Desatando Nós

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— Podemos vê-la?

— Infelizmente não, ela está descansando, o efeito vai demorar um pouco ainda, mas ela está bem, e o bebê também não corre risco, ela ficará sobre nossa observação durante um tempo, como já havíamos tratado, mas fiquem tranquilos que ela passará bem. Liguem sempre que quiserem vê-la, só preciso que assine alguns papéis para a internação, tudo bem?

— Claro. — peguei sua caneta emprestada assinando meu nome no rodapé das folhas que ela me apresentava.

Os pais de Sophia também teriam que assinar, então tratei de avisá-los antes que saísse da clínica.

Lizz me abraçou.

— Espero que eles fiquem bem. —Ela me disse com um olhar preocupado.

— Vão ficar. — afirmei. — Preciso comunicar aos pais dela sobre o que aconteceu. — Tirei o celular do bolso. — Espere aqui, vou ali fora telefonar e já venho te encontrar para irmos para a casa, está bem?

Ela balançou a cabeça e eu lhe beijei suavemente.


Sophia

Sentia uma dor latejante em minha cabeça, minha visão se alternava entre a luz e a escuridão enquanto eu tentava abrir os olhos lentamente, minha pupila demorou a se acostumar com o tom claro, onde eu estava? O que havia acontecido?

Senti uma pontada forte em minha cabeça e depois de um sufoco gritei de dor.

Ainda com a visão com pouco embaçada, mas já conseguindo avaliar o local, enxerguei uma mulher de branco parada ao meu lado me observando. As luzes florescentes da sala irritavam os meus olhos, eu estava deitada em uma cama, tudo ali era branco demais desde os lençóis até as paredes, no teto uma claraboia que deixava um pouco da luz do sol e o ar entrar, mas quase tudo era cercado com grades, ao lado da cama havia alguns aparelhos hospitalares.

— Onde eu estou? — Ofeguei e virei-me para a mulher.

— Senhorita Sophia, você está em uma clínica, vai receber tratamento durante um tempo até que melhore, não se preocupe. — Ela tentava manter a voz serena.

— Clínica? — Eu tentei levantar meus braços enquanto falava, mas não consegui, eles estavam presos por uma espécie de cinto ao lado da cama. — Solte meus braços! Eu vou embora daqui!

— Não posso, não agora. — Ela me encarou com a mesma serenidade que já me irritava. — Não será sempre assim, apenas preciso que se mantenha calma enquanto estiver em observação.

— Eu estou grávida. Grávida! — Destaquei a palavra ao dizê-la pela segunda vez. — Não podem me manter aqui! — Sacudi os braços tentando me soltar dos cintos, mas foi em vão.

Minha cabeça agora pulsava, eu enxergava com mais clareza, olhei o nome do local no uniforme da mulher que ainda me observava sem se mexer, acima do seu nome bordado no jaleco havia o nome de uma clínica psiquiátrica.

Clínica psiquiátrica? Você não é louca, Sophia! Precisa sair daqui. Precisa sair daqui. Você não é louca. Precisa sair daqui.

As mesmas vozes em minha cabeça voltaram a sussurrar, eu concordava ao ouvir as palavras em minha mente e fazia força para tentar me soltar.

— Me tirem daqui! — Eu dei um grito logo e fino, a enfermeira me encarou com os olhos arregalados, continuei os gritos aumentando o tom e debatendo-me na cama, eu ainda estava presa, e não sabia por quanto tempo.

Você é fraca, Sophia. Vai ficar presa aqui para sempre.

A voz sussurrou em minha mente e eu lhe dei uma resposta imediata.

Céu Noturno (Finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora