Pedra da Gávea

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Tudo parecia perfeito, o dia da Pedra da Gávea não saía da cabeça do policial, principalmente pelo fato de que ele não tinha um dia tranquilo assim há muito tempo e por isso acreditava que ela merecia ser canonizada. Uma menina realmente interessante. Em seu segundo dia de folga, Matheus foi almoçar na casa de seus pais. Sua mãe havia viajado em um cruzeiro de artesanatos e seu pai sentia-se mais sozinho que nunca.

— Meu filho, eu sei o quanto você e sua mãe brigaram nesses últimos dois anos, mas eu quero que saiba que eu tenho orgulho do homem que você se tornou. — Comentou ele olhando para o teto feito de madeira corrida. —

Matheus não soube bem o que falar, afinal, apesar do pai ter completa razão, ele os amava com todas as forças. Simplesmente largou o garfo cheio do macarrão mal feito de seu pai e o abraçou com toda a força.

— Eu sei disso meu velho. — Ele nunca admitiria, mas a fungada que deu no ombro do seu pai foi de emoção. —

A tarde foi ainda melhor, Matheus levou sua sobrinha Natália, filha de Felipe, para passear na praia. A menina de apenas oito anos nunca se sentiu tão feliz apenas por colocar os pés na água. Ele ria enquanto jogava água do baldinho rosa que a mãe da menina havia emprestado, em cima de seus cabelos negros e lisos. Ela era linda, tinha um sorriso que deixava qualquer um babando.

O sol estava forte e bonito apesar de passar das quatro da tarde, típico do verão carioca. Matheus, bastante protetor do jeito que era, tirou a menina da água e a levou para um quiosque, a fim de dar lhe uma água de coco.

Enquanto pagava a água, sentiu alguém passando a mão em seu cabelo. Apesar de amigável, ele nunca dera confiança para ninguém fazer aquele tipo de brincadeira. Sentiu-se invadido. Ele virou-se pronto para dar uma bronca, mas abriu um sorriso quando viu que na verdade tratava se de Eliana, com os cabelos molhados e o rosto levemente corado pela recente exposição ao sol e um menino do lado.

— Policial também vai à praia? — Brincou ela. —

— Policial também é gente. — Ele entrou na brincadeira. —

Ela sorriu e balançou a cabeça negativamente.

— Aliás, esse é o meu irmão Gabriel, apenas 12 anos, mas é um menino lindo! — Ela disse apertando lhe a bochecha, recebendo alguns resmungos da criança. —

Gabriel era um menino reservado, tinha um olhar bem mais madura, mas acabou fazendo uma deliciosa amizade com o policial. Isto significa que Matheus e Gabriel viraram amigos em poucos minutos, os dois jogaram bola, nadaram e conversaram pelo resto da tarde, enquanto Natália e Eliana brincaram de castelo de areia como nunca.
Quando passava das seis da tarde, os quatro foram em direção ao calçadão, para irem embora. Natália adotou a bailarina como tia e convenceu Matheus a conversar com sua mãe para que a mesma fizesse balé na Rocinha.

— Sua mãe nunca vai deixar Nat! — Ele disse rindo do bico que a menina fez. —

— Só tente titio! — Ela disse manhosa. —

Ele suspirou e murmurou um "obrigado" mal criado para a Eliana, que não conseguia parar de rir.

— Vai fazer alguma coisa mais tarde? Queria te levar pra jantar. — O convite foi feito perto do carro do policial, com Natália dormindo tranquilamente no colo dele. Apesar de já estar bem pesada. —

— Bom, me busque às nove e a gente come alguma coisa perto de casa. — Eliana aceitou de imediato. —

Então, duas horas mais tarde, os dois estavam em um bistrô em Copacabana, rindo de como Matheus não conseguiu convencer a esposa de seu amigo a deixar Natália fazer aulas de balé em uma comunidade.

Dança Perigosa - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora