Capítulo 1

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      Finalmente o alarme soou, marcando o final da aula. A próxima matéria seria educação Física. A maioria das meninas não participava da aula; ficavam sentadas ao redor da quadra, mexendo em seus celulares ou ficavam sentadas na arquibancada conversando e observando os garotos jogarem.        Já Kim, aproveitaria o grande corredor vazio e silencioso para ler seu livro: O pequeno príncipe.

      Ela sentou-se no chão, encostou-se no armário, colocou a mochila ao seu lado e tirou da mesma seu livro. Aquele era seu livro favorito, provavelmente porque seu pai o lia para ela todas as noites antes de dormir. Ela abriu o livro e começou a lê-lo, logo que terminou de ler o primeiro capítulo, ela virou a página e se deparou com uma fotografia dela quando criança, abraçada a seu pai, aquele foi o último abraço que eles compartilharam.

Ela pegou a foto e sorriu. Ao ver a fotografia, as lembranças de sua infância ao lado do seu pai, vinham aleatoriamente, como se fossem cenas de filmes, sendo reproduzidas em sua mente. Kim beijou a fotografia e a pressionou contra seu peito. O livro e a fotografia eram as únicas lembranças que ela tinha dele.

Kim colocou a fotografia na última página do livro e continuou a ler, mas parou, quando sentiu seu livro ser arrancado de suas mãos por: Tiffany Ross, a garota mais cobiçada do colégio.

- Ei, me devolve! - Kim gritou e tentou tirar seu livro das mãos de Tiffany, mas não conseguiu. Com um movimento rápido e simples, Eileen pegou o braço de Kim e o prendeu atrás das costas, impedindo qualquer movimento. Eileen, era a garota mais alta e forte da escola, por isso, todas as garotas a respeitavam, pois tinham medo de apanhar dela e também porque ela havia sido expulsa da última escola que frequentara por brigas.

- Não precisa ficar nervosa. Eu só quero dar uma olhada! - Tifanny começou a folhear o livro com uma expressão indecifrável no rosto. Logo formou-se uma plateia de alunos curiosos, querendo saber o que estava acontecendo.

- Você já viu. Agora devolve meu livro! - pediu, pela segunda vez.

-Tudo bem, eu te devolvo! Mas antes...- Tiffany começou a arrancar as páginas do livro, de seguida, amassá-las e jogá-las no chão.

-O que você está fazendo? Por favor, pare! - implorou, desesperada. Kim se debateu tentando se soltar, mas Eillen era mais forte.

- Acalma ela, Eileen! - ordenou Tiffany. Eillen assentiu e empurrou Kim para dentro do armário, fechando a porta abruptamente, trancando-a.

- Me tira daqui! - o terror se apossou de Kim. Ela se debateu dentro do armário com todas as suas forças, tentando sair daquele lugar de qualquer jeito.

Quando suas forças se esgotaram, lágrimas escorreram pelo seu rosto. Kim queria impedir que Tiffany, continuasse com aquilo, mas ela não podia fazer nada, estava tão vulnerável naquele espaço apertado e escuro - vendo seu bem mais precioso ser destruído por Tiffany, e se tornando pedaços de papel espalhados pelo chão.

-Porque você fez isso? - Kim perguntou, soluçando.

- Fiz porque odeio esse escritor, odeio esse livro, e principalmente odeio você. - Tiffany respondeu friamente.

- É melhor voltarmos para a sala, antes que o professor apareça. - aconselhou Penny, a outra amiga de Tiffany.

- Tudo bem - fez uma pausa - Vamos garotas! - depois de ter dito isso, Tiffany virou de costas e saiu calmamente, andando em direção à sala, como se estivesse desfilando numa passarela. Logo suas seguidoras foram atrás dela. Depois de alguns minutos todos voltaram para a sala rindo da cara de Kim, deixando-a sozinha dentro do armário.

Sra. Abby, que estava dando aula em outra classe, deixou a sala para ver o que estava acontecendo e o motivo de tanta gritaria. Ela caminhou pelo corredor, assustada com a quantidade de pedaços de papel espalhados por todos os lados. Sra. Abby começou a ouvir um choro vindo do armário e andou lentamente até o mesmo. Com medo, ela girou a chave, destrancando-a. Respirou fundo e abriu a porta, lentamente.

-Mas, mas o que você está fazendo ai dentro, Kim? - a professora levou as mãos à boca, estupefata - Vamos, deixe eu te ajuda-la à sair daí - Sra. Abby estendeu a mão para puxa-la para fora do armário, Kim pegou em sua mão, e a professora a puxou pela braço, tirando-a dali.

-Meu livro! - Kim levou as mãos à cabeça, em um gesto de desespero e agachou-se no chão, chorando enlouquecidamente.Com as mãos trêmulas, tentou juntar as diversas partes das páginas rasgadas, como se fossem pedaços de um quebra- cabeças.

-Quem fez isso? - a professora indagou, preocupada.

-Não posso dizer - respondeu num murmúrio. Kim Tinha receio de que Tiffany e as outras, pudessem fazer algo contra ela, caso as delatasse para a Sra. Abby.

- Não tenha medo Kim. - ela disse num tom de voz calmo - Você precisa me dizer o nome do responsável, para que eu possa tomar uma atitude.

-Me desculpe, mas eu não posso...- Ela pegou rapidamente algumas páginas rasgadas e as colocou em sua mochila, de seguida, pegou a fotografia que estava amassada e colocou no bolso interno do sobretudo, por fim, coloca sua mochila nas costas e sai correndo pelo corredor em direção a porta.

-Volte aqui, Kim! -Sra. Abby deu um grito chamando por Kim, mas foi em vão, Kim saiu porta afora.

❇❇❇

Era cedo da noite, o sol estava se pondo, dando lugar à bela lua, que preenchia o céu ainda avermelhado. Um vento forte sacudia as árvores, anunciando a noite fria que virá. Kim encontrava-se em frente ao enorme cemitério, segurando uma rosa vermelha em sua mão, contra seu peito. Ela fechou os olhos, respirou profundamente e
adentrou pelo grande portão de ferro entreaberto. Caminhou por entre os túmulos, observando as lápides. Ela ficou procurando pelo túmulo de seu pai por alguns minutos, até que finalmente encontrou.

Parada diante do túmulo, Kim agachou-se e depositou a rosa junto a lápide. O vento inquieto balançava seus cabelos negros pelo ar como flâmulas bailando à mercê da brisa. Kim cruzou os braços e os esfregou por um momento, tentando se aquecer ao máximo possível do frio.

-Pai, você me faz tanta falta - ela disse, enquanto seus dedos contornavam as letras gravadas naquela pedra. Logo o vazio dilacerava sua alma em lágrimas de desespero.

- Se o senhor estivesse aqui, talvez tudo seria diferente - murmurou entre soluços e, completou - Eu me sinto tão sozinha e vulnerável nesse mundo de monstros disfarçados de humanos. Porque o senhor me abandonou, papai? - Ela limpou suas lágrimas no moletom do sobretudo e levantou-se para ir embora. Aquele lugar estava lhe fazendo mal e alimentando sua tristeza.

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Celeste - Série " Angelicais"Où les histoires vivent. Découvrez maintenant