Outra carta.

"Hoje eu consegui ligar o rádio quando Diogo saiu de casa e pude ouvir Vira-vira tocando, logo após ouvi a entrevista que vocês deram para a rádio e isso me encheu de felicidades, ouvir sua voz me deu esperança. Eu te amo e estou orgulhosa."

"Amanhã faz três semanas que estou presa aqui, as vezes eu me sinto uma idiota por não sair por aí gritando socorro e pedindo ajuda, mas a verdade é que quando ele sai de casa eu já estou sem forças, ele me bate todos os dias para garantir que eu irei ficar quieta e me tranca dentro do quarto que tem proteção acústica, já cansei de gritar e ninguém me escutar. Será que isso um dia vai acabar? Faz quase um mês, mas parece que eu estou a anos presa."

"Sam, você me perdoaria se eu desistisse? Hoje completa um mês que estou aqui e eu já perdi as esperanças. Acho que ele planeja me matar, pois ouvi ele falando no telefone com alguém sobre um tal seguro de vida... Hoje eu orei para que quando ele fosse me bater, me matasse de vez, a minha dor física não é comparada a dor que sinto em meu coração. Sinto sua falta."

"Diogo chegou em casa, bebeu e me bateu mais uma vez, mas dessa vez consegui pegar a chave dele e vi na agenda que vocês vão fazer um show amanhã, eu vou fazer de tudo para ir e eu sei que vou conseguir. É aniversário do Sérgio e eu não vou deixar o aniversário dele passar em branco, Deus vai me ajudar."

Samuel sente o coração doer, as páginas eram manchadas com lágrimas e ele conseguia sentir a tristeza de Diana a cada carta que lia. Seu olhar vai para a mesa rachada e sobre ela o seguro de vida com a assinatura de Diana e gotas de sangue sobre o mesmo, ele passa as mãos no rosto limpando as lágrimas e pega a folha, colocando junto com as cartas.

O rapaz olha ao redor e encontra uma maleta marrom sobre a estante, ele pega a mesma e abre, tirando uma pasta. Dentro dessa pasta havia vários documentos, incluindo o rg de Diana, mas o que chamou sua atenção foram os extratos bancários da conta de Diana e os valores exuberantes que entravam e saiam.

Ele deixou o ar que nem percebeu que segurava escapar quando sua ficha caiu.

Diogo era agiota e estava usando Diana como laranja.

Na mesma pasta havia fichas de alguns policiais e Samuel sentiu o coração acelerar ao reconhecer um deles, o mesmo que tinha lhe acompanhado até ali. Ele guarda os documentos na maleta, pega as folhas e coloca na maleta também.

- Vamos! - ele fala e tenta passar pela porta, mas o policial o impede.

- Você sabe que não vai sair, não sabe? - o rapaz pergunta e suspira. - Diogo só faz merda, eu falei que isso iria explodir e o filho da puta faz o quê? Me sequestra a porra da irmã de um dos Mamonas Assassinas, é muita burrice. - o homem tira a arma do coldre e a ponta para Samuel. - Passa a maleta pra cá.

Antes que Samuel pudesse responder, ele escuta uma pancada e o policial cai inconsciente no chão. O Reoli olha assustado para o homem caído no chão e se surpreende ao ver o rapaz parado na porta.

- Vai logo, garoto. - Ricardo fala de forma ofegante. - Já estão sabendo que o Diogo está na delegacia e mais pessoas virão atrás dessa maldita pasta.

Samuel encara Ricardo sem saber o que dizer, o olha por alguns segundos e sai em disparada do apartamento. Ele corre como nunca correu antes e desce as escadas desesperado, ao sair para o hall do prédio, prende a respiração e tenta se manter calmo ao ver dois homens na portaria.

Se vestiam como Diogo, usavam ternos e as caras estavam fechadas. No pulso, um relógio que com certeza comprava duas casas e ainda sobrava, Samuel engole em seco e respira fundo, segue normalmente até a saída e quando se vira para olhar os dois, acaba esbarrando em um terceiro homem.

- Acho que isso é seu, garoto. - o mais velho fala pegando a maleta marrom e entregando para Samuel.

O garoto apenas força um sorriso e pega a maleta, ele sai do prédio sentindo o olhar do homem queimar em suas costas e caminha até a esquina tentando manter a calma. Ele segue até o ponto de táxi e entra em um, o motorista o encara e espera que ele fale o destino, mas Samuel não conseguia abrir a boca.

- Para onde, garoto? - ele pergunta e Sam tenta focar em sua respiração para regularizar a mesma. - Você não é o baixista daquela banda famosa? Mamães Assassinas?

- Quê? - ele pergunta confuso. - É, é isso aí. - ele decide não questionar. - Vermelhinho, preciso ir para o hospital Vermelhinho.

O garoto abraçava a pasta como se sua vida dependesse disso, pois ali estava o que ele precisava, ali estava o que João precisava e o que a Diana precisava.

Ali estavam todas as provas contra Diogo.

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Capítulo escrito: 01.05.2024

Capítulo postado: 01.05.2024

Em seus braços - Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)Where stories live. Discover now