Com os fones a toda altura, os cabelos loiros ondulando com o vento e o coração palpitante de ansiedade, Giselle caminhava pela calçada seguindo as batidas de uma música alegre. Sentia-se animada e confiante e era impulsionada pelo sol radiante, pelo céu azul e sem nuvens e pela brisa fresca que balançava as copas das árvores e a aba do seu vestido florido.
Que dia!
Cruzou as catracas do campus, dando bom dia aos seguranças do prédio e às pessoas por quem passava, como sempre fazia. Andou pelo jardim e tão logo desfilou pelo corredor em direção à sala de aula. Assim que abriu a porta, procurou dois lugares vazios e os avistou entre alguns rapazes e perto das janelas.
Então ajeitou seus cabelos atrás da orelha e caminhou lentamente na direção deles. Após um cumprimento educado, sentou-se e colocou a bolsa na cadeira ao lado para reservá-la. Sua melhor amiga tinha o costume incorrigível de chegar atrasada.
— Giselle — chamou um dos rapazes.
— E aí? Tranquilo? — ela lançou, com tanta simpatia e descontração que o rapaz ficou envergonhado.
— Me ajuda com um negócio? — ele pediu.
— Diz aí, pra eu ver se posso. — Ela sorriu ao dizer, mantendo a simpatia.
— É sobre a Clarisse.
A jovem ponderou, mas não esperou ele continuar.
— Posso dar um conselho de amiga?
— É o que eu quero — o rapaz respondeu, cruzando os braços e se apoiando no colega ao lado, que estava sentado e resmungou alguma coisa.
— Minha intuição diz que tu não vais me ouvir, mas eu direi mesmo assim — ela falou, tomando um ar sério e ajeitando a postura na cadeira. — Conhecendo a Clarisse como eu conheço, é melhor tu não tentar nada com ela. Minha melhor amiga está muito focada na criação do irmão e no desenvolvimento da carreira dela. Clarisse sempre me diz que não tem tempo pra romance e rejeitou todos os caras que tentaram sair com ela do ano passado pra cá.
— Mas sou diferente dos outros caras.
Giselle suspirou de decepção e o sorriso amigável que ela tinha no rosto se desmanchou a cada palavra de afirmação do rapaz, até perder por completo o interesse naquela conversa. Estava pronta para dar uma resposta que silenciasse o colega, quando o professor de projetos urbanos entrou pela porta, deixando-a aliviada.
— Bom dia, crianças — o professor saudou com entusiasmo, colocando seu material sobre a mesa de forma espalhafatosa.
A animação logo foi embora e ele juntou as mãos em frente ao corpo, falando com uma tranquilidade ameaçadora.
— Tenho uma viagem marcada com minha noiva e não quero perder tempo com provas de recuperação para alunos desleixados, preguiçosos e vagabundos.
A turma se olhou diante da mudança drástica de humor.
Então fez uma pausa, olhando com furor para alguém.
— Inclusive, estou me referindo a você — ele disse, virando-se em direção ao aluno do fundão —, Luciano, nada de ficar colando na prova! Qual é? Você consegue fazer melhor se tentar.
O aluno se encolheu com o constrangimento e o sinal bateu, marcando o início da aula.
O professor se dirigiu até a porta para fechá-la. Giselle olhou-a ainda rindo e instintivamente começou a contar. Cinco, quatro, três... Ele pegou a maçaneta e pediu para os alunos se sentarem. Ouviram-se passadas rápidas no corredor enquanto ele fechava a sala. Dois, um...
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O Alvorecer de Earis
Science FictionAlô, queridos O que você faria se fosse parar em um planeta totalmente desconhecido? Enquanto investigam o mistério que envolve seus pais já falecidos, os irmãos paulistas Clarisse e August Bertrand, sofrem um acidente ao descobrir um laboratório es...