Capítulo 8

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Gargalhei alto ao ver Aegon perder novamente, sendo tão ruim em jogar que era engraçado, afinal, ele mal sabia mexer nos controles básicos do objeto e mesmo que eu também não seja profissional nisso, ainda sim, estava em vantagem contra meu cunhado, que bufou ao quase jogar o console do videogame no chão da salas de jogos, esta sala que estava se tornando um refugio compartilhado tanto por mim quanto pelo outro ômega.

Uma semana se passou e foram dias ótimos e animados, já que ter uma companhia constante tornava tudo excelente e nossa rotina nos aproximou e nos tornou grandes amigos, porque me sentia muitíssimo bem em tê-lo ao meu lado e era tão natural a maneira como me senti a vontade perto dele que não o avistava como apenas um cunhado e sim como meu grande amigo, um dos únicos que já tive, na verdade.

Aemond passou a ficar mais tempo no trabalho e se tornou normal para mim vê-lo poucas vezes e isso deveria me deixar tranquilizado, só que não era isso que causava em mim e sim, um vazio.

— Senhores, vocês receberam um convite especial para um chá da tarde. — disse Amélia assim que adentrou o cômodo, ignorando completamente nossos modos inadequados e a bagunça da mesa a frente da televisão. — É da família do Sr. Marcus, mestre do nosso senhor, Aemond. 

Aegon pausou o jogo assim como eu o fiz e suspirei ao ter o papel em mãos, notando como era fútil manter essa coisa antiga de cartas, sendo que agora a internet era muito mais rápida, mas sabia que para os nobres não importava os meios, nem que tivessem que desmatar toda a natureza verdadeira do nosso mundo para ter seus gostos atendidos, tais como cartas. Céus, que situação desagradável e não queria ir, mesmo assim não era cortes ignorar um convite, principalmente vindo desta família tão importante e acho que Aemond gostaria que eu fosse, ainda que, não fosse o informar sobre, não agora ao menos.

Raramente o mandava algo por mensagens e ele também não tinha a tendência de ser conectado com as redes e a internet, em um modo geral, usando apenas para verificação de papelada e coisas em relação ao trabalho pelo pouco que pude perceber de seus modos.

— Vamos! Vou com você — Aegon exclamou animado, como se tivesse pensando em algo e isso era ruim, totalmente ruim, mas não poderia realmente recusar, não sem uma desculpa muito convincente. — Se arrume! 

— Não é uma boa ideia isso — murmurei suspirando, intercalando meu olhar entre uma Amélia indiferente e um Aegon animadíssimo e isso me fazia ter calafrios.

No fim, realmente me arrumei com uma roupa melhor do que estava vestindo, sem ser muito casual, nem formal demais para tal encontro da tarde. E assim, fomos até a propriedade que para minha surpresa também não era na cidade e que também não era muito longe da nossa. O percurso de carro foi animado e cheio de falatório, afinal, Aegon tinha muito o que dizer e eu o ouvia atentamente, tendo Amélia como nossa acompanhante nessa aventura descabida. 

Gostaria de estar em casa, ansiando por descobrir as nuances dos livros, enquanto apreciava os sentimentos que descobria, mesmo sendo meros descritos em folhas, ainda sim, nunca me senti tão feliz quanto estava nos últimos tempos, pois ter a liberdade de ler o que queria me fazia sentir livre, principalmente morando longe da cidade e das câmeras invasivas, do falatório exaustivo, da falsidade e da imagem cansativa que tínhamos que manter constantemente perante uma sociedade fútil.

Não sabia descrever o quão liberto me sentia estando casado há poucas semanas e nem sabia se deveria me sentir desta forma.

Era certo viver desta maneira quando fui criado para viver de outra maneira?

— Chegamos e puxa vida, que casa hein. Nada modestos — exclamou Aegon animado, parecendo uma criança que estava saindo pela primeira vez de casa.

Ri baixinho ao descer do carro e  vê-lo tão animado e fomos recebidos pela governanta da casa. Realmente a casa era imensa, tanto quanto a casa de Aemond.
Nos levaram para sala de estar e tinha uma mesa lá, as mulheres ômegas da família do chefe de Aemond nos aguardavam e isso era irritante e desconfortável, afinal, não me esqueci da maneira como fui tratado na primeira vez que nos vimos.

Lesath: Genes Lupus.Where stories live. Discover now