Quinze anos atrás.

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Eu estava saindo da escola, segurando vários livros, maldita hora pra esquecer a senha do cadeado do meu armário. Eu era nova na escola, não fazia nem duas semanas direito que havia me mudado pra Londres. Eu sou uma brasileira, com muito orgulho. Mas eu tinha um enorme sonho de estudar em Londres, e como minha mãe sempre quis sair um pouco do Brasil, ela aceitou que eu estudasse aqui. Mas acabamos vindo pra morar mesmo. Andava apressada pelos corredores da escola, eu achei que estava perdida quando senti uma brisa fresca passar por mim, senti cheiro de chuva. Olhei a janela enorme na minha frente e sorri olhando a chuva. Parei no meio de corredor, sentindo a brisa entrar pela janela e fechei os olhos, me deliciando com a sensação, ate que alguém esbarra em mim.
- Ai porra! Desculpa, desculpa... Eu não te vi ai! - o menino sorriu culpado e me ajudou a pegar meus livros do chão, então eu reparei nele. Oh Meu Deus! Ele era lindo! Seus cabelos loiros todo bagunçado, seus olhos verdes me fitando de uma forma engraçada, e um sorriso perfeito brincando nos lábios. - Prazer, sou Ryle Devens, e você seria...?
- Nina , Nina Becker! Prazer também. - eu sorri e me levantei, recebendo os livros que estavam nas mãos dele.
- Você não acha que tem muitos livro no colo, Nina ? - com um olhar curioso sobre mim, eu tentei sorrir. O máximo que consegui foi corar fervorosamente.
- Ah! Eu esqueci a senha do meu armário, então vou levar os livros pra casa e amanha eu vejo o que eu faço. - sorri e vi-o assentir. - Bom, vou indo.
Comecei a andar tentando equilibrar os livros nos braços.Quando eu estava quase no fim do corredor, ouço passos apressados atrás de mim e me viro automaticamente.
- Eu te acompanho Nina , acho que você tá perdida né? - ele riu - Por que o caminho pra saída não é por ai.
Andávamos lado a lado conversando. Ele me perguntava da onde eu vinha, em que ano eu estava e por que ele nunca tinha me visto na escola. Ele era engraçado pra ser o garoto mais popular da escola, e inteligente também. Chegamos ao portão e a chuva havia apertado, eu já começava a me perguntar como eu ia chegar até o ponto de ônibus com todos aqueles livros.
- Acho que você não trouxe guarda-chuva, certo? Eu vou pro mesmo ponto que você, então a gente podia dividir os livros e correr... O que acha? -Ryle me olhava ansioso, esperando minha resposta. Eu sorri, que mal tinha uma ajuda?
Ah se eu soubesse o mal que ia me fazer mais tarde, o tanto que eu ia sofrer por não ser correspondida, eu não teria aceitado, eu não teria parado pra sentir a brisa. Tudo culpa da chuva.

Blame It On The RainWhere stories live. Discover now