IGORINA

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"Quando você olhou sobre seu ombro

Por um minuto, esqueci que sou mais velho

Eu quero dançar com você agora

E você estava linda como sempre

E eu juro que todo dia você fica melhor

De alguma maneira você me faz sentir assim"

Say You Won't Let Go – James Arthur

IGOR

– Bora, PV! – pela terceira vez verifico minha roupa no espelho do corredor. – Você precisa nascer de novo para ficar bonito, cara. Desiste. – Digo para meu amigo que parece uma Cinderela se arrumando.

– Igor, que ir fazer o favor de se foder? – Finalmente ele sai de seu quarto.

– Porra, nem Amanda demora tanto para se arrumar – olho para ele, analisando sua blusa floral. – E pelo menos ela consegue ficar mais bonita, o que não dá para dizer de você.

Consigo agachar bem a tempo, antes de uma almofada voar pelo espaço acima da minha cabeça.

– Bora, cabeção – PV passa por mim. – Daqui a pouco sua mulher liga querendo saber de você.

Viro os olhos quando ele diz "sua mulher". Só estou saindo com ela há algumas semanas, não é como se fosse minha namorada ou algo assim. PV sabe disso, mas não tento repetir o mesmo discurso da última vez que saímos juntos. Sei que meu amigo só faz isso para me irritar.

Meia hora depois, estamos entrando em um barzinho da cidade, é noite de música ao vivo e promoção de cerveja, então o lugar está consideravelmente cheio. Não me preocupo em conseguir lugares pois Amanda chegou mais cedo com umas amigas.

– Gatooo! – Amanda se levanta assim que me vê, sua voz levemente arrastada me deixa alerta.

– Oi, gata. – A cumprimento com um beijo na bochecha.

– Você não precisa ficar tímido, Igor – seus olhos verdes me fuzilam depois do beijo. – Todas as minhas amigas sabem que você está comigo.

Definitivamente, Amanda está alterada pelo álcool. Ela sabe muito bem que não costumo me sentir confortável com demonstrações exageradas em público.

– O que você bebeu? – digo mais por preocupação do que irritação.

Não ligo dela me cobrar afeto, a essa altura ela já espera que todos achem que temos algo sério, o que me preocupa é o nível de álcool ela está disposta a alcançar hoje. Preciso me preparar psicologicamente para qual Amanda irá surgir quando ela estiver bêbada de verdade.

Nessas semanas saindo com ela já percebi que há diferentes versões dessa mulher, lido bem com todas, exceto a "Amanda Morte Súbita" – apelido carinhoso que PV pôs depois da nossa última briga.

– E desde quando você se preocupa? – Ela me olha furiosa.

Suspiro, definitivamente vou lidar com a pior versão.

– Opa – PV surge. – Tudo bem, Amandinha? – E assim meu amigo adia o inevitável.

Aproveito a deixa para cumprimentar o resto das amigas da minha acompanhante. Antes de sentar vou ao bar pegar duas cervejas para mim e PV. Voltando para a mesa, o terreno parece ter sido neutralizado por meu amigo, agradeço aos céus por ele ter esse dom e aprecio tranquilamente minha cerveja pelas próximas horas.