Rescrevendo a história

Mas um ano começa, as férias terminam, sem jogos da internet, pelada com os amigos, dormir e acordar tarde.. Mas não posso reclamar, quem diria, o "Fernando" do interior de Minas Gerais numa escola best do Rio de Janeiro, a famosa Escola Esperança, só pude ter esse luxo, através da promoção que meu pai ganhou na filial mineira de uma grande empresa alimentícia na qual ele trabalha; ganhar mais, em um cargo melhor, meu pai aceitou na hora, fizemos as malas e fomos para a cidade maravilhosa, onde fica a matriz da empresa, fiquei triste pois tive que abandonar alguns amigos, mas valeu apena!

Graças a Deus não tive maiores dificuldades para me adaptar e nem para encontrar novos amigos, também, com uma escola daquela, quem não se adaptaria? Quadra, campo de futebol, piscina, uma enorme área verde, armários pessoais, parecia até uma escola americana, aquela que se vê em filmes.

Meu primeiro, e até agora, melhor amigo foi o Marcos, ou como o chamo, Marquinho, ele era maneiro, e como posso dizer? "Pintoso" ...algumas meninas se amarravam nele, mas ele só tinha olhos para a Júlia, uma menina linda, porem, muito burra. O que eu gostava mais no Marcos, era que, mesmo ele tendo uma grande condição financeira, ele era bastante humilde.

Voltando na Júlia, ela gostava do Eduardo, ou Duduzinho, como as meninas o chamavam, pra falar a verdade, eu não considerava ele um amigo, pelo fato dele ser convencido, só por causa daquele cabelo estilo "Justin Bieber" e aqueles olhos claros, o engraçado que semanas depois, descobri que ele usava lente de contato para ter olhos verdes!

A Júlia era uma grande inimiga da Ana, sério, elas se odiavam, tudo por causa do Eduardo, as duas eram apaixonadas por ele, aff, como pode isso, aquele moleque chato, que nem sabia jogar bola direito.. Para confessar, admito que tinha uma quedinha por essa Ana, ela foi uma das poucas meninas que conheci que era inteligente e bonita, e bota bonita nisso uai! Cabelos loiros, olhos claros.. Pera aí, eu falei uai? Prometi deixar meu sotaque e jeito mineiro em Minas, pra nenhum carioca tirar sarro da minha cara.

O primeiro dia na escola foi incrível, a diretora Fátima, que por sua vez era a pessoa mais brava do Rio, me apresentou a escola, e principalmente suas regras, dando ênfase na lei de nunca, jamais desrespeitar o patrimônio escolar, e quando ela disse desrespeitar, ela englobou tudo, desde rabiscos na parede até quebrar alguma coisa, ela falava como se a escola fosse uma filha dela... Como dizia, estava sendo incrível esse primeiro dia, até chegar na hora da saída, quando uns moleques babacas ficaram me zoando pelo meu "sotaque caipira", o que me deu mais raiva, foi quando o maior do grupinho de idiotas me deu um tapa na cabeça, deixei pra lá e fui pra casa.

"E as meninas daqui, é verdade que elas são mais bonitas? Já pegou alguma? Qual é o nome dela? Ela tem quantos anos? Já conheceu os pais dela?" como sempre meu pai me encheu de perguntas sobre namoro e tal, acho legal meu velho se preocupar comigo, parece que ele tenta preencher o vazio que minha mãe deixa, nem acredito que já faz 3 anos que ela morreu, sinto tanta falta dela, dona Marta a empregada que meu pai havia contratado é o que chega mais perto de uma mãe pra mim, mas ela ficou em Minas, infelizmente, tento não lembrar dessas coisas, pois isso me deixa pra baixo, fico feliz quando vejo que tenho o melhor pai do mundo, jogamos bola nas folgas dele, ele me leva pra pescar, jogar Paintball, faz de tudo pra poder me ver lutar no Taekwondo, e, em falar em Taekwondo, senti uma enorme diferença na academia do Rio, ela é maior e bem mais equipada. Não faz um mês que cheguei aqui, e já me sinto em casa, com a recepção do Cristo, de braços abertos!

Agradeci muito naquela noite ao meu pai, por correr atrás de me dar uma melhor condição de vida, em uma escola super boa, ele realmente me ama.

Meu segundo dia já começou, como posso dizer? Animado, o colégio era tão grande que eu me perdi e entrei na turma errada quando voltei do banheiro, meu Deus, que vergonha, cheio de crianças pequenas, do tamanho da minha perna, me olhando estranho... Ah, mas, um mico ali, outro aqui, faz parte.