Era impossível não se sentir um pouco patético com o rosto queimando violentamente quando as palavras escapavam sem controle de sua boca. Zayn, por sua vez, manteve o sorriso calmo e enquanto caminhavam para a fila de entrada disse:

- Você poderia ser menos fofo, por favor? Estou fazendo um esforço muito grande para não te beijar na frente dessas pessoas.

- E o que te impede de me beijar? - perguntou Niall num misto de duvida real e cinismo. - Eu te falei, em cidade grande eles não se importam. - deu de ombros. - E se quiser mesmo fazer isso, faça agora. Entraremos em poucos minutos e lá dentro não são permitidas nenhum tipo de manifestação de afeto independente de serem...

A frase nunca seria concluída, pois Zayn simplesmente fez o que desejava fazer e roubou um beijo dos lábios de Niall que sem pestanejar retribuiu. Contraditoriamente o beijo foi carinhoso e delicado ao ponto de ambos suspirarem quase ao mesmo tempo enquanto provavam do gosto e da textura de suas bocas, sentindo um arrepio gostoso ao toque das línguas. Aquela foi a primeira vez que Zayn beijava um rapaz em publico sem ser por este censurado, aliás, quanto mais procurava pelo loiro mais era retribuído; aquele sem duvida estava no topo de sua galeria de melhores beijos, e talvez estivesse supervalorizando o momento, mas ninguém precisaria saber.

Eles não chegaram a ir longe demais e encerram o beijo em tempo de adentrarem os portões rumo a Queen's Gallery quando Niall entregou os ingressos dos dois.

Tinham uma hora e meia para visitar e aproveitaram cada segundo lá dentro. Longe de Zayn ter pensamentos preconceituosos a respeito de Niall e pensar que só porque o rapaz era confeiteiro que não iria gostar de arte e tudo o que fez tenha sido uma jogada barata de sedução; mas não deixou de ser encantador vê-lo gastando um bom tempo em cada quadro e enchendo Zayn de perguntas a respeito de cada quadro, joia, vestimenta ou móvel. Mesmo que seja a segunda vez que visitava o palácio por dentro, Niall confessou que não conseguia acompanhar as explicações do guia, pois sempre se distraía com as obras e a mente viajava longe.

E o que para muitos poderia ser sinônimo do encontro mais tedioso de todos os tempos, para Zayn não poderia haver forma melhor de começar. Passou ridiculamente rápido, até Niall lamentou isso e deixou no ar a proposta de visitarem uma outra vez, quem sabe as outras dependências disponíveis para visita enquanto não começava a temporada de visita completa ao palácio.

Voltaram ao carro do irlandês para pegar a cesta de picnic, o case do violão que trouxera consigo e a pasta de desenho de Zayn. O bom de marcarem um encontro logo no começo da semana naquele horário era que a frequência não era tão intensa. Achar um lugar com vista privilegiada e uma boa sombra de arvore não seria tão disputado quanto aos finais de semana e horários de rush.

Ajudaram-se estendendo a toalha - Zayn fez uma brincadeira referente ao quadriculado vermelho sobre tecido branco e no quanto isso era clichê - e tirando as comidas e bebidas de dentro da cesta, dispondo-as sobre a toalha.

Enquanto comiam, conversavam. Niall, como sempre o mais falante, relatou sobre seu cotidiano durante aqueles dias em que se desdobrou cuidado da afilhada, trabalhando na confeitaria e, duas vezes por dia, entregando sopas e chás medicinais para Zayn. Cozinhar era uma paixão tão inerente a sua vida que, quando feita sem a pressão do tempo e da perfeição, era a parte menos trabalhosa de todo seu dia. Fez até um paralelo entre a arte de pintar e a de cozinhar, pois suas emoções estavam sempre ligadas a qualidade do que fazia, e da mesma maneira que artistas podem ter bloqueio criativo e fazer obras pavorosas, cozinheiros e confeiteiros podem errar a mão na mais simples das receitas em virtude de um estresse ou aborrecimento em geral. Da mesma forma que, às vezes, cozinhar também servia como um belo calmante natural.

Guy Next DoorWhere stories live. Discover now