- Existe algo rolando dentro da sua cabeça que se chama sinal neural. - Drew explica. - Os cientistas costumam dizer que é como ter uma estação de rádio no cérebro. - O fogo crepita quando ele joga mais um galho nas chamas. - Imagine uma estação de rádio que manda sinais todo instante, para todo lado, quando você pensa, bum, lá se vai mais uma mensagem. Cada memória é como uma música nessa rádio, ou um noticiário, enfim, com a tecnologia certa você pode captar as vibrações. - Manea com a mão. - Uma grade de eletrodos são responsáveis para captar essas transmissões do seu rádio, e até mesmo cortar as ondas cerebrais que seus neurônios, carregados de memória conduzem para fora da sua cabeça em forma de ondas cerebrais. Dando fim assim à sua memória. - Sorri com seus lábios muito bem confundiveis com lábios Californianos.

Becky suspira uma exclamação.

- Que doideira.

- Tudo conto de fadas. - Ariana zomba e se levanta. - Vou me deitar. - Caminha até a sua barraca.

Lauren pisca algumas vezes. Pensando o quão maravilhoso seria não ter mais aquelas lembranças horríveis.

- Vocês já fazem testes ou coisa do tipo?

Drew não desconfia da curiosidade de Lauren, na verdade ninguém desconfia, pois sua casca é tão de garota doce que viveu longos anos em uma casa a beira mar em Miami, com uma família amorosa de pais gentis e irmãos briguentos. Esse tipo de vida que a casca de Lauren transparecia.

- Sim, e na maioria das vezes dá certo, meus pais estão tentando conseguir uma autorização para mais testes em humanos.

Lauren suspira e sorri em esperança.

Esse era maior e melhor dom de Lauren. A esperança. Que mesmo depois de longos sermões, infinitos castigos e até mesmo muita fome e peregrinação, ela não a perdeu. Aquela doce e crepitante chama de esperança, pequena e frágil, quase apagada.

Becky se levanta, estica-se e tira as luvas do bolso. Caminha até sua própria barraca e murmura um boa noite sonolento.

- Está cansada? - Camila murmura contra o pescoço de seu amor.

Lauren assente e elas se levantam.

- Boa noite, Drew. - Dizem em uníssono.

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Os pés de Lauren estão gelados, mesmo com a camada grossa da meia. A ponta de seus dedos parecem frágeis o suficiente para cairem.

Camila está logo a sua frente, olhos fechados dormindo tranquilamente, enquanto o queixo de Lauren treme.

- Camz... - Ela murmura na esperança de que sua namorada acorde. - Camzzi... - Seu hálito gelado bate contra o rosto de Camila. - Camzzi você está dormindo? - Sussurra.

Espera, e quando está prestes a insistir novamente.

- Estou... - Os lábios de Camila mal se movem enquanto ela murmura. - Volte a dormir.

- Eu não posso. - Geme baixinho.

Não queria dizer. Mas sua bexiga estava explodindo, literalmente pronta para explodir. Mas não iria lá fora... Não no escuro.

- Já tentou fechar os olhos? - Murmura.

- Uhum.

- Contou carneirinhos? - Continua com os olhos fechados, quase caindo no sono novamente.

- Camzzi... - Repete manhosa e morde os lábios. - Eu preciso fazer xixi... - Sussurra tímida, quase como se estivesse sussurrando um segredo.

Camila se remexe nas cobertas quentinhas, ainda com os olhos fechados.

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