— Ela quase me matou, disse que eu nunca mais sairia com a menina porque toda vez que a gente se encontra ela vem com alguma coisa nova. — Ele ria enquanto tomava um Chopp. —

— Você mesmo disse que a comunidade está melhor, acho que não há problema algum... — Ela disse provando do risoto bem feito que pedira. —

Ele deixou a seriedade transparecer, mas balançou a cabeça afirmativamente.

— Está bem melhor do que era, mas ainda não está totalmente segura, não seja ingênua. — Ele a advertiu. —

Ela assentiu.

— Tem coragem de ir comigo lá agora? — Ela o desafiou. —

Parecia loucura, mas na realidade ele era louco mesmo.

— Mas é claro. — Matheus riu e sem deixar que ela terminasse, ele pediu a conta e a puxou pelo braço em direção ao ponto de táxi em frente ao bistrô. Responsável como era, decidiu deixar o carro em casa quando teve a intenção de beber. O trajeto não durou trinta minutos e em cerca de pouco tempo, Matheus estava conversando com alguns amigos da polícia militar que começaram a fazer a segurança do local. O primeiro erro do superior de Matheus. Enquanto subiam a favela, eles riam e contavam amenidades sobre a vida. A noite estava gostosa de se andar, falar besteiras e viver a vida.

— E aí, você é tão perigosa quanto eu? — Ele fez uma cara engraçada e ela riu abertamente. —

Ele sorriu e passou a mão sobre os cabelos da menina, notando só agora o tom escuro de louro que ela tinha e do quão branca era. Não foi à toa que a confundiu com uma estrangeira.

Ela deu de ombros e olhou para o céu.

— Eu faço o que eu quiser, quando eu quiser. —

O silêncio se fez presente, mas Eliana decidiu cortá-lo.

— Meus pais não estão falando comigo sabia? — Ela perguntou enquanto procurava na bolsa algum objeto importante. —

— E por que não? — Matheus a respondeu com outra pergunta. —

— Porque eu decidi ser voluntária nas favelas ao invés de trabalhar em uma companhia do Theatro Municipal. Mas acho que uma hora isso passa. — Eliana sorriu sem graça e deu de ombros. —

— Pois então eu também não vou falar com seus pais. — O policial brincou. —

Ela riu mais uma vez. O mundo parou para os dois, mas uma chuva torrencial os fez acordarem e Eliana gritou com o susto da água gelada batendo em seus ombros. Matheus tentou protege-la mas só conseguiu molhá-la ainda mais com o casaco pesado que já se mostrava encharcado.

Rapidamente a bailarina pegou um molho pesado de chaves e correu mais para dentro da comunidade. Matheus a seguiu sem saber para onde estavam indo, mas ao dar de cara com o casarão da associação, ele sorriu com o entendimento. Garota esperta, pensou.

Ela abriu a porta com as chaves e entrou às pressas no ambiente.

Matheus começou a sacudir os cabelos para tirar o excesso de água e tirou o casaco, jogando-o em uma cadeira qualquer. Eliana ligou as luzes e começou a tirar a blusa, ela sabia que havia deixado uma roupa reserva por ali. Matheus não pode deixar de olhar, ele também tirou a blusa por reflexo, mas Eliana não percebeu. Ela entrou em um pequeno quarto e saiu de lá com um short colado ao corpo, parecia ser para exercícios, e uma blusa larga, aparentemente sem sutiã.

Dança Perigosa - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now