Capítulo 7 - Um novo dia

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— É uma história muito longa.

— Mas você vai me contar, não é?

— Poderia, mas você não vai acreditar em mim.

— Acordou enigmática hoje, né? — Mari perguntou retorica.

Alina ouviu sem nada dizer, apenas desviou o olhar, seus pensamentos estavam confusos. Marina insistiu falando algo que ela não conseguiu ouvir, sua mente estava congestionada demais.

— Hello? Planeta terra chamando Alina!

— Oi — respondeu com o olhar distante.

— Nossa. O que você tem, em?

— Na verdade não sei...

Marina parou o carro e resmungou séria:

— Bom, seja lá o que for Lina, é melhor você voltar ao normal agora mesmo.

Alina suspirou, queria estar sozinha neste momento, mas lhe veio a mente que precisava espairecer, a garota saiu do carro e de imediato sentiu seu corpo queimar como se sua pele fosse um churrasquinho assando a fogo lento; até mesmo o ar lhe afetava a respiração. Viu a aglomeração de jovens que caminhavam em direção ao portão da escola, o barulho de suas vozes nunca estive tão alto. Logo se sentiu nauseada, algo de errado estava acontecendo com ela desde que conheceu Derek naquele fatídico dia na floresta.

— E aí... Como eles são?

— Eles? — Alina perguntou perdida.

— É, os irmãos Campbell? Fiquei sabendo que são dois homens e uma mulher — comentou. — Você disse que conheceu eles...

— Não disse isso.

— Disse sim! — a encarrou por um tempo. — No carro. Disse que já sabia quem eram eles...

— Não, eu conheci só dois deles.

Marina gargalhou.

— Já é alguma coisa Lina! Preciso conhecê-los também... Ouvi falar que um dos homens é lindo de morrer.

Alina respirou fundo.

— Mari, me prometa que vai ficar longe deles — pediu.

— Claro que não! Por que eu faria isso?!

— Porque eles não são o que parecem ser...

— E o que eles são?!

A garota nada disse.

Marina se virou olhando em volta:

— Nossa; olha só a roupa da Dora... É do ano passado! Além de louca ainda se veste mal.

— Mari? Já chega.

— Nossa, você está um porre hoje. Continuaremos nossa conversa sobre os Campbell depois — caminhou até o corredor do outro lado.

Alina a seguiu com os olhos sem nada dizer, se sentia fraca. Da onde estava viu o diretor Martinez caminhar em sua direção esboçando um sorriso cheio de dentes.

— Senhorita Donovan, o sinal já tocou — ele falou sério. — Deveria estar na sala de aula.

— Já estava indo pra lá.

— Sim, sim. Mas antes de ir, gostaria de saber como está sua belíssima mãe...

Ele se aproximou, tocando-a no braço, o que deixou a garota alvoroçada, nervosa. Inconscientemente Alina o empurrou com uma força prodigiosa, e se espantou com tal ato, o homem por pouco não caiu no chão.

— Meu Deus — sussurrou.

— Não se preocupe...

— Eu sinto muito — falou envergonhada. — O senhor está bem?

— Você por acaso pratica defesa pessoal?

— O quê?!

Ele se afastou.

— Tem uma força incrível. Quero dizer, para uma jovem garota — comentou. —  Vá pra sua sala.

Alina corou.

Durante a aula só conseguira pensar no sangue escorrendo no pescoço do caçador. O cheiro ainda era palpável e só de pensar fazia seus pelos se eriçarem. Logo o sinal tocou; no corredor a multidão começou a lhe incomodar novamente. A zoada perfurava seus ouvidos como furadeira, inflamando-os. Ela levou a mão na testa sentindo sua cabeça rodar e temeu desmaiar ali mesmo, desesperada entrou na primeira porta que avistou tentando fugir de tudo.

— Ei!

Alina olhou para o lado, avistando Jonathan.

— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou na defensiva.

Ele arqueou as grossas sobrancelha.

— Eu que deveria estar fazendo essa pergunta — retrucou rapidamente —, aqui é o vestiário masculino.

Ela corou, dando-se conta do quanto estava perdida.

— Pensei que não tivesse ninguém aqui agora. Só precisava de um tempo sozinha...

— Você está bem? — perguntou se aproximando.

Tudo que Alina ouvirá era o coração de Jonathan bater ruidoso em seus ouvidos.

— Por favor... Pare com isso.

— Com isso o quê?

— Por favor...

— Alina, você não me parece muito bem. Vou chamar alguém...

— Não — ela pediu aflita, segurando-o pelo braço direito.

Seus olhos pousaram rapidamente no pescoço de Jonathan, onde uma veia pulsava na pele branca dele. Se afastou perturbada, neste momento lembrou de Derek, questionando-a sobre seu verdadeiro eu. "O que você é?" — ela ouviu a voz dele em seu íntimo.

O relógio de pulso estava a fazer tique-taque. Perguntas se formavam em sua mente, todas sem respostas.

O que finalmente ela era? No que estava se tornando?

— Alina? — chamou, claramente preocupado. — Ei, fala comigo...

Ela o fitou distante. Tinha que se afastar dele, de todos. Precisava urgentemente sair dali — o quanto antes — precisava principalmente de respostas e só conseguia pensar em um lugar para onde deveria ir. Então primeiro se afastou devagar como um bicho acuado, depois correu para fora o mais rápido que pode e quando se deu conta já sentia suas pernas começarem a doer, queimando de dentro pra fora, porém não podia parar. Respirou fundo e prosseguiu, só existia uma pessoa com quem poderia conversar e ela iria até ele.

DarkBlood - Herdeira Sanguínea | Livro IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora