Capítulo 08 🦋

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Aquela conversa teria que acontecer em algum momento, não sei se escolhi o certo para vomitar tudo na cara de Christian, mas sua cara contorcida, como se estivesse com dor, me fez pensar que não

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Aquela conversa teria que acontecer em algum momento, não sei se escolhi o certo para vomitar tudo na cara de Christian, mas sua cara contorcida, como se estivesse com dor, me fez pensar que não. Muito pelo contrário, eu pensava se deveria mesmo ter dito tudo de uma vez só, era realmente o que eu pensava, o que eu sentia e Christian não sentiria, ou pelo menos, não era para ele sentir. Ele era indolor

Suas feições não suavizavam, seu olhar parado em meu rosto, trouxe uma sensação estranha para dentro de mim, contudo, eu sabia que ele lidaria bem com aquilo, talvez, fosse só o fato de não esperar tais palavras de mim, ou de nunca ter ouvido aquilo por onde passava, seu círculo de bajuladores era extenso

Um grunhido rouco de Lois, parece ter o tirado do seu breve transe, ele abaixou o olhar para a cadela que arranhava sua perna em uma espécie de consolo. Não entendi a reação da minha pequena, nem tentei entender também. Christian a segurou nos braços, dando-lhe um abraço apertado e recebeu algumas lambidas no rosto que lhe arrancaram um sorriso contido.

Ufa, enfim ele estava de volta

- O que foi, garota?

Ele disse, ainda agarrado a ela. Só que eu não tinha muita reação ou sabia o que dizer. A pouco nós estávamos conversando e não era uma conversa das mais amigáveis

- Ela parece gostar de você

Falei enfim, já levantando e recolhendo o meu prato, meu apetite havia sumido.

- Deixa, eu limpo aqui

O olhei meio sem jeito, porque aquele Christian ainda estava ali, não havia gritado ou reclamado, só parecia aéreo e arrisco dizer que um pouco triste

- Você não precisa mesmo fazer isso, Christian

O homem grande deixou Lois no chão e começou a recolher as coisas da ilha, tomou também o prato da minha mão e o levou para a lavadora. Eu só observava tudo quieta, escorada na ilha e sentindo a minha perna reclamar um pouco

- Tudo bem, você que sabe!

Resmunguei, quando sua resposta não veio. Eu podia jurar que ele estava se segurando muito para não brigar, eu só não sabia o por que. Virei em meus calcanhares e mancando, fui deixando a cozinha

- Alice

Ouvi o seu chamado, quando já estava perto da escada e virei para encara-lo. Ele se aproximou lentamente e olhou nos meus olhos, analisando minuciosamente

- Fale, Christian

- Vou passar a noite aqui... - ele passou a mão na barba rala – vou em casa olhar o Kal e volto, não vou deixar você sozinha

Se eu queria que ele ficasse? Com certeza. Só não me iludia mais com suas gentilezas ao ponto de comemorar, só era grata por seu lado humano e sensível, por estar mais uma vez cuidando de mim, ainda que por consideração ao meu irmão

Refúgio no amor (Vol. 2) A descoberta Where stories live. Discover now