Lesath: Genes Lupus.

Capítulo 9

Confesso que morar naquele lugar parecia tão mágico quanto o primeiro dia, como se nunca parasse de ser incrível e bem, me sentia muito livre de viver ali, comendo o que queria, fazendo o que queria, lendo o que queria e nunca achei que isso aconteceria.

Nunca achei que as coisas estavam erradas, mas talvez estivessem.

Aemond continuou a me fazer companhia na biblioteca, assim como todas as manhãs no café da manhã. Aegon permaneceu ali, mas com seu aniversário próximo se isolou e eu entendia de certa forma a ansiedade e a chateação por ter que se unir com alguém, sem nem mesmo saber quem.

Não que eu achasse que Aemond,  como irmão mais velho fosse escolher uma pessoa ruim para o próprio irmão, principalmente pela maneira que ambos eram um com o outro.

Era natural sentir o medo, a aflição e a insegurança do futuro.
Com livros, estava aprendendo sobre tantas coisas, tantos sentimentos e sensações, que por mais confuso que fossem, me fazia ver o mundo de outra maneira, bem aos poucos.

Não sabia que existia algo além da obrigação e do dever para nós, mas talvez houvesse.

— Aegon, você tem que sair um pouco — falei ao adentrar o quarto do meu cunhado e o encontrar enrolado no cobertor, já que fazia frio naquele dia. Ele estava como um bolinho enrolado, olhando tv. — Quer conversar?

— Conversar sobre o que? — resmungou Aegon sem me encarar e isso me fez suspirar e me aproximar dele, sentando ao seu lado na imensa cama bagunçada. — Não quero conversar sobre ser vendido para um alfa como a porra de um objeto para engravidar.

Aprendi muito com Aegon e que meu pai nunca fique sabendo, mas até xingar já fiz, não que fosse falado em voz alta e dirigido para alguém.
Aegon tinha uma capacidade enorme de ser tão simplório, porém forte e determinado com suas palavras.

— Seu irmão não escolherá qualquer um — resmunguei mesmo que um pouco incerto. Não entendia sobre essas negociações e nem perguntava nada para Aemond, afinal, o medo de o chatear ainda existia dentro de mim.

— Pelo menos é ele que escolhe e não minha mãe, isso é um alívio — disse Aegon bufando e isso teria me feito rir em outra ocasião, porém percebia que ele estava tenso demais.— Você e Aemond... Hã... Realizaram a consumação?

Sua pergunta me pegou de surpresa e a vergonha abateu meu rosto instantâneamente e me engasguei com a minha própria saliva, para ser ainda mais vergonhoso.
Não esperava uma pergunta desta, principalmente vindo de Aegon.

— O.. Oque?! — falei alto, assustado e envergonhado, vendo que Aegon realmente estava perguntando de uma maneira séria e isso me fez suar pelas mãos, tamanho nervosismo.

— Pela sua reação, dá pra ver que não e tudo bem, Luke. Não estou te perguntando com nenhum motivo oculto, é só que... Eu queria saber como é — disse Aegon dando de ombro, como se o assunto não fosse algo extremamente perverso.  Evitava pensar ou ler qualquer coisa que remetia a perversão, receoso demais em se deixar levar por ilusões. —  Sei que Aemond nunca o forçaria, só queria saber se você sente atração.

Atração?
Atração é a ação de atrair algo ou alguém, de forma encantadora ou sedutora, a partir de um conjunto de características que despertem o interesse ou o desejo por algo ou por alguém.

Eu tinha lido sobre palavras, porque achei algo interessante e  não era como se eu fosse burro, tive aulas sobre linguagem, mesmo que os meus antigos tutores não se importassem em ensinar nada a mim sobre sentimentos, significados ou qualquer coisa disso. Para eles e nossas famílias um ômega não deveria aprender nada que fosse usado contra o governo, eles e contra o marido.