- 2.Amizades -

13 3 12
                                    

Com os fones a toda altura, os cabelos loiros ondulando com o vento e o coração palpitante de ansiedade, Giselle caminhava pela calçada seguindo as batidas de uma música alegre. Sentia-se animada e confiante e era impulsionada pelo sol radiante, pelo céu azul e sem nuvens e pela brisa fresca que balançava as copas das árvores e a aba do seu vestido florido.

Que dia!

Cruzou as catracas do campus, dando bom dia aos seguranças do prédio e às pessoas por quem passava, como sempre fazia. Andou pelo jardim e tão logo desfilou pelo corredor em direção à sala de aula. Assim que abriu a porta, procurou dois lugares vazios e os avistou entre alguns rapazes e perto das janelas.

Então ajeitou seus cabelos atrás da orelha e caminhou lentamente na direção deles. Após um cumprimento educado, sentou-se e colocou a bolsa na cadeira ao lado para reservá-la. Sua melhor amiga tinha o costume incorrigível de chegar atrasada.

— Giselle — chamou um dos rapazes.

— E aí? Tranquilo? — ela lançou, com tanta simpatia e descontração que o rapaz ficou envergonhado.

— Me ajuda com um negócio? — ele pediu.

— Diz aí, pra eu ver se posso. — Ela sorriu ao dizer, mantendo a simpatia.

— É sobre a Clarisse.

A jovem ponderou, mas não esperou ele continuar.

— Posso dar um conselho de amiga?

— É o que eu quero — o rapaz respondeu, cruzando os braços e se apoiando no colega ao lado, que estava sentado e resmungou alguma coisa.

— Minha intuição diz que tu não vais me ouvir, mas eu direi mesmo assim — ela falou, tomando um ar sério e ajeitando a postura na cadeira. — Conhecendo a Clarisse como eu conheço, é melhor tu não tentar nada com ela. Minha melhor amiga está muito focada na criação do irmão e no desenvolvimento da carreira dela. Clarisse sempre me diz que não tem tempo pra romance e rejeitou todos os caras que tentaram sair com ela do ano passado pra cá.

— Mas sou diferente dos outros caras.

Giselle suspirou de decepção e o sorriso amigável que ela tinha no rosto se desmanchou a cada palavra de afirmação do rapaz, até perder por completo o interesse naquela conversa. Estava pronta para dar uma resposta que silenciasse o colega, quando o professor de projetos urbanos entrou pela porta, deixando-a aliviada.

— Bom dia, crianças — o professor saudou com entusiasmo, colocando seu material sobre a mesa de forma espalhafatosa.

A animação logo foi embora e ele juntou as mãos em frente ao corpo, falando com uma tranquilidade ameaçadora.

— Tenho uma viagem marcada com minha noiva e não quero perder tempo com provas de recuperação para alunos desleixados, preguiçosos e vagabundos.

A turma se olhou diante da mudança drástica de humor.

Então fez uma pausa, olhando com furor para alguém.

— Inclusive, estou me referindo a você — ele disse, virando-se em direção ao aluno do fundão —, Luciano, nada de ficar colando na prova! Qual é? Você consegue fazer melhor se tentar.

O aluno se encolheu com o constrangimento e o sinal bateu, marcando o início da aula.

O professor se dirigiu até a porta para fechá-la. Giselle olhou-a ainda rindo e instintivamente começou a contar. Cinco, quatro, três... Ele pegou a maçaneta e pediu para os alunos se sentarem. Ouviram-se passadas rápidas no corredor enquanto ele fechava a sala. Dois, um...

O Alvorecer de EarisWhere stories live. Discover now