Desatando Nós

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Christopher

Num impulso coloquei os braços embaixo de seu corpo e peguei-a no colo, descendo as escadas com cuidado, mas ligeiramente. Lizz vendo a cena arregalou os olhos e veio em minha direção.

— O que aconteceu?

— Eu não sei, ela não acorda. — Respondi indo em direção à porta. — Abra a porta, por favor, Lizz. — E assim ela fez. — Pegue nossas coisas e venha para o carro.

— Aonde vai levá-la? — Ela perguntou já atrás de mim segurando as chaves e as bolsas.

— Vou levá-la para a clínica, para o centro médico de lá. — Lizz abriu a porta traseira do carro e eu ajeitei seu corpo deitando Sophia no banco.

— Ela está morta? — Lizz perguntou sem entender completamente o que estava acontecendo.

Hesitei. Peguei no pulso de Sophia, a pulsação estava devagar, mas ainda estava lá, havia uma chance então.

— Não, mas temos que correr se quisermos salvá-la. — Ela concordou e entrou no banco do passageiro, virei a chaves e acelerei, seguimos de volta ao centro de New York na metade do tempo em que viemos para Manhattan.

Estacionei em frente à clínica, eu já sabia o endereço, passava por lá quando ia para a empresa, Lizz desceu e me ajudou a retirar Sophia do carro, ainda desacordada. Corri para portaria, uma enfermeira veio ao nosso encontro em passos rápidos.

— Precisam levá-la ao centro médico, eu falei com vocês há alguns minutos por telefone. — A senhora era de estatura baixa, magra, de cabelo louro preso num coque com um laço branco, um batom suave nos lábios, algumas rugas em volta dos olhos, imaginei que deveria significar alguns anos de experiência, eu esperava que isso ajudasse a salvar Sophia e o bebê.

— Qual é o nome dela? — Seus olhos estavam calmos, mas demonstravam atenção.

— Sophia. Sophia Locke.

Ela colocou uma prancheta em cima do sofá branco na sala de espera e deu sinal para outros dois enfermeiros, morenos e robustos que traziam uma maca. Os ajudei a colocá-la ali, e assim eles seguiram para encontrar o médico, não pude acompanhar, e por ali fiquei. Sentado e segurando a mão de Lizz enquanto esperávamos, duas vidas corriam risco.

Alguns minutos se passaram e a mesma enfermeira cruzou a grande porta de vidro, vindo em nossa direção.

— Como ela está? — Ela tirou a touca de algodão que usava na cabeça e respirou fundo.

— Fizemos os socorros, e um raio-X, a paciente teve uma intoxicação de remédios, sabem alguma coisa sobre o ocorrido?

Lizz me encarou e deu sinal para que eu contasse o que havia acontecido.

— Ela tentou se matar, cheguei a tempo e fiz ela vomitar o que havia ingerido, depois recolhi todos os comprimidos e frascos de remédios que ela havia pegado. — Suspirei passando a mão na testa e limpando gotas de suor.

— Parece que ela tinha alguns reservas então, mas ela está grávida, isso não é comum, sabe o motivo de ela ter feito isso? — Sua expressão revelava que ela já sabia a resposta. Meus pensamentos se confirmaram, quando ela fixou o olhar em minha mão entrelaçada com a de Lizz.

— Não. — abaixei o olhar e neguei com a cabeça. — Não faço ideia, ela vem tendo um comportamento estranho de uns dias para cá.

A enfermeira mordeu o lábio e fez algumas anotações em sua prancheta.

Céu Noturno (Finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora