- 13.Cicatriz -

11 1 0
                                    

Ao chegar na residência dos Bertrand, Roland tocou a buzina de sua caminhonete. Ele tinha acabado de sair de uma ocorrência grave e ficou preso na delegacia até que toda a burocracia fosse resolvida e ele pudesse deixar o caso nas mãos de algum colega de trabalho. Estava atrasado, mas sabia que a afilhada entenderia.

Abriu a porta para descer do carro e Pax se adiantou, passando por cima dele e correndo para o portão, onde ficou latindo. August foi quem o abriu, indo instantaneamente para trás quando o cachorro invadiu o quintal, quase derrubando-o.

O menino vestia um suéter azul, uma touca laranja, tênis de caminhada e parecia muito feliz. Haroldo, seu tigre de pelúcia, estava pendurado em sua mão e tinha um suéter igual ao do menino, de forma que eles combinavam.

— Olá, pequeno — cumprimentou o homem, pegando August no colo. — Ça va? Digo... Tudo bem?

O menino fez que sim e eles entraram na casa, onde o padrinho o devolveu ao chão. Então correu atrás de Pax, que fugiu para o quintal dos fundos. Roland lançou um sorriso, suspeitando que havia um ar diferente na casa.

— Onde está sua irmã, ehn? — ele perguntou para o pequeno Bertrand, que não conseguiu ouvir antes de desaparecer pela porta dos fundos.

— Serve eu? — Clarisse descia as escadas. Ela vestia um coturno de couro preto, uma calça militar com um cinto afivelado e uma regata branca. Seus cachos estavam presos e ornados com um lenço acima da testa. Roland reparou que o colar de contas com a numeração de cadete Bertrand, que Clarisse recebeu ao ingressar na Academia, estava envolto em seu pescoço, no lugar do colar de folha que ela ganhou de Rebeca. No pulso direito, tinha um relógio impermeável que pertenceu ao Julian e a pulseira da amizade que ela compartilhava com Giselle.

Enquanto a observava, Roland lembrou-se do quanto Clarisse era alguém que atribuía valor emocional aos objetos.

Mon Dieu! — ele expressou, num tom de surpresa. — Precisa de tanta produção? Só vamos ao laboratório.

— Nós vamos acampar — respondeu Clarisse simplesmente, colocando sua pesada mochila sobre o sofá.

— J'hallucine! Já estava programado?

— Ela prometeu ao August — Giselle respondeu por ela. Descia as escadas atrás de Clarisse. — Aquele anjo estava louco para ir e olha só a carinha dele!

August passou correndo pela sala com um sorriso de orelha a orelha.

— E por quanto tempo pretende acampar? — o padrinho questionou, coçando a barba.

— Ah! Será só uma noite — a Bertrand respondeu, guardando algumas coisas na mochila. — A bagagem está quase pronta e ainda bem que você se atrasou. Faltam algumas coisinhas.

— Não está exagerando? — Roland indagou, não vendo sentido no porque a afilhada estava levando uma mochila de camping para passar apenas um dia acampando com o irmão.

— Perguntei a mesma coisa — disse Giselle, sentando-se no sofá.

— É só precaução. Nunca se sabe o que vai encontrar no meio do mato.

Roland balançou a cabeça em reprovação.

— Você vem com a gente, Giselle? — ele perguntou de maneira amistosa, entendendo que não valia discutir com Clarisse sobre o tamanho da mochila.

A moça sentiu corar as maçãs do rosto outra vez. Não podendo sustentar o olhar plácido de Roland, tirou o celular do bolso e abriu uma rede social para disfarçar.

— Bem, n-não... Minha mãe p-precisa de ajuda com um negócio... — ela balbuciou, inventando uma desculpa. — Fica pra próxima.

— Ah, que pena. Adoro sua companhia — Roland lamentou, sendo sincero. Pax passou por ele fugindo do pequeno Bertrand e o homem estalou os dedos e ordenou: — Assis, Pax.

O Alvorecer de EarisTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang