3 - A CASA

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   Já passava do meio-dia, quando Sofia e os Anjos caminharam em direção ao Ford Mustang branco, estacionado embaixo de uma árvore, na frente do cemitério. Algumas pessoas que passavam por ali para visitar os túmulos de seus entes queridos encaravam, curiosos, aquela família, que no mínimo era diferente e interessante, aos olhos humanos. Sendo que, entre eles, a única que poderia ser considerada normal era Sofia.

A beleza de um Anjo era demais para os humanos. Sofia percebeu isto, pelos olhares de aprovação e deslumbramentos das pessoas, que com certeza deviam estar se perguntando de onde eles seriam. Eles eram mesmo de fazer qualquer um virar a cabeça para admirá-los, afinal, não era comum ver Anjos andando calmamente num cemitério, em pleno sertão nordestino.

Sofia também parou por um instante para observá-los. Gabriel era alto, tinha, em média, um metro e noventa de altura, magro, postura ereta, ombros largos e braços naturalmente fortes e musculosos. Seus cabelos eram loiros cacheados, à altura dos ombros, sua pele era branca, seus olhos eram cor violeta. Gabriel mais parecia uma pintura perfeita ou um galã de cinema. Ele se vestia de forma simples e elegante com uma camisa de linho champanhe e calças brancas de algodão. Gabriel tinha uma beleza sobrenatural e, com toda a certeza, nunca passaria despercebido por alguém.

Raphael era pouco mais baixo que Gabriel. Ele devia ter um metro e oitenta e oito de altura, mas com as mesmas características físicas: magro, postura ereta, ombros largos, braços também naturalmente fortes e musculosos, pele negra, cabelos pretos, curtos e olhos cor de avelã. Raphael tinha uma beleza incri-

velmente exótica. Ele se vestia de forma fina e sofisticada com

uma camisa branca de algodão, casaco cinza e calças bege.

Raziel era a mais baixa dos três, tinha mais ou menos um metro e oitenta de altura, magra, traços femininos, delicados e uma voz tão melodiosa e suave, quanto a mais perfeita canção. Seus cabelos eram castanhos, claros, compridos, sua pele era branca, seus olhos eram cor de esmeralda. Raziel mais parecia uma das famosas Angels, da Victória's Secret, ou uma das modelos capas, da revista Vogue. Ela tinha uma silhueta perfeita, em um vestido, cor de safira, de extremo bom gosto.

Cada um deles possuía suas próprias particularidades pessoais. Algo que Sofia foi observando ao longo dos anos. O Anjo Raphael tinha um ar sério e compenetrado, enquanto o Anjo Gabriel era sorridente e brincalhão. Já o Anjo Raziel era metódica e tradicional. Ela tinha um notável senso de domínio próprio e intelectual. Raziel era mais que uma inspiração para Sofia, era também um espelho, um exemplo a ser seguido.

***

Eles saíram do cemitério e pararam em frente ao automóvel de Sofia. Gabriel examinou o veículo com um olhar divertido.

Sofia havia ganhado o carro de um amigo muito especial. Seu nome era Antônio, um senhor de 84 anos, ao qual ela havia prestado cuidados de enfermagem. Antônio morava com a esposa em Roseiral. Ele lhe dera o veículo, assim que recebera a notícia de que ela estava se mudando da cidade.

— Você é jovem, tem uma vida toda pela frente, merece viver melhor. Já que se decidiu a partir, vou lhe dar um empurrãozinho para auxiliar na jornada.

Antônio conduziu-a até os fundos da casa e apontou para o carro, estacionado no quintal.

— É seu. — Ele falou, retirando as chaves do bolso e as entregando a Sofia.

Sofia olhou, espantada, as chaves na mão de Antônio. Não estava esperando àquela atitude.

— M-a-s... mas... eu não posso aceitar, senhor Antônio... é... um carro. Um carro que o senhor adora.

Na Companhia de um Anjo I - A TerraWhere stories live. Discover now