos dias comendo besteira, de cabelo preso e moletom.

Mas naquela tarde não poderia fazer isso, apesar de querer, era a festa da nova coluna da "Bien-Être". Não importa o quando Annie estivesse brava com Mandy, ainda eram melhores amigas e prometera ir, sem contar que, era a prova que precisava se aquele tal de Cam era realmente bom como parecia.

Annie pôs um vestido, não era muito o que gostava de usar, mas a ocasião pedia. Era branco de renda com forro preto que fazia uma barra no fim, na metade da coxa, e marcava um pouco o troco. Para se proteger do frio usava uma meia calça preta, um sapato fechado de salto grosso da mesma cor e um casaco azul meia-noite. Deixou o cabelo solto e pôs um gorro de lã cinza azulado.

Saiu de casa e logo tomou um taxi, deu o endereço e tentou não fazer cara de emburrada o caminho todo. Depois que pagou e saiu, ficou imaginando como passar pelo tapete sem tantos fotógrafos a cegarem com flashes e não chegou a conclusão nenhuma até se lembrar que eles estavam ali para flagrar os colunistas, os donos da revista e alguns franceses famosos amigos de gente lá dentro e não para fotografar uma "ninguém". Amiga de Mandy Illyrio e ex fotografa de uma revista de moda, era o máximo que Annie era e isso a aborreceu de algum modo. Ficou feliz por saber que passaria despercebida por aquele tapete, ao mesmo tempo, não se agradou por ser tão "nada".

- Te odeio Mandy, por que sempre tem que ter razão? - sussurrou para si, respirou fundo e desfilou de cabeça para cima durante toda a extensão até a entrada do evento.

Um fleche? Não, três. Três únicos fleches a clicaram. Eram apenas fotógrafos curiosos e precavidos, talvez aquela garota que ninguém jamais viu fosse de alguma utilidade futuramente.

Assim que entrou, notou que o cara era simplesmente incrível e que se recusasse a proposta que lhe fez, estaria sendo uma burra. E mais uma vez rogou pragas para a amiga que estava certa, de novo.

Observou os detalhes, garçons não faltavam e nem bebida e aperitivos. Tocava uma música suave, grandes janelas faziam aproveitar o máximo da luz de fim de tarde, havia muitas mesas e cadeiras, enfeites perfeitamente postos tudo criando harmonia. Se reparasse melhor, mais para cima no teto, dava para notar as luzes que seriam ligadas mais tarde, no fundo, a área do DJ estava preparada.

As pessoas andavam por todos os cantos, a conversa era quase mais alta do que a música instrumental de fundo. Annie andou calada procurando a amiga, disfarçando o mau-humor com sorrisinhos amigáveis para qualquer um que olhava para sua cara. Foi educada com um ou outro que a parou para trocar algumas palavras, mas logo se afastou ainda procurando Mandy.

- Annie! - se virou ao ouvir o grito, com medo de que todo o salão também tenha escutado.

- Estava te procurando.

- Bom, achou! - Mandy estava empolgada, com um sorriso de orelha a orelha. - Está tudo lindo, não acha?

- Pior que acho.

- Para de mau-humor! Deixa de ser rabugenta! Parece uma criança mimada de oito anos.

- Estava pensando algumas coisas e acho que o trabalho tem me deixado meio cansada, mas vou tentar deixar de lado.

- Não, você não vai tentar, você vai deixar de lado. Me entendeu, Annie? - assentiu e Mandy segurou seus braços e a sacudiu. - Entendeu? - falou mais alto.

De Banlieue (pt)Where stories live. Discover now