01 | contract

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LALISA

Se tem uma coisa que sempre me disseram é que médico bonito só existe em novela. Pois bem, eu provei que novela e vida real podem ser bem parecidas. Conheci Jeon Jungkook numa festa beneficente, ele com aquele jaleco branco e eu fingindo saber o que estava fazendo ali, já que nunca liguei muito pra essas coisas.

Ele sorriu pra mim como se eu fosse um novo caso pra estudar e, confesso, meu coração bateu mais forte. Ele tinha aquele charme de “eu sei que sou gostoso” e, por mais que eu odiasse admitir, eu amei.

— Oi, você está sozinha? — ele perguntou, com aquele sorrisinho de quem já sabe a resposta.
— Depende, você quer pagar meu drink? — respondi.

Foi assim, com essa ousadia toda, que começou o meu relacionamento com o homem mais cobiçado da cidade. Dois meses depois, estávamos casados — e, claro, com a famigerada cláusula: quem trair primeiro paga 100 mil reais e a fazenda em Goiás. Romântico, né?

Espere, você deve estar se questionando: Como assim uma cláusula dessas? Pois é, eu mesma me pergunto isso de vez em quando. Quando conheci Jeon Jungkook, ele parecia um típico aquariano: frio, independente e sempre com aquela cara de quem sabe de tudo. Mas, surpresa! Ele nem é de aquário, é de virgem — e de virgem não tem nada, viu?

Ele me apareceu numa festa beneficente, todo de branco, jaleco impecável, e eu, do outro lado do salão, só conseguia pensar: Esse homem vai me dar problema. E deu mesmo. Só que eu não sou burra. Eu estava apaixonada, sim, mas burra nunca fui. Logo de cara, falei pra ele:

— A gente pode até casar, mas só se tiver uma cláusula: quem trair primeiro paga 100 mil reais e a fazenda em Goiás.

Ele riu, claro, achou que eu estava brincando. E eu? Eu estava séria como quem assina um contrato com o diabo. E, dois anos depois, cá estamos: dois teimosos.

E foi assim que começamos. Dois meses depois, estávamos casados. Loucura? Talvez. Mas tem gente que pula de paraquedas; eu pulei num casamento.

Os primeiros um ano e oito meses foram maravilhosos. A gente ria de tudo, dividia o mesmo copo de sorvete na madrugada, dançava pela casa de cueca e calcinha como se fosse show particular. Ele me olhava como se eu fosse a pessoa mais bonita do mundo — e, modéstia à parte, eu me sentia mesmo.

Mas sabe aquela dúvida que fica cutucando a gente no fundo da mente? Aquele sussurro dizendo: Será que isso é amor de verdade ou só carência bem disfarçada? Pois é. Eu comecei a pensar nisso. A gente brigava por coisa boba, e de repente as brigas não pareciam mais tão bobas assim.

A verdade é que eu não sei se o que a gente teve foi amor de verdade. Foi paixão, com certeza. Uma paixão que fez a gente querer um ao outro desesperadamente — mas amor… Amor mesmo, talvez tenha sido só um erro bem gostoso de cometer.

Atualmente, estou aqui, sentada no chão frio da cozinha com um pote de sorvete de flocos na mão, vestida com o que restou da minha paciência: um roupão rosa e um coque mal feito que parece mais uma coroa de rainha em decadência. Estou irritada. Furiosa, pra ser bem sincera.

Eu e Jungkook? A gente briga todo santo dia. Se ele respira alto, eu já reviro os olhos. Se eu respiro alto, ele já sai batendo porta. Não importa se estamos na cozinha, no quarto ou até no meio da rua — a gente briga. É como se a gente tivesse um contrato invisível que diz: Proibido ficar em paz por mais de cinco minutos.

𝗧𝗿𝗮𝗶𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗣𝗿𝗲𝗺𝗶𝗮𝗱𝗮Where stories live. Discover now