Capítulo 15

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- Vamos? - Bang Chan pergunta assim que estamos prontos para irmos comprar as coisas. Assenti.

- Calma, aí! - digo enquanto passamos pelo quarto das meninas. Bato na porta e não demora muito para o rostinho da Hanna aparecer. Coloco meu rosto para dentro do quarto. - Estamos indo.

Elas não dizem nada, apenas fazem gestos como se estivessem beijando alguém. Dou língua para elas, que caem na gargalhada. Fecho a porta.

- Você foi esperta em me usar para nos livrarmos daquela roupa. - diz Bang Chan assim que fecho a porta e voltamos a caminhar no corredor, indo em direção a escada.

- Eu? Te usar? Jamaais. Eu realmente estava preocupada com a sua reputação. - digo ironicamente, o que o faz rir. Ficamos em silêncio enquanto caminhamos em direção ao mercado.

- Desde quando conhece a Hanna e a Lisa? - Ele pergunta, quebrando o silêncio.

- A Hanna eu conheci no início da minha carreira, no primeiro evento que fui como convidada. Ela viu que eu estava quietinha, meio acuada, aí puxou assunto comigo. Ela meio que gostou de mim e me adotou. - rio. -  A Lisa já conhecia a Hanna antes de mim, então um dia ela me convidou para ir jantar na casa dela e a Lisa estava lá. Aí nos aproximamos e hoje tenho que aturar elas duas no meu pé. - rio.

- Caramba, que bom. É bom ter amigos com quem contar

- Siim, antes delas eu não tinha ninguém. Era completamente sozinha. Elas, principalmente a Hanna, me ajudaram muito, em muitos quesitos, principalmente profissional. Nunca me esquecerei das vezes em que ela divulgou meu trabalho sem pedir nada em troca, quando me chamava para fazer Challengers para postarmos. Eu tinha medo dela achar que eu estava a usando, usando sua fama, mas graças a Deus ela nunca achou isso. Fora que, nas minhas crises de ansiedade ela sempre estava ali comigo, brincando comigo, me distraindo, até que eu ficasse bem. Ela nunca me tratou como uma fracote por isso, sabe? Pelo contrário, ela sempre faz questão de dizer o quão forte e corajosa eu sou, mesmo que eu não ache isso. - olho para os meus pés, por vergonha.

- Depois de um tempo a gente sabe quem são os interesseiros e quem não são. - olho para ele, intrigada pela sua resposta. - você, de longe, dá para ver que não é do tipo interesseira e que dá importância a outras coisas além de dinheiro e fama. E acredito que você seja forte e corajosa, todas as minhas Stays são. A minha baby Girl não seria diferente.

- Obrigada. Eu acho. - sorrio envergonhada

- Chegamos, se importa se eu gravar a gente fazendo compra? - balanço a cabeça em sinal de não - obrigado, vou mandar para a equipe. - ele pega a câmera.

Ele sai andando na minha frente, antes de prosseguir, eu paro e respiro profundamente para me acalmar e tentar deixar minha vergonha de lado. Às vezes preciso de um tempo para trancar meu lado introvertido e soltar o meu extrovertido, principalmente com pessoas que não sou acostumada. E o Chan... Céus... Ele me deixa envergonhada na maior parte do tempo, minha timidez perto dele é triplicada.

- Tudo bem? O que aconteceu? - ele pergunta ao me ver parada. - Ansiedade de novo? - ele se aproxima de mim com o semblante preocupado. Dou um risinho.

- Não, não, está tudo bem. É que eu estou guardando a Luna introvertido para gravar. - ele me olha confuso, o que me faz rir. - eu sou extremamente tímida, então quando eu vou gravar preciso de um minuto para expor minha extrovertissidade. Nem sei se essa palavra existe. - digo rindo - quando eu estou com pessoas que estou acostumada, como Hanna e Lisa, eu me torno falante, elétrica, agitada naturalmente, mas fora isso, sou calada.

- Entendi. Tudo bem, nós vamos resolver isso. Vou fazer você se sentir mais acostumada comigo. - ele pisca. - O que pegamos primeiro? - ele diz com a câmera virada para nós dois.

- As carnes. - fomos caminhando e pegamos algumas carnes. - Uuh chocolate! - digo animada. - posso levar? - olho para ele enquanto seguro o chocolate próximo ao rosto, sorrindo. Ele rir.

- Que fofa. - ele aperta a minha bochecha, meu rosto fica vermelho. - ah que fofa, ficando com vergonha. - ele rir. - pega um para mim também, comemos no caminho. - assenti. - Vamos pegar as bebidas. Você bebe?

- Não, não gosto de álcool. Eu vou pegar um refrigerante para mim. Acho que sou a única que não bebe.

- Eu também não bebo. Ei, você deveria saber disso! Eu sou seu preferido.

- Em minha defesa, eu nunca acreditei muito nessa história. Achei que você só não bebia quando estava com os meninos, para "cuidar" deles. - faço aspas com as mãos. Ele desliga a câmera, abaixa a cabeça ficando próximo ao meu ouvido.

- Minha baby Girl tem que saber tudo sobre mim. - mexo apenas meus olhos e o vejo olhando para mim. Essa proximidade é extremamente perigosa.

Seus olhos me hipnotizam, sinto-me admirada, como se ele estivesse lendo os meus olhos, interpretando a minha alma, analisando o meu coração. Olha-lo tão de perto me deixa nervosa, mas estranhamente me acalma. Meu coração fica acelerado, mas minha mente fica quieta, em completo silêncio e ela nunca fica assim.

Ele desvia o olhar, olhando um pouco para baixo, para os meus.... Lábios? Ele sorri, mostrando-me suas covinhas pelas quais sou apaixonada desde quando o conheci. Lentamente, ele retira seu olhar da minha boca, levantando-os devagar até que retorne aos meus olhos.

- Porque está segurando a respiração? - ele indaga baixinho. Isso me tira do transe.

- Eu estou respirando normal. - digo me afastando e caminhando para o lado oposto dele, deixando-o para trás. - vou pegar sorvete. - digo e viro o corredor.

Meu. Deus. Como ele consegue ser tão...? Sabe... Eu nem sei como explicar. Ele parece miragem, uma utopia. Impossível um homem desses existir. Se antes de conhecê-lo eu já tinha uma paixonite platônica por ele, agora corro o risco de me apaixonar totalmente. Se antes eu tinha uma quedinha, agora tenho um penhasco.

- Eclipse lunar
uma união inabalável
A luz fez do dia o seu lar
mesmo não sendo seu lugar
Tudo porque queria, o sol, amar

Como poderia esquecer?
Você tão caloroso me fazia queimar
querido,
nosso beijo formava um belo eclipse lunar - fico cantarolando enquanto procuro pelo sorvete. - ah, achei! - volto a cantar enquanto vejo os sabores.

- Quem fazia você queimar? - tomo um susto. Chan aparece com o carrinho cheio de carne e bebidas.

- Que susto! Assombração! - digo rindo.  - quais sabores vamos pegar? - indago, ignorando propositalmente sua resposta.

- Podemos pegar um pouco de cada. - assenti. Vou pegando alguns e colocando no carrinho.

- Pode voltar a cantar, eu quero ouvir. - continuo colocando os sorvetes no carrinho. - Vai, vou gravar.

- Eu não vou cantar para você. - digo rindo.

- Ué, porque não? E não é para mim, é para o programa. - ele coloca a câmera em frente ao seu rosto e sorrir, fazendo um joinha com a mão.

- Você me paga. - ele rir. Começo a cantar novamente o mesmo trecho. Quando termino, sorrio envergonhada.

- Aee!! Para quem você escreveu essa canção, eim? - ele mexe as sobrancelhas enquanto rir. - Eu o conheço? Acho que sim, neh?

- Não escrevi para ninguém em especial - digo enquanto estou caminhando ao lado do carrinho de compras

- Ah, minha baby Girl, vamos lá! Para quem foi? Hum?

- Para ninguém, um garoto que só existe em minha mente. Ninguém nunca me fez queimar de amor, ninguém nunca escolheu me fazer o seu lar. Fiz isso para um amor que só existe na minha cabeça, que nunca viverei. - sinto o carrinho parar.

Olho para trás, vejo Bang Chan desligando a câmera e a guardando no bolso. Ele se aproxima de mim, nossas diferenças de altura ficam mais aparente. Nossos olhos se encontram e fico imóvel, sem saber o que fazer. Seus olhos se movem, como se estivessem se movendo de acordo com os seus pensamentos. É estranho mas... Sinto que seus pensamentos estão a mil, como se ele estivesse tentando mantê-los organizados, pensando o que seria bom falar e o que seria bom reter apenas para si. No fim, ele apenas sorri e se afasta, voltando a empurrar o carrinho.

Purple Lights - Bang ChanWhere stories live. Discover now