Alguns dias depois.

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Um dia antes da viajem.

Acordei exausta, na noite passada tinha ficado ensaiando a musica, não podia errar em nada. Ai vocês me perguntam "Nina , como você sabe que o Ryle vai estar no pub que você ai tocar?" Simples. É um ritual da galera, todo sábado vamos beber no pub mais esquecido de Londres, e mesmo depois que ele ficou noivo daquela biscate, não quebrou o ritual. Senti meu celular vibrar em baixo do meu travesseiro.

Amiga, eu tô indo ai na sua casa, se arruma que vamos sair!
Xoxo Lexy!

Lexy era a minha parceira em tudo, era só ela que me tirava da fossa que eu ficava as vezes, ela que me animava completamente me fazendo esquecer até que Ryle existe. Por alguns segundos. Eu não sabia o que Lexy ia aprontar hoje comigo, mas eu amo sair com ela. Levantei preguiçosamente e fui jogar uma agua no corpo pra relaxar. Despi-me e entrei embaixo da agua quente. Naturalmente uma pessoa usa a hora do banho pra pensar. Porém, pensar era o que eu menos queria. Quinze minutos depois eu estava no quarto procurando uma roupa confortável. Uma calça legging marrom, com uma botinha de couro preta, uma blusinha apertada longa branca e tirei meu casaco preto do guarda-roupa. Não tinha olhado lá fora ainda então não sabia se estava frio ou não.
Lexy chegou vinte minutos depois, bastante eufórica. Nem me preocupei em abrir a porta, ela nem se preocupou também em bater. Só ela tinha a chave reserva.
- Amiga você tá pronta? Olha, eu espero que na hora que eu entrar nesse quarto você esteja arrumada. Por que se não tiver eu te arrasto pro shopping de pijama mesmo, e se estiver de calcinha quem paga o mico é você! - Lexy andando pela casa e falando comigo e eu ria sozinha no quarto, terminando de pentear meus cabelos.
- Estou pronta amiga, qual é a boa? - perguntei quando ela entrou no quarto. Lexy estava linda. Usava um vestido solto rosa bebê e um salto médio preto. Seu cabelo louro caindo em cascatas até a cintura. Ela sorria pra mim.
- Bom... Objetivo de hoje: te deixar mais linda. - ela riu e frisou bem o "mais". - Amanha, minha flor de lótus, até o dono do pub ficara babando em você.
Eu ri, melhor, gargalhei. Lexy era muito engraçada quando queria.
- Vamos então? O shopping e cabelereiro nos espera. - ela batia palminhas, alegre. Uma das características de Lexy era que ela se empolgava com tudo e se empolgava demais.
Andamos até o carro e ela ia dirigindo, óbvio. Entrei e liguei o radio, mas como o destino gosta de conspirar contra mim, a musica me fez lembrar quem eu menos quero lembrar agora. Quanto mais eu pensava nele, mais eu ficava nervosa pra amanha.

I've got my eye set on you
(Eu tenho meu olhar em você)
My heart is burning red
(Meu coração está queimando vermelho)
All of my words come out wrong
(Todas as minhas palavras saem erradas)
Run circles in my head
(Fazendo círculos em minha cabeça)

You had me and I melted
(Você me tem e eu derreto)
In the palm of your hand
(Na palma da sua mão)
You know it yes I felt it
(Você sabe sim eu sinto)
You'll never understand
(Você nunca entenderá)

Era tudo que eu precisava nesse momento, lembrar como ele nunca iria entender os motivos por eu ama-lo, lembrar que ele nunca iria saber do meu sentimento com as palavras corretas. "Eu te amo" não ia ser dito por mim. Eu não me permitiria dizer depois que ele se casasse.
Lexy me olhou compreensiva e sorriu, ligando o carro e me fazendo esquecer de tudo novamente. Cantávamos as musicas as mais desafinadas possíveis e morríamos de rir. Em menos de quinze minutos chegamos no shopping.
Eu não era muito fã de ficar comprando e comprando, gostava de comprar uma coisa ou outra e pronto. Lexy me fez rodar o shopping todo e tomar sorvete no frio, não tem estação pra sorvete, era isso que Lexy falava enquanto chupava o sorvete. Compramos poucas coisas, minha roupa pra amanha e algumas apenas por comprar.
Entramos no carro e fomos pro cabelereiro, ela vivia dizendo "nossa Nina você tá muito morta com esse corte". Chegamos ao salão e ouvi um grito lá dentro.
- NINA MENINA, VOCÊ SUMIU DAQUI! - esse era Georg nosso amigo gay, que sempre cuidou do nosso cabelo.
- Também senti sua falta Gorg. - o chamávamos de "Gorg" ficava menos gay. Nada contra gays eu realmente amo Georg.
- O que vai ser hoje? Menina seu cabelo tá um trapo, o que fez com ele? - Gorg parecia horrorizado com meu cabelo, se aproximou para olhar mais de perto e eu ria da forma que ele fazia isso; Gorg segurava as pontas do meu cabelo e jogava pra cima fazendo caras e bocas. Lexy gargalhava do meu lado.
- Gorg faça o que achar melhor. - ela disse relaxada. Ouviu-me gritando "ei, o cabelo é meu!", mas nem se moveu, apenas riu e confirmou que ele podia fazer o que quisesse.
Sentei na cadeira e fechei os olhos, quando se dá passe livre para Georg fazer o que quiser, pode-se esperar de tudo.
Quando abri os olhos eu não me reconheci. Ele tinha cortado meu cabelo nos ombros bem repicado, feito mechas claras e uma franja que cobria meu olho esquerdo. Estava tudo incrível e eu me sentia renovada. Depois de arrumar os cabelos eu fui arrumar as unhas, nada muito chamativo.
Convenci Lexy de que queria ir pra casa descansar, já que amanha ia ser um dia bem conturbado pra mim. Ela aceitou e em vinte minutos eu estava jogada no meu sofá relaxando. Ainda eram seis da tarde, então resolvi fazer temporada de The vampire diares sozinha mesmo.
O relógio marcava meia noite quando meu sono falou alto, desliguei a tv e fui deitar, estava cansada e só de lembrar amanha me dava embrulho no estomago. Eu estava pra lá de nervosa.

Blame It On The RainWhere stories live. Discover now