Capitulo 3-Luísa - lembranças- Degustação.

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Boa tarde amorecos!! Enfim cheguei... espero que gostem.... beijokas...

"...Me perco no tempo, só pensando em seu rosto...Você é o único que eu quero...Eu não sei porque estou com medo...Eu já estive aqui antes...cada sentimento.... cada palavra...Você nunca saberá..."     


Adele- One and Only.    


            Muitas pessoas ou posso até afirmar que a grande maioria não gostam de mudanças. Eu particularmente não gosto da mesmice. Gosto de mudanças e elas são sempre bem vindas, mesmo que muitas vezes os motivos para que elas aconteçam sejam fugas.

Confesso que, apesar das coisas novas acontecendo na minha vida, sinto que sempre falta algo. O buraco que se formou em meu peito é enorme. Nunca fui de abaixar a cabeça para situações ruins, porém me vejo em um deserto, sob o sol escaldante queimando tudo que há em mim.

Não imaginei que ficar sem Rafael fosse me deixar a ponto de querer abandonar tudo isso e voltar correndo para o Brasil. A lembrança de seu olhar desistindo de tudo é o que me dá forças para permanecer neste lugar, onde coisas novas tem acontecido para talvez, quem sabe, me alegrar um pouco.

O barulho do vai e volta do pano de chão já não me incomoda mais. Outro dia vai se findando e o que fica é só a certeza de que mais uma noite eu voltarei para a solidão da minha casa.

Olho para o café limpo e me orgulho da nova Luísa que agora trabalha e se torna um pouco mais digna. Seu Arthur permanece concentrado em seu fechamento do caixa e eu me esforço e arrasto um saco enorme de lixo. Empurro a porta dos fundos e o tempo gelado invade minhas narinas. Neste momento elas são o único lugar descoberto do meu corpo.

Arrasto o saco pelo chão escorregadio pedindo a Deus para que ele não rasgue. Observo a noite e, por causa da beleza desta época do ano, percebo que não há nada que me encante mais. A neve por si só dispensa qualquer elogio e as luzes do natal são encantadoras. Mesmo que muito disso seja apenas para nos levar a consumir, é algo mágico e não deixa de ser uma época que nos deixa nostálgicos refletindo no que fizemos e deixamos de fazer.

Sorrio ao lembrar-me dos natais em minha casa, sempre com a mesa bem farta e muitos presentes. Ainda consigo sentir o cheiro da leitoa assando e do bacon para a farofa fritando. Meu coração se aperta ao lembrar que Rafael sempre passou o natal em nossa casa. Desde quando perdeu sua mãe e irmã naquele terrível acidente, nós passamos a ser, de fato, sua única família.

O último natal que passamos juntos foi especial. Eu já tinha certeza de que Rafael não era imune a mim. Eu reconhecia seu olhar e garanto que não era como um irmão olha para uma irmã. Mesmo com toda tentativa dele de querer parecer meu irmão eu sabia muito bem o que aqueles olhos castanhos intensos me diziam.

Tudo o que eu fazia com ele era muito bom, mas aquele dia me senti muito especial. Nós todos sempre montamos a árvore de natal juntos, mas naquele ano, a responsabilidade recaiu sobre Rafael e eu, pois minha mãe tinha vários compromissos para a ceia e Daniel estava na correria para dar conta de tudo a tempo.

A cara de desespero de Rafael ao perceber a possibilidade de ficar sozinho comigo era impagável. Para mim era mais uma chance de chamar sua atenção.

Tinha comprado vários enfeites novos e a ordem era que ele me entregasse e eu os colocasse porque, segundo ele, não tinha nenhuma coisa que eu fizesse melhor que decorar uma árvore de Natal!

Sempre - DEGUSTAÇÃO.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora