02. Hannah Jenkins: Uma Psicóloga Nada Normal

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"Quando um homem bonito de terno que se ocupa segurando uma maleta aparecer em sua porta, trate de ajustar a postura, estufar os seios, apoiar o braço no batente e jogar todo o seu charme para cima dele. "

Hannah conseguia escutar a voz de Christine perfeitamente por dentro de sua cabeça.

Fora exatamente como ela previu, no entanto.

Mas não era bem dessa forma que ela se comportaria em frente aos seus chefes, justamente no primeiro emprego após sua formação.

Seu primeiro dia de trabalho era algo memorável e deveria ocorrer nos conformes, da forma como lhe fora designado quando o presidente da concessionária, Clifford Heather, a contratou. Após se formar em Psicologia por uma das universidades mais conceituadas do estado de Washington, decidiu que era preciso deixar para trás tudo o que gostava e apreciava, principalmente seus momentos de loucura com amigos ou até mesmo sozinha. Depois de anos afundada em seus livros de estudo e formação, faria com que tudo dali em diante valesse a pena.

Achou que custaria a arranjar um emprego logo após sua formação e, realmente, tinha razão. Os hospitais e clínicas que sonhava em trabalhar exigiam, pelo menos, uma experiência mais avançada na área, a qual ela, por enquanto, não obtinha. Sua saga best-seller de "O Mórbido Desemprego de Hannah Jenkins" — era assim que ela ria de sua desgraça — perdurou por quase dois meses quando, ressurgida em um cavalo branco voando pelo céu, apareceu Christine Stanford, sua melhor amiga de infância, trazendo consigo a solução que ela precisava para sair da fossa.

— Trate de arrumar essa cara de derrota e vista a melhor roupa que você tiver. — ordenou para uma Hannah afundada no sofá da sala de seu apartamento às alturas do céu de Washington. — Meu chefe está quase tendo um filho pela ansiedade de contratar uma psicóloga.

Hannah franziu o cenho fortemente, levantou-se de imediato e encarou Christine com os olhos semicerrados.

— O quê? — perguntou, confusa. — Mas...

— Também achei estranho, é claro. É uma concessionária, não é mesmo? — Christine deu de ombros. — A não ser que Clifford esteja querendo transformar aquilo em uma clínica de automóveis, mas só estou sabendo do mínimo. Ele quer uma psicóloga e indiquei você. — ela sorriu alegremente. — Sua entrevista está marcada para... — ela consultou um calendário do outro lado da sala de Hannah. — Amanhã às oito da manhã.

— Amanhã, Christine? — a moça perguntou abruptamente e caminhou para o outro lado da sala, que levava ao corredor dos quartos. Ouviu os passos de Christine segui-la no mesmo segundo. — Eu precisava de, pelo menos, um dia de antecedência para arrumar a papelada da faculdade, as indicações dos professores e tudo o mais. Tenho menos de nove horas para arrumar minha vida até comparecer nessa entrevista.

— Eu sou um fantasma ou o quê? — Christine perguntou, ofendida. — Estou aqui, a uma hora da manhã, para lhe ajudar a arrumar tudo, é lógico! Quero você trabalhando comigo nessa vida, meu amor.

Hannah largou uma boa parte de roupas em cima de sua cama e observou a amiga com um olhar esperançoso. Deixou que seus olhos claros fitassem o quarto com demasiado interesse enquanto pensava na possibilidade de trabalhar na grande concessionária de Clifford Heather ao lado de Christine, atuando na área em que estudou anos para se formar. Seria seu sonho?

— Se você estiver me pregando uma, eu te arrebento. — ela apontou o dedo para Christine e a moça ergueu as mãos na altura do ombro em resposta.

— Não perca seu tempo, que já está bem curto por sinal. Clifford odeia atrasos. — ela deu um sorriso safado. — Mas adora um decote. — piscou e Hannah rolou os olhos, afundando o passo no piso enquanto buscava sua pasta abarrotada de documentos da faculdade e tudo o que precisava para mostrar ao homem no dia seguinte.

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