Capítulo 3.2 - Não temos mais nada a perder.

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Eu não tenho nada a perderDepois que Jesus e Rock N RollNão conseguiram salvar a minha alma imoral

-THE PRETTY RECKLESS, NOTHING LEFT TO LOSE
◦ 16/11/1986 10:43 ◦

Taehyung sentia um profundo desagrado pelos hospitais, uma aversão que cresceu ao longo de sua vida marcada por inúmeras visitas a esses locais. No entanto, o que ele enfrentava agora era completamente diferente de tudo o que já havia experimentado.

Até mesmo o estacionamento nos fundos parecia mais bem equipado do que muitos hospitais inteiros, capaz até mesmo de montar uma ala emergencial se necessário. Apesar de saber que provavelmente a resposta seria não, ele não conseguia conter a cruel dúvida que pairava sobre ele: as coisas teriam sido diferentes se ele frequentasse um tipo de hospital como esse desde quando a vida começara a lhe exigir isso?

Até as árvores que cercavam o terreno do Hospital referencial Van Medicine pareciam receber mais cuidado do que os oferecidos nos hospitais que ele conseguia pagar.

Ali não havia filas intermináveis, nem o odor de poeira dos aparelhos de ar-condicionado antigos, nem o cheiro de mofo vindo do teto. Não se via pacientes aguardando ansiosamente no saguão, nem pessoas clamando por medicamentos que não estavam disponíveis.

Tudo ali emanava uma aura de pureza, clareza e tranquilidade. O aroma das flores era tanto que irritava o nariz de Taehyung, enquanto os faxineiros se ocupavam meticulosamente, desinfetando os corrimãos e as maçanetas com álcool a cada cinco minutos.

As enfermeiras conduziam os pacientes que recebiam alta em cadeiras de rodas, enviando-os para fora com sorrisos gentis, cuidando para que embarcassem em seus carros ou táxis.

No entanto, por trás desses sorrisos cordiais, Taehyung e Jimin encontravam apenas obstáculos quando tentavam obter informações sobre Yugyeom. A mesma atendente, incansável, repetia a mesma desculpa de hora em hora, deixando claro que a família não autorizava visitas ou divulgação de informações para terceiros.

Sentado na calçada do estacionamento, observando o imponente edifício de vidro espelhado, uma pequena pilha de bitucas de cigarro se formava ao redor dos pés de Taehyung. A única informação que ele havia conseguido extrair era que Yugyeom estava lá em cima, na cobertura, em uma ala VIP onde até os médicos eram criteriosamente selecionados.

Taehyung levantou os olhos e avistou Hoseok se aproximando, descendo do ônibus que ele havia indicado pegar. Uma expressão cansada se estampava em seu rosto, e o canto inferior do lábio estava inchado e cortado, embora não parecesse ser algo grave. Sem dizer uma palavra, ele cruzou o terreno do hospital e se sentou na calçada entre Taehyung e Jimin.

Jimin finalmente quebrou o silêncio, indagando: - Desde quando Yug tem dinheiro para um hospital desses? - Taehyung apenas deu de ombros em resposta, sua mente sobrecarregada com os eventos do dia. Ele apagou o cigarro no gramado verde sob seus pés.

O sol já havia surgido há algumas horas, mas Taehyung ainda não tinha dormido. Sua visão estava cansada e seus ombros pesados. Ele ansiava por deitar na cama e descansar um pouco, mas estava acostumado demais a tomar as redeas em situaçoes assim. A guiar o barco. Já faziam tantos anos, quem sequer sabia mais quando tinha começado a agir assim, mas seus ombros já estavam cansados e doloridos demais.

O dia anterior tinha sido marcado pela corrida da curva D, e Yugyeom não podia faltar. No entanto, seu celular não parava de tocar, e toda vez ele recusava a ligação com uma careta cada vez pior. Talvez eles devessem ter percebido antes que Yugyeom não se encaixava verdadeiramente naquele mundo. Não eram todos que podiam ter um daqueles, mas Yugyeom parecia sempre querer o mandar longe.

QUEDA LIVRE - taekookOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz