Capítulo 3 - Marina

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Bom dia, Wattpaders!!!

Desculpa o atraso. Estou doente e ontem foi impossível postar, mas aí está o próximo capítulo! Porque será que Marina quer correr do Daniel?!

Beijos!

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― Espera, Marina! Eu não aguento mais correr com esses saltos. Já estamos bem longe da festa, e eu não dou mais um passo até que você me diga o que está acontecendo. ― Clara toma fôlego e começa a contar suas perguntas nos dedos. ― Por que a gente está fugindo do seu irmão? Por que você não tinha ideia de que ele estaria no Rio? E o mais importante: por que ele tem um loft maneiríssimo em COPACABANA enquanto você mora num muquifo na Urca? Nada contra a Urca, afinal, também moro lá, mas a casa é um muquifo.

― Ele não é meu irmão. ― Respondi em baixo tom.

― Então quem é ele, pelo amor de Deus?! Além de ser o cara mais gato da faculdade, é claro!

Entre lágrimas, respondi.

― É o cara que roubou tudo de mim!

Eu estou mentindo, não acredito que Daniel seja o responsável por todas as desgraças da minha vida. Ele apenas representa tudo o que eu perdi, mas EU sou a maior culpada. Matei a minha mãe por ser mimada e inconsequente. E afastei o meu pai, que por saber o que eu era, preferiu o garoto quieto e que amava futebol como ele. Minha mãe morreu, meu pai me deu as costas e Daniel mentiu para mim, quando disse que nunca me abandonaria.

Na manhã seguinte ao acidente, fui acordada pela empregada da casa do meu pai, que não me deixou acordar o Daniel. Nós estávamos na mesma posição da noite passada. Ele parecia desconfortável, mas não mexeu um milímetro sequer durante a noite. Eu estava arrasada, e a única coisa que me mantinha consciente era a certeza de que não estaria só.

Depois do banho, já na sala, encontrei meu pai e sua mulher me esperando. Ele segurava uma pequena mala e estendia a mão para mim. Antes que eu pudesse alcançá-la, Valdirene me abraçou e me deu seus pêsames. Minha única reação foi uma pergunta.

― Você não vem? E o Daniel? Ele disse que estaria comigo.

― Nós não podemos, querida. Dani tem um compromisso que não pode perder.

Não me pareceu motivo suficiente para que eles não me acompanhassem, mas eu não podia esperar muito dela. Nunca nos entendemos, talvez ela não fosse capaz de deixar nossa diferença para trás. Contentei-me com a esperança de reencontrar Daniel quando voltasse a São Paulo.

O enterro foi incrivelmente doloroso e a presença do meu pai não foi consolo suficiente. Não houve palavras de carinho nem apoio de sua parte, apenas o peso de sua mão no meu ombro, sempre que se aproximava de mim. Apesar do grande número de pessoas, coroas de flores e homenagens, eu estava sozinha. Não tenho avós, tios ou primos. Éramos só eu e ela, depois que papai nos deixou. E a partir daquele dia, seria só eu. Eu e Daniel. Agarrava-me a esse fato com tudo o que tinha.

Até a noite anterior, Daniel quase nunca havia falado comigo. Quando seus amigos estavam por perto, eles se trancavam no seu quarto ou ficavam na área de lazer do condomínio. Alguns deles haviam tentado falar comigo ou me chamar para jogar com eles, mas Daniel nunca permitiu. Sempre achei que ele me odiasse, mas mesmo assim, acreditei nele.

Depois do enterro, fomos até minha casa para buscar as malas prontas com algumas de minhas roupas. Não escolhi nada, nem teria condição para isso. A única coisa importante, que eu fazia questão de carregar comigo, era a foto sobre minha mesa de cabeceira. Nela, eu e mamãe estávamos de perfil. Seus lábios tocavam a ponta do meu nariz, enquanto eu a olhava com admiração infinita. Eu havia sido apaixonada pelo meu pai e cega para o que ele era de verdade, mas com mamãe era diferente, eu via tudo o que minha ela realmente era: uma mulher linda, humana e que me amava mais que tudo. Ela era tudo o que eu sempre sonhei ser.

Contei tudo a Clara, exceto o fato de me sentir culpada pela morte da minha mãe. Ela ouviu sem emitir um único ruído. Eu não imaginei que isso seria possível.

― Poxa, Marina! Que barra você teve que enfrentar, sinto muito. Eu não sei o que faria se estivesse no seu lugar. ― Ela se aproximou e envolveu um dos braços sobre os meus ombros. ― Olha, entendo que o Daniel te lembre da vida que seu pai resolveu seguir, mas ele prometeu ficar ao seu lado, como o irmão que você nunca teve. Essa foi a coisa mais fofa que já vi um cara fazer, não vejo porque você tem tanta raiva dele.

"Eu não tenho raiva do Daniel, eu fui magoada por ele e quero esquecer o meu passado. Para isso, preciso dele longe!"

― A história ainda não acabou... ― Paramos em um barzinho. Eu pedi uma água e Clara, uma cerveja.

Depois que saímos da minha antiga casa, enquanto voltávamos para São Paulo, conversar com Daniel era a única coisa na qual eu conseguia pensar. Todo o resto da minha vida era doloroso demais. Ao chegar, fui direto para o seu quarto. Bati na porta algumas vezes e nada, então, resolvi abrir. Eu não conhecia o seu quarto, nunca havia entrado lá. A cama, a TV, sua bancada de estudos, tudo estava ali, mas ainda assim, senti que faltava algo que eu não sabia explicar.

Ouvi a voz de Valdirene.

― Querida! Vocês já chegaram? Como foi? Ah, que pergunta estúpida! É claro que foi terrível. Mas não se preocupe, seu pai e eu temos planos incríveis para você e logo você vai esquecer tudo isso.

"Deus! Como eu poderia esquecer a morte da minha mãe?!"

― Cadê o Daniel? ― perguntei.

― Oh! Ele não te contou? Vocês conversaram tanto, pensei que você soubesse.

― Soubesse do quê?

― Dani foi para os Estados Unidos, meu amor! Estudar inglês e, quem sabe, até fazer a faculdade de Publicidade que ele tanto quer. Isso não é maravilhoso? ― Ela foi até o closet e lá vi que metade das roupas de Daniel haviam sumido.

Voltei rapidamente ao quarto e percebi enfim o que faltava, o seu violão não estava lá. E ele não iria a lugar algum sem o violão.

― Não precisa ficar triste, porque no final da semana você irá para a Suíça, terminar seus estudos num luxuoso colégio interno! Que so-nho!

E pela segunda vez em menos de vinte e quatro horas, perdi o chão.

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Meu grupo no facebook é o Escritora Marcela Gómez - Romances

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Vamos bater um papo?! 

ImperfeitosDär berättelser lever. Upptäck nu