Yuri Novel Capítulo 14

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Estavam enfim na última semana de aula. Viva!!!! Férias!! Férias!!! Férias do professores, dos testes, das pessoas chatas, da vice-diretora! Nesse ano aconteceram muitas coisas com Luiza Luz, apaixonara-se, perdera a virgindade, brigara e chorara mais do que em todos os anos anteriores. Agora ela poderia respirar aliviada, nada de se esconder na sala para não ver Dani, talvez tudo tenha sido só uma fase pensava nostálgica. No próximo ano encontraria seu príncipe encantado, rirá dos dias que pensou que era lésbica e viverá rica e feliz como sempre. Viajando para lugares exóticos fazendo cursos estranhos e inúteis, um lindo futuro nascia para Luz no horizonte. E tudo seria assim, como ela planejara se não fosse... O destino.

Quis ele que Luiza Luz visse pela última vez seu primeiro amor, achando-se salva de todos no depósito da escola na companhia de um bom livro, que nem percebera que a vice-diretora entrara na sala para pegar alguma coisa. Nas pontas dos pés a vice-diretora puxou uma caixa que estava no alto da estante, essa por sua vez caiu para o outro lado onde silenciosamente escondia-se a aluna e seu livro. O barulho da caixa caindo na cabeça não foi nada em comparação ao grito de Luz, um grito estridente e inconfundível.

-Quem está ai? – Perguntou a vice-diretora morrendo de medo, mesmo que não expressasse isso em sua face cheia de botox, ninguém sabia, mas seu maior temor eram fantasmas de depósito de colégios.

Usando de sua mais alta técnica, que aprendeu em tenra infância em um canal de TV qualquer, Luz imitou um gato tentando despistar a vice-diretora. Infelizmente em vão, minutos depois estava no campo de futebol da escola carregando uma caixa cheia de bandeirinhas, pompons e cornetas, isso tudo para que todos os professores pudessem torcer em grande estilo no jogo decisivo entre Colorado x Lins. Porém, ainda foi pior Luiza que teve que ficar o tempo todo na primeira fileira ao lado da vice-diretora para que como a vice-diretora disse: para que não fugisse. Não importava o quanto Luiza Luz não queria ver o último jogo, o destino a estava obrigando.

Depois de minutos que pareceram séculos, os times entram em campo para o começo do cerimonial da final do Campeonato Colegial. Todos em posição, primeiro hino foi da escola Lins, hino que respeitosamente todos escutaram mesmo com a maioria sendo do Colorado. Quando começou o hino da sua escola instintivamente Luiza olhou para frente e enquanto cantava, seu olhar foi justamente de encontro a de Dani. A jogadora quando a viu ficou surpresa, mas continuou como se nada tivesse acontecido, apenas tentando se concentrar na música então fechou os olhos.

Luiza Luz não teve a mesma força para se negar a olhar para Daniela, justo no momento que se achava curada desse amor, sentia seu coração quente e galopante. A estudante tinha quase esquecido de como a jogadora era linda, tinha um rosto de feições suaves que contrastava com as roupas masculinas. Com aquela expressão séria Daniela parecia tão madura que Luz corava só de olhar. Admirava a força de sua amada, que mesmo com aquele corpo delicado podia praticar um esporte de igual para igual junto aos homens. Dani é mesmo incrível, disse para si mesma respirando apaixonada.

A vice-diretora escutando o suspiro da colegial, disse amigável:

-Daniel é mesmo bom rapaz.

Luiza foi desencantada pela voz estridente da vice-diretora, acabou olhando por um instante para Daniel que nem tinha notado, bem ali do lado de seu amor. Isso a fez fechar a cara em amargura, lembrando-se dos tristes fatos que a separava de Dani e por nada no mundo isso mudaria. Aquele era o último dia do ano letivo, quando a partida encerrar e estiver em casa arrumando as malas para ir para Nova York, esse amor estudantil nada significaria. Será como se nada tivesse mudado dentro dela, já que de fato nada de concreto aconteceu mesmo entre elas.

Era isso que a jovem do primeiro colegial nos seus 16 anos de vida acreditava, porém repito que o destino é forte, pois nós podemos renegar o amor, mas ele não nos renega. Onde quer que esteja, em qualquer ano, em dias claros ou chuvosos, o verdadeiro amor é inalterável e inabalável. Pois ao contrário da paixão o amor não se apaga, não diminui e não cresce, ele apenas existe, ali no canto esquerdo do peito. Batendo forte somente quando vislumbra o objeto ao qual se dedica esse amor, ou quando se lembra dos doces momentos em que as suas almas se tocaram no momento em que se olhavam.

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