Capítulo 14

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Sendo repostada, mas voltará a ser degustação em 03/2023


Tantas sensações a estremeciam e muitas perguntas a inquietavam, que bons segundos se perderam até que Faith conseguisse seguir o padre. Incrédula, considerou se seria impressão ter sido acarinhada quando ele secou seu rosto. Também ansiava saber se teria recebido o tão desejado beijo se não tivesse sido estúpida o bastante para quebrar o poderoso contato visual que mantinham. Nunca saberia.

Fosse como fosse, Jonathan estava bem em frente; era o que importava. Passada a vergonha de ter sido flagrada com Tyler, Faith agradecia o fato de o tio do padre não ter tanta influência. Sim, pois alguma divergência existiu. Não seriam recebidos daquela forma autoritária caso ele não se opusesse aos encontros. No entanto, ali estavam. Contrariando até mesmo as palavras de Jonathan quanto à inconveniência das corridas matinais.

Se sua presença – mesmo com tantos empecilhos – não fosse o indício de uma aceitação, ela não atinava o que seria. Por que chorou afinal?

Ao chegarem a faixa de areia, caminhavam em silêncio, contudo, daquela vez, a ausência de palavras era boa, cúmplice. Talvez fosse o caso de mantê-lo, mas tinha uma curiosidade. Enquanto caminhou diante dela, Jonathan reconheceu não ter lógica desejar exclusividade nas atenções da moça uma vez que não lhe retribuiria os avanços nem tinha nada a oferecer. Ainda assim, já que estava disposto a receber suas atenções, reservava-se ao direito de saber.

– Você e seu namorado brigaram?... Por isso chorou?

– Ty... Tyler não é meu namorado – esclareceu apressadamente. – É só meu amigo.

Jonathan não deu crédito a resposta trôpega. Um amigo não a trataria com a possessividade que presenciou. Nem se acercaria dela protetoramente como "Ty" fizera quando os interrompeu durante o momento de carinho.

– Então o rapaz não é seu namorado – disse, emparelhando-se a ela, sem olhá-la. – Mas alguma coisa aconteceu, afinal você estava chorando... Pode me dizer por quê?

Olhando um ponto qualquer em frente, Faith se perguntou como explicaria o desespero que sentiu ante a ideia de nunca mais tê-lo por perto? Se o fizesse, com certeza perderia a aceitação ainda tão frágil.

– Saudade – ela falou de súbito. – Tyler só estava me consolando da saudade que sinto do meu pai. Eu já deveria estar acostumada, mas sempre acontece. – Não era de todo uma mentira, a falta era real.

A última declaração poderia ser verdadeira, Jonathan considerou.

– E, agora, está melhor? – perguntou solícito, olhando-a. – Conformou-se com a falta de seu pai?

– Sim, obrigada! – Faith aproveitou para também olhá-lo, perdendo-se nos olhos mais azuis do que o mar ao lado. – Nem sei o que me deu, na verdade. Ele chega amanhã, então... Não precisava ter feito uma cena.

– Tenho certeza de que seu amigo não se importou com a cena – retrucou sem pensar, movido por algo próximo ao ressentimento.

– Ah... – jovialmente comentou. – Tyler é um chato. Agora vai me perturbar por causa daquilo.

De fato não tinha argumentos que negassem a chatice do rapaz, Jonathan pensou azedo. Na tentativa de mudar o rumo do assunto que o aborrecia uma vez que não conseguiria respostas sinceras, perguntou:

– Então Elliot Green chega mesmo amanhã?

– Sim... – Como se lhe corresse algo desagradável, acrescentou: – Amanhã não virei à praia e provavelmente também não venha ao sábado. Acho que nossa corrida será novamente adiada até segunda-feira.

Enigma - Segredos & Mentiras [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora