Especial

525 46 11
                                    

"Mamãe, preciso te apresentar alguém muito especial para mim, mas o pai Gustavo vai ter que conhecer junto.", essa frase não parava de martelar em minha cabeça, desde que Gust começou a me ajudar a cuidar do Dan, ele o chama de pai. Era fofo, ele tinha dois pais o pai Jonathan e pai Gustavo, ele se sentia muito feliz e especial. Ele tinha dois pais, nas palavras dele, ele podia brincar em três casas diferentes e ser paparicado por três pessoas, enquanto os outros só tinham dois. Ele adorava a vida que tinha, era uma criança alegre, uma criança que estava toda contente dizendo que tem alguém importante para me apresentar. Uma coisa tão séria para alguém tão pequeno, o agravante era o convite ter se extendido para o Gust.

— Mei, não deve ser nada demais — falou o meu melhor amigo pela décima vez, eu estava deitada em sua perna, estava muito preocupada — ele é só uma criança, fique calma

— Eu juro que se você me mandar ficar calma de novo te faço engolir a almofada — falei me levantando e jogando nele uma almofada — ele é o meu bebê, uma criança, não tinha que me falar isso.

— Exato — afirmou me jogando de volta a almofada — pode ser um namorico de crianças.

— Criança não namora — bufei afundando a cabeça na peça que ele jogou em mim.

— Verdade — comentou pude sentir ele levantar e sentar ao meu lado.

— De onde ele tirou que tinha que apresentar alguém importante — senti braços me envolvendo — eu sou mãe de primeira viagem, e solteira ainda.

— Ei! — Exclamou me apertando um pouco. — Eu não sou seu marido ou namorado, mas ainda cuido dele, não 24 horas por dia, 7 dias da semana as 53 do ano, todo ano. Mas ainda eu tento cuidar.

— Eu sei — dei de ombros — eu quem quis adotar ele, mas não me arrependo adoro o meu pequeno.

— Nosso — corrigiu me soltando um pouco — agora suba e se arrume, vou em casa e volto para a gente buscar ele na escola e levar no restaurante que ele pediu, como o tempo que demora no banho da certinho.

— Eu não sei por que você é o meu melhor amigo — falei subindo as escadas.

— Por quê você me ama, sou a melhor pessoa ao seu lado, só perco para o seu irmão, é difícil competir com ele.

— Vocês são os melhores que eu podia ter — falei terminado de entrar no meu quarto.

Era o horário de buscar o Dan na escola, Gust decidiu que nós iríamos no carro dele, pois eu poderia bater em um poste. Segundo ele eu estava parecendo uma adolescente rebelde em todos os sentidos, não uma mãe. Eu estava emburrada sim e isso estava estampado na minha testa. Chegamos na escola e vimos a turma dele sair, em um pulo ele abraçou nós dois de uma vez. Fizemos uma cadeirinha e andamos com ele entre nós, os três felizes, até ele dizer qual restaurante a gente iria almoçar e meu coração apertar de novo.

— Eles estão ali mamãe — ele falou animado e me puxando para uma mesa no centro — vamos! — Desta vez foi mais manhoso.

— Claro — disse tentando o acompanhar e puxei Gust pelo pulso para nos acompanhar — quem iremos conhecer? — Ele me ignorou até chegar na mesa.

— Mamãe e papai — Dan e um garoto falaram juntos e Dan continuou — esse é o meu grande amigo Augusto.

— E esse é o meu grande amigo Dan — o pequeno rapaz falou. Pode-se ouvir o suspiro de alívio das duas mães do local e uma pequena risada dos pais.

— Pai Gustavo — Dan o chamou o sentando ao lado do Augusto — lembra que me disse: "Quando você achar uma pessoa importante, você deve protegê-la, pois isso é amizade de verdade" — o pequeno disse tentando imitar sua voz.

— Claro — concordou sentando na lateral da mesa depois de puxar uma cadeira para eu me sentar — foi quando você perguntou por que eu ficava junto de vocês, mas morava em casa separadas — o pequeno só assentiu.

— E papai — o Augusto falou chamando a atenção de todos — o senhor disse para mim que se alguém for confiável eu tenho que apresentar a família.

— Certo — concordou orgulhoso como Gustavo.

— Não acho que seja nesse sentido — falei junto a mulher que estava na mesa, rimos um pouco e ela proseguiu — mas fico feliz de vocês serem tão amigos que quiseram apresentar a família.

— Em um agradável almoço — comentei aliviada, ele era muito pequeno para ter paquera ou algo do tipo — agora por que você não contaram para a gente o assunto, digo o Dan não me falou nada o Augusto disse?

— Nenhuma palavra — podemos ouvir quatros risos diferentes ao nosso redor, todos sabiam menos a gente — foi de propósito. Vocês queriam preocupar a gente.

— Conversamos em casa — falei para o Dan que olhou para o Gust — e você mocinho — apontei para o Gust que ainda ria — não acredito que foi cúmplice do Dan.

— Mas mamãe ele que deu a ideia — Dan falou se defendendo.

— De castigo os dois — falei séria, mas estava brincando — sem vídeo game para os dois.

— Eu jogo em casa — Gust falou dando de ombros.

Todos nós rimos. O almoço foi muito proveitoso, as duas famílias estavam bastante felizes com a amizade de nossos filhos. E eu aprendi que não adiantava ficar desesperada, um dia Dan iria crescer e seguir sua vida e eu não iria o segurar.  Depois dos dois brincarem juntos os levamos para casa, ambos dormindo, era bom ter novos amigos. Gust decidiu que iria passar a noite jogando em casa, ele queria me compensar pelo susto. Mas eu estava acostumando com essa nova vida, apesar de não morar comigo Gust sempre vinha almoçar comigo quando a gente tinha um tempo. Dan intercalava entre eu, John e Gust, cada um tinha o seu horário de trabalho e estudos. Junto com a escola era bem razoável, o turno da noite normalmente era meu, mas nada impedia dos outros dois dormirem aqui em casa. Dan tinha um poder mágico sobre nós, todos os três morriam de amores por ele e a recíproca é verdadeira. Os três irmão cuidando de uma criança, isso que nós éramos. Jonathan adotou o Gust como irmão antes de mim, os dois sempre se deram bem. Nós éramos uma família feliz, com muitos problemas no passado e feridas, contudo feliz e isso que nos importava a felicidade de cada um.

Isso significa amar não é? Para mim amor era o que sentíamos, a felicidade deles era o que importava pra mim e o contrário também. Quem chegava perto podia sentir o amor que emanava naquela casa. Cada um com o seu coração ferido pela paixão, entretanto o amor ainda reinava. Família, amor, era a nossa base, para tudo e assim continuaria. Era somente isso que eu queria passar para o pequeno Dan, sei que John e Gust também. Hoje eu vi que apesar de não ser moldada a nossa família, ela é a melhor. A melhor que eu podia querer. A melhor que eu poderia ter. A melhor para nós, não importava o restante, apenas a nossa felicidade.

~x~x~x~
Voltei depois de tanto tempo para deixar esse especial pequenininho, Dan já cresceu um pouco, Mei seguiu sua vida e encontrou a verdadeira felicidade é o verdadeiro amor. Eu quero agradecer novamente a todos que leram, peço desculpas por não ter respondido os comentários, eu havia "abandonado" essa conta, abri por curiosidade e essa foi a única coisa que consegui pensar para agradecer a vocês. Do meu coração meus sinceros agradecimentos.
~Mei

Caçadora de AsasWhere stories live. Discover now