Capítulo 2

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Se eu pudesse renascer,  teria preferido nascer em uma Era onde ser normal não era ser aquilo, ou que fosse um alfa.

Alfas não tinha que ter a obrigação de se casar cedo, nem tinha regras rígidas sobre comportamento e reprodução.
Ainda que, todos devessem, em algum momento, casar e dar continuidade ao seu gene.

E os ômegas tinham que começar a fazer aquilo aos dezoito anos.
E era um absurdo total, mas levando em conta como era antigamente o regime de contratos, até que eles levavam muito "em conta" a condição física.

Foda-se.
Foi o que pensei ao estar me despedindo da mãe e do pai, além do irmão mais velho, que era um alfa, para a sorte dele mesmo.

— Você me mantém informado, ok? — perguntou minha mãe preocupada e me abraçou apertada e suspirei ao assentir, concordando. — Fique bem, se alimente e te cuide. Me visite quando quiser.

— Querida, eles estarão em Lua de mel — relembrou meu pai alfa e isso me fez bufar. Meu pai era realmente adorador do governo atual, já que nada o prejudicava. — Boa viagem, filho.

— Seria muito bom se fosse uma viagem realmente, mas é apenas mais uma de suas vendas bem sucedidas — resmunguei para ele, notando como meu pai ficou rígido. — Tchau, Jace.

— Tchau irmão. — Jace disse, me abraçando rapidamente e logo se afastando quando nosso pai colocou a mão em seu ombro, um toque sútil para nos afastarmos e irmos logo.

Minha mãe era uma ômega e meu pai um alfa, tendo a mesma mutação genética como todos tinham.
A margem de sucesso para reprodução era grande e o governo tomava cuidado para não haver excesso também, controlando cada gravidez de perto. Por ser uma Era moderna, repleta de tecnologia e comunicação, era fácil perceber e cuidar da vida alheia.

Alguns casais eram permitidos ter apenas dois filhos.
E outros tinham mais, porém eram "recomendados" a doar para aqueles (alfas) que tinham problemas.
Mesmo que nenhum alfa realmente assumisse seu erro genético em não poder ter filhos e colocasse a culpa em nós, ômegas.

Não que as famílias ricas soubessem o que era limites.
O dinheiro e as conexões comandava o mundo há tempos e sempre será desta forma.

Após me despedir, caminhei calmamente até o carro preto que me esperava e antes mesmo que eu pudesse tocar na maçaneta, a porta foi aberta por dentro, pelo meu, então, marido.
E eu entrei, até porque não tinha opções viáveis e já estava farto daquilo.

Não podia ser tão ruim, não é?

Errado, absolutamente errado.
O caminho todo foi feito em silêncio e havia apenas nós dois e o motorista, aparentemente sua família não se deu o trabalho de me receber na família ou ao menos se despedir amigavelmente e sequer avistei o casal.
Não acho que aquele cara seja o líder do conselho, o pai dele.
Talvez padrasto? Confuso.

Enfim, o caminho foi demorado, tanto que adormeci no banco confortável e quando acordei estávamos no meio do nada e era um local muito propício para me matarem e me enterrarem, sem nunca ninguém me achar.

E não sei se estava pensando assim por estar grogue de sono ainda ou se realmente era por ser uma possibilidade.

O cara parecia mudo, intimidante e tinha uma postura rígida, mesmo durante uma hora sentado naquele carro e na mesma posição.
O local que estávamos entrando parecia ser uma propriedade extensa, repleta de árvores ao redor da pista bem iluminada e bonita, demonstrando todo conforto e riqueza até mesmo na estrada de cimento que levava diretamente para frente de uma mansão.

A mansão era extensa e estava iluminada, por conta do sol se pondo e nem percebi que estava ficando tão tarde.
A decoração era branca, completamente branca por fora e quando desci do carro e a porta do carro foi aberta por algum empregado, arregalei ao ver uma porta extremamente grande com um emblema da família dele, que parecia ser três cabeças de dragões.

Lesath: Genes Lupus.Where stories live. Discover now