7 - UM LINDO SORRISO

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O tempo parecia ter parado durante aquelas revelações, mas Sofia e Raphael ainda conseguiram chegar no horário devido ao hospital. No caminho, eles deixaram Gabriel no Conservatório de Artes e Raziel na ONG.

Raphael e Sofia passaram pela imensa sala de espera do pronto-socorro, que naquela hora da manhã já se encontrava abarrotada de gente para serem atendidas na emergência. Aquela era uma época do ano que sempre levava mais pessoas aos hospitais, devido às doenças respiratórias. A baixa umidade de Esperança, somada com a secura do tempo, só contribuíam para suas proliferações.

Eles entraram pelo imenso corredor principal, registraram o ponto, depois se dirigiram aos seus postos. Algumas funcionárias que também estavam chegando para receber o plantão, viraram, sorridentes, para cumprimentá-los. Raphael, como era de se esperar, era o centro das atenções. Sofia sempre se divertia com os olhares e os suspiros de admiração, que eram dirigidos a ele. Raphael, por sua vez, tratava a todas com extrema cortesia e educação. O que lhe deixava ainda mais interessante, aos olhares femininos. Consciente disto, Raphael sempre agia com naturalidade e equilíbrio, evitando qualquer tipo de esperança ou envolvimento.

Algumas colaboradoras até perguntaram à Sofia se havia possibilidade dele ser comprometido, a única resposta plausível que ela encontrou foi um sim. O que, de certo modo, não deixava de ser verdade.

O dia foi passando e todos foram sendo atendidos conforme a gravidade. Alguns foram examinados, medicados e liberados

após melhoras. Outros que precisavam de um cuidado maior, foram encaminhados para a internação. Quem precisou de monitorização intensa, com risco iminente de morte, foi encaminhado para a UTI. Quem precisou de cirurgia imediata, foram encaminhados para o centro cirúrgico.

No final do dia, como sempre, Sofia e todos os colegas de turno estavam cansados e abatidos. Até mesmo o Anjo Raphael demonstrou estar exausto e esgotado. Primeiro, pelo cansaço físico e as longas horas em pé. Segundo, pelo cansaço mental e espiritual. Raphael lhe disse que, por trás de muitas doenças, existiam muitas outras coisas, que não eram visíveis aos olhos humanos. Segundo ele, elas sugavam a energia vital de quem trabalhava, ajudando.

***

O turno acabou às dezenove horas. Sofia esperou Raphael na saída e vinte minutos depois, eles estavam em casa, com Bruce e Brisa lhes recebendo alegremente no portão. Sofia baixou-se para pegar Brisa no colo e afagar a cabeça de Bruce.

— Sentiram saudades? — Ela perguntou, no mesmo instante em que Bruce pulava em seu colo, fazendo-a se desequilibrar e cair de costas no chão.

Raphael caiu na gargalhada, ao vê-la caindo.

— Mas que recepção hein? Não é à toa que lhes chamam de melhores amigos do homem. — Ele disse, enquanto ajudava Sofia se levantar. Ele não conseguia parar de sorrir.

— Você está bem? — Ele perguntou.

— Sim, estou ótima! Só minha dignidade que está um pouco abalada. — Ela respondeu, levantando-se do chão com um sorriso sem graça.

Raphael sorriu mais ainda ao escutar sua resposta. Não tinha como não rir de uma cena daquelas.

Gabriel e Raziel também já estavam em casa. Ao ouvir aquela algazarra, saíram para o jardim. Bruce corria de um lado para o outro, brincando e abanando o rabinho.

— Vem cá, meu garoto! — Exclamou Gabriel, se contagiando com as brincadeiras do cachorro.

A alegria que se instalou na casa foi eletrizante. Raziel girou as palmas de suas mãos para cima e olhou para o Céu. De repente, pingos de chuva começaram a cair, milagrosamente, no meio do jardim. Sofia ficou admirada ao sentir repentinamente os pingos da chuva. Como Raziel fez aquilo? Ela se perguntou. Não havia nenhuma nuvem no Céu.

Na Companhia de um Anjo I - A TerraOù les histoires vivent. Découvrez maintenant