Capítulo 7

28 4 0
                                    

Maia estava tendo um pesadelo. Nele ela tentava subir para superfície, mas havia algo – ou alguém - que a segurava e cada vez mais ela ficava sem ar. Lentamente, ela sentia a morte cada vez mais perto. Ela queria gritar por socorro, mas para o maior desespero dela, no pesadelo ela tinha perdido a voz. Ela tinha esse pesadelo todas as vezes que caia no sono, desde o dia do acidente. Ela queria não precisar dormir, para evitar esse pesadelo. Mas ela não podia fugir desse pesadelo. Ela sabia que era um pesadelo, mas não conseguia acordar. Não dessa vez. Parecia tudo tão real. Quanto mais ela se desesperava, mais água ela engolia.

Maia foi acordada quando alguém segurou seus braços que ela inconscientemente jogava ao alto.

-Está tudo bem, querida. – Sara a abraçou forte. – Está tudo bem. Está tudo bem.

Sara continuava a repetia aquelas palavras, enquanto Maia se afogava em lágrimas.

- Desculpa. – Maia disse entre um soluço e outro.

- Não tem problema. – Sara apertou a mão de Maia. – Você sente minha mão? – ela perguntou e Maia fez que sim com a cabeça. – Então isso significa que você está acordada e está tudo bem.

- Não, não está. – Maia se levantou da cama. – Não é apenas um pesadelo, sabe?

- Maia o que aconteceu naquele tempo... – Sara pensou antes de dizer o que queria dizer, mas ela precisava dizer aquilo. – Você precisa seguir em frente, querida. Não percebe que ao ficar presa no passado você está perdendo o presente e, o mais importante, que você está machucando as pessoas que te amam. Seu pai já não sabia mais o que fazer para te ajudar. Ele me implorou de joelhos para que eu tentasse te ajudar. Você sabe como foi ver seu pai se ajoelhar diante de mim e me pedir para salvar você?

- Eu não posso mudar.

- Maia, você pode mudar sim. – Sara sorriu. – Você já mudou tanto desde que chegou aqui.

- Eu não... eu não quero mudar. – Maia disse triste. – Não sei se quero seguir em frente.

- Por que? Por que você acha que se seguir em frente vai se esquecer dela? Ou que se você seguir em frente você vai decepcioná-la? Acredite, querida, ela é a que mais quer que você mude. Ela amava aquela garotinha que você costumava ser. Onde está aquela garotinha de antes?

- Ela morreu. – Maia disse sem ar. – Aquela garotinha não vai mais voltar, nunca mais, porque ela está morta!

- É uma pena saber disso. – Sara disse triste, antes de sair do quarto.

Maia se sentou na cama e ficou encarando a porta até amanhecer. Ela estava com frio, mesmo que fosse possível sentir o calor do sol em sua pele. O frio que ela sentia, não era o tipo de frio que pudesse passar com um cobertor macio e uma xícara de chocolate quente. O frio que ela estava sentindo era aquele tipo de frio que doía nos ossos e congelava o coração.

- Eu não posso mais ficar aqui. – Maia disse em voz alta.

Ela juntou todas suas coisas e escondeu embaixo da cama. Ela iria fugir hoje à noite.

- Como ela está? – Leo perguntou para Sara, enquanto ele enchia uma xícara de café.

- Eu não sei responder essa pergunta. – Sara disse pensativa. – Aquela menina não vai ser salva, enquanto ela não aceitar ajuda.

- Ela me parece normal. – Matheus disse enquanto entrava na cozinha.

- Normal? – Sara riu. – O que você considera estranho, então? Ela vive presa na mente dela. É impossível ajudar ela.

Amor Fati - Um Amor InevitávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora