Capítulo 8 - Perigo na Masmorra

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Flora tentou se debater e escapar, mas já estava com as mãos amarradas, e sua força não se comparava à dos guardas. Assim, enquanto gritava, foi arrastada pelos corredores do castelo e escada abaixo, até as masmorras subterrâneas. Lá, o ambiente era escuro e o ar, fétido e pesado. Teve uma terrível sensação de claustrofobia, que se intensificava à medida que adentravam o calabouço mais profundamente.

Estacaram de repente, e um guarda destrancou e abriu a grossa porta de madeira de uma das celas. Lá de dentro, alguém tentou escapar, mas foi logo repelido por um segundo guarda, que lhe acertou um chute no peito. Em seguida, atiraram Flora para dentro e fecharam a porta às suas costas. Ela ainda se levantou e gritou pela grade da porta, mas ninguém respondeu. Foram todos embora, deixando-a ali, presa no escuro.

- Flora! Pensei que fossem aprisioná-la longe de mim! - Flora teve um sobressalto ao perceber que dividia a cela com Dimitri Fahd.

- Oh, Dimitri! - Ela se adiantou para perto dele. Dimitri estava sentado no chão imundo, e Flora se ajoelhou a seu lado e pousou a cabeça no peito dele. Teriam se abraçado, não estivessem ambos com as mãos atadas nas costas. - Eu não tenho magia, Dimitri! Talvez eu não seja a princesa, afinal...

- Não diga tolices. Olhe para mim. Você é a herdeira de Hynneldor, eu poderia reconhecê-la de olhos vendados!

Flora olhou para Dimitri, e tudo o que viu na escuridão foi a sugestão do contorno de seu rosto. Mas ela sabia que ele estava olhando diretamente para seu par de olhos azuis, e que a reconhecia como princesa até nas condições precárias em que se encontravam.

- Eu sou um príncipe de Datillion, o reino regido pela estrela de Thermirn. Mas eu não posso usar minha magia. Não. Thermirn é o Deus da Vida e da Morte. Ele define o equilíbrio entre todas as coisas, e há muito tempo minha balança pende para um único lado... Flora, você é igual a mim. A sua magia só vai brotar quando você estiver em sintonia com Zyria.

- Mas a cidade vai cair essa noite!

- Eu sei. Não se preocupe, eu conheço as passagens secretas desse castelo. Vou tirar você daqui. Vamos fugir disso tudo, vamos para Datillion! Lá, posso protegê-la.

Ela se afastou dele, incrédula.

- Fugir? Você não entende? A cidade será destruída! Precisamos fazer alguma coisa!

- Você ainda tem a adaga que te dei?

Flora ficou boquiaberta ao perceber que ainda a trazia presa à perna, sob o vestido que Malve lhe emprestara. Enquanto ela se ocupava de lutar contra o vestido para alcançar a adaga, uma estranha agitação vinda do corredor da masmorra chamou a atenção de Dimitri. Ele se levantou e encostou o rosto nas grades de uma pequena abertura da porta, na tentativa de descobrir o que se passava lá fora.

Os ruídos logo se transformaram em gritos, e Dimitri sabia que, seja lá o que estivesse acontecendo, não era bom. Flora finalmente conseguiu sacar a adaga e começou a cortar a grossa corda que o prendia, e os dois puderam ouvir o som de muitos passos apressados, que se aproximavam.

- Corte mais rápido! - Disse ele.

- Estou tentando... - Flora respondeu. Por mais que colocasse toda a sua força na tarefa, as fibras da corda eram rompidas lentamente.

Então vieram os sons das espadas. Metal se chocando contra metal e também contra as rochas das paredes, numa batalha em espaço apertado. Os muitos passos se aproximavam deixando para trás um único som abafado: o grito aterrador da morte.

A Rainha da Primavera - 2ª EdiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora