10 / Sonho

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A blusa e a saia cada vez mais reduziam seu tamanho

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A blusa e a saia cada vez mais reduziam seu tamanho. E eu não tinha do que reclamar. Sophie ficara belíssima com aquele conjuntinho branco e o cabelo preso em um rabo de cavalo. Fazer o quê?

Ela tinha bons movimentos também. Fez muito. Resistiu com classe. Lutou contra o braço forte do Draminha, trabalhado em anos de punheta e levantamento de lenços para secar o chororô. Merecia palmas só por tentar realizar aquela missão impossível. Nenhum tenista amador teria chance contra as bolas ultrarrápidas do Dubois.

Falando do impossível, falta de chance mesmo quem tinha em abundância era eu. Cada vez que eu a observava com uma olhadela furtiva, entre uma fala e outra da conversa com Dubois, percebia o quão alto eu mirara.

Eu estava investido nela. Faria qualquer coisa para estar por perto. Por isso mesmo, enrolei na conversa com Jean só para ter uma desculpa para ficar ali e admirá-la por tabela.

Para o meu azar, o miserável me apareceu com uma pressa desgraçada no meio da conversa — uma das bem suspeitas — e foi embora, levando-a consigo. Bola fora do caralho, viu. Vou te contar.

Puto da vida, dei uma passada no vestiário, tomei minha ducha, troquei de roupa e caí na estrada. O fim de semana era tempo de correria e uma tonelada de trabalho me aguardava. Não podia ficar chorando pelo leite (não) derramado.

Chegando no Risca Faca, tratei de checar se todos os funcionários estavam presentes, averiguei a qualidade da limpeza da casa, supervisionei a arrumação das mesas e, quando minha avaliação de controle de qualidade chegou ao fim, subi à área VIP — de onde observava o movimento das pessoas.

Foi uma noite atípica. Não era todo dia que presenciava uma troca de socos no meio da pista de dança, com uma multidão ao redor fazendo alvoroço numa espécie de torcida, como se fosse uma briga de escola.

Aliás, teve de tudo um pouco naquela noite. Tive até o desprazer de lidar com uma noiva bêbada subindo na mesa em sua despedida de solteira — algo nada seguro e péssimo para a minha reputação caso algum acidente acontecesse.

Detestava quando imprevistos (até previsíveis) desta natureza aconteciam. O papel de salvador de donzelas em perigo não me agradava. Nunca me enxerguei como um cavalheiro honrado cujo único propósito era realizar uma boa ação.

Muito pelo contrário. Ultimamente, só queria realizar más ações. Quebrar votos, romper paradigmas, desvirtuar freiras.

Para esses desejos violentos, existia apenas um remédio. Um medicamento doce, de belas curvas, que acabava de entrar no recinto. Pela segunda vez, em duas semanas consecutivas, Nicolly visitava o Risca Faca.

Eu, obviamente, como um bom anfitrião, apressei-me para chegar à mesa na qual ela se acomodou e mostrar serviço.

— Olá, lindeza — cumprimentei-a ao me sentar à mesa sem ser convidado, seguindo meu ritual de sempre e esperando ser ignorado como de costume.

A IrmãWhere stories live. Discover now