Alfred sentia-se exausto, o velho mordomo sabia que seria difícil cuidar de uma adolescente em crescimento mas não tinha ideia que seria tanto. Perdido em pensamentos, quase não ouviu a voz de Bruce que se encontrava na soleira da porta, os braços cruzados.
- Ela vai entender. - Bruce olhava para o amigo solidário, ele entendia como era difícil lidar com crianças como Andrea.
- O temperamento dela me lembra muito o de Marie. - Alfred encheu duas xícaras, uma com café e a outra com chá.
Empurrando o café na direção de Bruce, os dois homens sentaram-se um à frente do outro em silêncio. Alfred lembrava como Jully, com dez anos na época, ficou chateada por ter que ir para um internato assim como também lembrava o quão brava Marie estava com ele quando a trouxe de volta para casa três anos depois. Aparentemente algumas crianças do internato não foram amigáveis com ela, expondo a jovem a situações de bullying infantil.
A recusa de Andrea só poderia ter alguma relação com o que Jully passou e se fosse isso ele não teria como convence-la do contrário, deixando-o com as mãos atadas. Olhando pela janela, Alfred viu nuvens escuras cobrirem todo o azul do céu, pelo jeito hoje seria mais um dia nublado em Gotham.
Andrea não tinha palavras para descrever os próprios sentimentos naquele momento, a única coisa que poderia dizer é que não queria estar ali, naquela cidade esquecida por Deus rodeada de todos os vilões mais perversos que existiam e principalmente na companhia da última pessoa que ela poderia chamar de família.
A sensação de solidão era intensa e tão devastadora que a menina não conseguiu mais segurá-la no peito, as lágrimas mancharam sua face antes de caírem sobre as rosas brancas. Ela só queria voltar para casa, para o conforto dos braços de sua mãe, para os momentos felizes que compartilhou com a avó. Era só isso que Andrea desejava.
- Mãe, por que me deixou sozinha? - A menina sussurrava agachada ao lado das rosas.
Andrea não entenderá o motivo de ter sido deixada no hotel naquela noite, não fazia sentindo as duas mulheres terem saído de carro altas horas da madrugada sem um motivo claro. Nada fazia sentido, o que piorava tudo.
Seus soluços constantes acabaram atraindo a atenção de um certo garoto ranzinza que observava toda a cena pela janela do próprio quarto, ele não sabia quem ela era e muito menos a razão de uma desconhecida estar chorando no jardim de casa mas de uma coisa ele tinha certeza. Era muito incômodo vê-la chorar.
Damian não compreendia muito bem as emoções humanas e às vezes isso se aplicava as próprias, então o mesmo não sabia o que fazer em um momento como aquele. Preferindo ignorar Damian foi se afastando da janela quando uma voz feminina o fez parar.
- Mãe... - O sussurro era quase inaudível por causa dos soluços.
Rangendo os dentes o jovem abriu a janela pulando logo em seguida e aterrissando de forma silenciosa um pouco longe dela, com cautela Damian se aproximou ficando logo atrás da desconhecida que ainda chorava sem indícios que uma hora iria parar.
- Ei. - Chamou, porém, não foi ouvido. - Ei garota.
A voz dele elevou-se conseguindo em fim a atenção desejada, com um último soluço Andrea subiu o olhar ficando hipnotizada por um par de olhos verdes tão belos que ela duvidou serem reais.
- Quem é você? - Ela ainda tinha vestígios de lágrimas quando se pôs de pé.
- Eu quem deveria estar perguntando isso. - Damian não era conhecido pela sua paciência
- O que faz na minha casa?
- Sua casa? - Andrea ficou confusa.
- É, minha casa. - E como sempre o temperamento dele estava vazando pelas brechas.
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A Garota Pennyworth
FanfictionAndrea viu sua vida ficar de ponta cabeça quando precisou ir morar em Gotham City com seu avô materno Alfred Pennyworth após uma tragédia familiar. Agora ela terá que viver na mansão Wayne rodeada dos mistérios que envolvem a família para a qual seu...