Capítulo 4

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Kim abriu os olhos devagar. Sua visão estava turva. Ela encontrava-se deitada de barriga para baixo, com seu rosto pressionado contra o chão frio. Ela levantou-se, aturdida, sem saber onde estava. Ela não conseguia se lembrar da enorme sala branca, totalmente sem móveis em que encontrava-se e também não se lembrava de como chegara até ali.

Kim avistou de longe, um longo tapete vermelho estendido num amplo espelho fixado na parede. Ela achou tal fato estranho, pois não era comum um tapete estar estendido para um espelho e sim para uma porta. Kim dirigiu-se ao espelho, e aproximou-se dele, bem devagar. Ela olhou para aquela superfície polida por alguns instantes, porém para a sua surpresa, sua imagem não refletia nela, era como se ela tivesse perdido sua auto- identidade. Abismada, Kim virou as costas para o espelho, cobriu o rosto com as mãos e pensou consigo mesma.

"Isso só pode ser um sonho. Que lugar é este? O que está havendo comigo? Na verdade, quem sou eu?"

As perguntas rodeavam sua cabeça sem respostas.

Kim voltou a ficar em frente ao espelho. O que a deixava intrigada não era apenas o fato de não ver sua imagem refletida no espelho, mas também por não conseguir lembrar-se de nada, nem dos eventos anteriores e muito menos, lembrar-se de quem mesmo ela é.

Kim, logo reparou numa pequena mancha no canto do espelho. Ela estendeu sua mão devagar para limpá-lo, seus dedos tocaram a superfície espelhada, que para seu espanto, atravessaram espelho dentro, como se ela tivesse mergulhado os mesmos em uma vasilha com água.

-Realmente isto é um sonho - murmurou a si mesma. O medo a dominava, mas ao mesmo tempo, a adrenalina circulava em seu corpo e a sua curiosidade a cutucava incessantemente, sendo que a curiosidade vencia o medo. Dessa vez, suas mãos atravessaram o espelho e lentamente, seu corpo todo estava fora daquela superfície.

Agora, Kim encontrava-se em um túnel estreito, mas não muito comprido. O túnel tinha laterais suaves e esvoaçantes e era bem iluminado, as dimensões do túnel foram diminuindo e um brilho aumentando a medida que Kim caminhava em direção a uma única luz inigualavelmente brilhante. Aquele lugar e aquela luz, levava a uma sensação de paz e de serenidade, além de sentir o seu corpo bastante leve.

A luz no fim do túnel foi clareando mais e mais, ganhando uma intensidade poderosa que ofuscava sua visão. Kim tampou o rosto com o braço esquerdo, para proteger os olhos da luz e tirou o braço do mesmo, quando a luz sumiu. Ela viu que estava novamente em uma sala vazia, mas dessa vez, não havia um espelho fixado em uma parede e sim, um elevador. De repente, o elevador apitou, as portas se abriram e um rapaz saiu de lá. Ele era alto e, embora magro, tinha músculos. Dono de um sorriso cativante, seus olhos eram escuros e seus cabelos eram curtos e castanhos, levemente arrepiados. O rapaz se aproximou de Kim, e disse:

- Olá! Você deve ser a Srta. Russell.

- Quem é você e onde estou?- Indagou confusa.

- Eu sou Cayden Harlow e você está em Elysian, Região Celeste.

- Elysian? Região Celeste?

- É o lugar para onde os humanos vão quando morrem.

- Tenho que admitir que este é o sonho mais louco que estou tendo - disse rindo - É tão surreal e ao mesmo tempo real.

- Isto não é um sonho, Kim. Você está morta - logo o sorriso no rosto dela se apagou e ela ficou séria.

- Eu não estou morta, nada disso é real.

- Não se engane, Kim - disse calmo.

- Tudo isto é apenas um sonho. Uma hora ou outra eu vou acordar e nessa hora, estarei rindo disso tudo - disse ela, claramente não acreditando nele.

- Caia na real, você nunca mais vai "acordar" - disse, fazendo sinal de aspas no ar.

- CALA A BOCA! GAROTO ESTÚPIDO.

Ela virou as costas para Cayden, colocou as mãos na cabeça e murmurou para si mesma:

- Pare de sonhar, Kim! Acorde, abra os olhos, abra os olhos...

- Pare com isso - Pediu Cayden, achando aquela cena ridícula.

- Pare você de por idéias estúpidas e absurdas na minha cabeça - ela disse, apontando o dedo para Cayden.

- Já que não acredita em mim, então ponha a mão no seu peito - ela fez o que ele pediu e pois a mão em seu peito - Está sentindo as batidas do seu coração?

- Eu não sinto meu coração bater - disse assustada, não sentindo seu coração pulsar.

- Viu, você está morta - Neste momento, Kim recuperou sua memória, e as cenas de sua morte, passaram em sua cabeça
como um filme. Ela sentia-se decepcionada e estúpida por se apaixonar por um rapaz cruel e desumano como Richard. E agora, tantos sonhos e objetivos traçados em sua vida, não poderiam ser mais realizados. No final das contas, sua mãe estava certa, aquela festa havia mudado sua vida, mas certamente, não foi para melhor.

- Se ela já está assim desse jeito, imagina quando souber que foi selecionada para ser uma A.G.s -
Susurrou para si mesmo, mas Kim conseguiu ouvir.

- Foi isso mesmo que eu ouvi? Você disse que eu fui selecionada
para ser uma A.G.s? O que significa A.G.s?

- É melhor você falar com o chefe, ele vai responder todas as suas perguntas - Cayden apertou o botão e as portas do elevador se abriram - Vá para o nível 2 - dito isso, ele empurrou Kim para dentro do elevador e a porta se fechou.

O interior do elevador era todo foleado a ouro e havia uma placa informando as sessões. Kim leu a placa e apertou o botão de número 2, que levava para a Sessão de orientação A.G.s.

- Mas que raios significa A.G.s? - indagou a si mesma, tentando descobrir o que aquelas siglas significavam e para o que ela foi selecionada.

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E leiam o livro da @OneLuanete Chama-se "Annie Cullen"

Celeste - Série " Angelicais"Onde histórias criam vida. Descubra agora