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"Porque mais cedo ou mais tarde

Nos perguntaremos por que desistimos

Mas a verdade é que todos já sabem (sabem)

Quase, quase nunca é o suficiente"

Almost Is Never Enough – Ariana Grande (Feat. Nathan Sykes)

MARINA

Massachussetts, EUA – Seis anos atrás

Aqui vai uma verdade difícil de engolir: o amor, por mais genuíno que seja, nem sempre é capaz de superar certas dificuldades.

Cheguei a essa conclusão em uma tarde, após ler uma simples mensagem de Igor.

Era véspera de Ação de Graças, todos os colegas que eu tinha feito no último ano, dentro do instituto, iriam para suas respectivas casas passar o feriado com a família. Para mim, Ação de Graças nunca significou muito, afinal, no Brasil isso não existe.

Contudo, especificamente neste dia, eu estava cansada, com saudade de casa e quase completamente sozinha. Kimberly – minha colega de quarto – ainda não tinha ido para a casa da família em Nova York, mas ela não estava em nosso quarto quando cheguei. Acho que sua presença não teria significado muito depois que li a mensagem de Igor:

"Quando chegar no alojamento me liga"

De alguma forma, antes mesmo de ouvir a voz dele, eu já sabia do que se tratava aquela ligação. Nas últimas semanas percebi Igor meio distante, como se quisesse evitar conversar muito comigo, talvez por medo que eu percebesse que ele escondia algo de mim.

O plano inicial era Igor e meus pais passarem o Natal e o Ano Novo comigo, curtirmos o recesso juntos e matarmos a saudade de maneira que as ligações e videochamadas não supriam. Meus pais já tinham comprado as passagens, feito todo o tramite para poderem ir para os Estados Unidos e já estava tudo praticamente certo para ambos irem me ver. O que não era o caso de Igor, sempre que nos falávamos eu perguntava como estavam os planos para a viagem e, de alguma forma, ele sempre mudava de assunto.

De início achei que pudesse ser algo da minha cabeça, que não passava de uma cisma ou algo do tipo. Talvez fosse por todo o tempo que eu passava trancada dentro dos laboratórios ou na biblioteca, mas eu não senti de forma drástica o jeito que ele vinha se afastando.

Não até ler sua mensagem. Não até perceber que Igor não escrevia de forma tão certinha quando nos falávamos dentro da correria do cotidiano.

E, naquela noite, antes mesmo de ouvir sua voz, eu já sabia que algo muito doloroso estava por vir.

– Você não vem. – É a primeira coisa que digo quando ouço-o atender.

Há um silêncio breve. Breve e estranho.

– Desculpa – o tom da voz de Igor já é quase o suficiente para fazer meus olhos marejarem. – Eu juro que tentei organizar tudo, mas...

– Não minta para mim, Igor. – Corto sua fala, incapaz de esconder meu ressentimento. – Não ouse dizer que você não teve tempo.

– Marina... – meu nome é quase um sussurro.

– Você podia ter me avisado antes, já que não queria vir. Pouparia a dor de cabeça e a decepção.

– Não fala assim – pela sua voz sei que ele também está chateado. – Eu tentei, juro que tentei. Mas eu não estou em condições de pagar uma viagem internacional e...

IGORINAWhere stories live. Discover now