Capítulo 14

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Quando Maia chegou em seu quarto, ela notou que havia recebido uma mensagem de voz em seu celular.

Era do seu pai.

"Filha, eu odeio ter que dizer isso, mas você conhece meu trabalho e preciso que você volte para casa o mais rápido possível. Me ligue quando ouvir essa mensagem. Sinto Muito."

- Pai? - Maia ligou receosa.

- Oi, querida. - a voz de seu pai aparentava cansaço. - Maia, filha, preciso que você volte para casa na próxima semana.

- Por que? O que houve? - Maia perguntou preocupada.

- Meu chefe me transferiu para um novo lugar. - seu pai engoliu em seco. - Um lugar muito distante.

- Quão distante? - Maia se sentou na cama, transtornada.

- Outro país. - ele disse triste.

- Oh. - Maia exclamou. Ela não sabia o que falar, o que fazer. Sua despedida teria que ser adiantada.

- Sinto muito, mas preciso que você vá comigo. Eu não tenho outra escolha senão essa. Eu realmente sinto muito.

- Está tudo bem. - Maia mentiu, porque não estava tudo bem. Ela não queria ir embora, mas ao mesmo tempo não queria ficar tão longe do pai. Ela sabia que quando ele permitiu que ela morasse naquele apartamento sozinha, ele estava sendo muito gentil, mas aquilo tinha sido uma pequena exceção e pelo fato dele já ter vendido o apartamento, isso significava que a gentileza tinha acabado.

Depois que ela se despediu do pai, ela se jogou na cama e ficou encarando o teto. Uma lágrima solitária escapou de seu olho esquerdo. Ela estava perdida de novo. Quando finalmente estava melhorando, ela precisaria abandonar seus salvadores.

No dia seguinte, Maia acordou cedo e foi para a cozinha.

Luquinha já estava lá, com sua tigela enorme de cereal, lendo um gibi ao mesmo tempo que comia seu cereal.

- Bom dia. - ele disse sem parar de ler seu gibi.

- Bom dia. - Maia sorriu. - Sobre o que esse gibi é?

- Ainda estou tentando descobri. - ele deu um meio sorriso.

- Não é um gibi bom? - Maia preparou uma tigela de cereal para ela também.

- É ótimo, só que ultimamente tem sido difícil eu achar algo que me deixe interessado. - ele disse entediado.

- Luquinha, quantos anos você tem? - Maia se sentou do lado dele.

- Vou fazer treze daqui a um mês.

- Você é tão novinho... - Maia disse pensativa. - Eu já nem lembro mais como é ter treze anos... Mas, não se preocupe. Uma hora você vai encontrar algo interessante.

- Maia, você... - Luquinha tentou perguntar algo para Maia, algo que ele realmente estava curioso sobre. - Deixa pra lá.

- Não, por favor me pergunte o que quiser. - ela tocou de leve seu ombro no dele e sorriu para ele.

- Acho melhor não... - ele disse enquanto se levantava e levava sua tigela vazia para a pia. - Era sobre o...

- O acidente? - Maia perguntou. - Desculpa Luquinha, eu ainda não estou pronta para falar sobre isso. - ela abaixou a cabeça, tendo pequenos vislumbres do dia do acidente. - Sinto muito.

- Tudo bem. Eu que preciso me desculpar por ter te feito lembrar disso. - ele disse.

Maia estava perdida em seus pensamentos, lembrando de algumas cenas do acidente. Lembrando dos sentimentos daquele dia. Ela ainda conseguia sentir o desespero, como se tivesse vivenciando tudo de novo.

Leo entrou na cozinha e foi na direção de Maia.

- Você está bem? - Ele perguntou preocupado.

Ao ouvir a voz de Leo, Maia despertou daquele pesadelo.

- Sim, nada errado. - ela sorriu para ele.

Ele sorriu de volta e se sentou no lugar que Luquinha estava sentado antes.

- Então... hoje... nós... - ele disse sem jeito.

- Vamos ter nosso primeiro encontro? - ela revirou os olhos.

- Ok, pode parar com isso. - ele segurou as duas mãos dela.

- Parar com o que?

- Isso. - ele deu um meio sorriso. - Isso de ficar revirando os olhos. É irritante.

- Por que? - ela revirou os olhos mais uma vez.

Ele sorriu e deu um beijou a testa dela.

Amor Fati - Um Amor InevitávelWhere stories live. Discover now