Prólogo

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"Amor, pegue minha mão

Eu prometo que ficaremos bem

Porque amor, eu sou seu

E, amor, você é minha"

WFM – RealestK

MARINA

Aos dezessete anos, poucas pessoas têm certeza do que querem ser na vida.

Esse não era o meu caso.

Com quinze anos eu ganhei minha primeira competição nacional de jovens cientistas, na categoria de Ciências da Natureza, com um projeto sobre tratamento de gases tóxicos emitidos por grandes indústrias.

Esse foi meu primeiro passo para alcançar tudo que veio a seguir. Com dezesseis anos, mantive meu título, desenvolvendo mais meu projeto inicial e, aos dezessete, veio o convite para estudar em um programa para jovens cientistas, em um dos melhores institutos tecnológicos do mundo: o MIT.

Receber a notícia que eu iria estudar fora do país virou minha vida de cabeça para baixo, meus pais quase explodiram de orgulho e preocupação ao mesmo tempo, e todos na pequena cidade onde eu vivia só sabiam falar da garota nerd que ia embora.

Foram os seis meses mais loucos da minha vida, até pisar em terras estadunidenses.

Porém, mesmo sendo agraciada com a certeza do que eu queria desde nova, havia algo que me tirava o sono mais do que qualquer cálculo científico e fórmula química. Na época, minha maior preocupação tinha cachos castanhos na altura dos ombros, pele levemente amarronzada, um e oitenta e seis de altura e o sorriso mais lindo do mundo: Igor Carvalho, meu único namorado da adolescência e meu primeiro amor.

O cara que me deixou hipnotizada ao passar por mim no corredor do colégio no meu primeiro dia de aula do ensino médio, e se tornou a pessoa mais importante na minha vida nos últimos anos.

– Marina? – A voz de Igor me traz para a realidade. – Tem alguém aí? – Seus olhos castanhos me estudam com curiosidade.

– Acho que fui longe. – Pisco, focando no rosto bonito que me olha.

Ele dá um leve sorriso, compreendendo o que se passa na minha cabeça, antes de me puxar contra seu peito nu. O calor do corpo dele contra a minha pele aperta meu coração, como se implorasse para eu não sair desses braços nunca mais.

Estamos deitados em sua cama, o quarto pouco iluminado sendo o lembrete que essa é nossa última noite juntos. Amanhã cedo eu pegarei o voo para minha nova vida que se iniciará em menos de vinte e quatro horas. A essa hora, na noite de amanhã, já estarei alojada no meu novo quarto em um país completamente estranho.

– Eu te amo, você sabe, não é? – Sussurro abafada contra o abraço de Igor.

– É claro, minha linda. – Sinto seu rosto contra meus cabelos. – Eu te amo. Vou te amar durante todo esse tempo que você estiver fora, e depois dele também. Quando você voltar, eu estarei aqui. Lembre-se disso, combinado?

Me limito a uma leve concordância com a cabeça, com medo de deixar a emoção transparecer demais em minha voz.

Os braços de Igor apertam mais ao meu redor, deixando as palavras que ele vem repetindo nas últimas semanas acalentarem um pouco meu coração.

Eu sabia que ele falava com sinceridade.

Igor nunca sequer cogitou a ideia de me pedir para ficar. Nunca pediu que eu repensasse ou planejasse melhor essa mudança. Em cada um dos dias, nesses últimos seis meses, Igor me impulsionou para que eu agarrasse essa chance com unhas e dentes. Foi ele quem conseguiu tranquilizar, de certa forma, meus pais.

Ambos ficaram a ponto de terem uma síncope quando recebi a notícia da bolsa, mas Igor propôs que eles me dessem o tempo que eu tinha, antes de me mudar, para provar que eu estava pronta.

Era perceptível para qualquer um o quanto éramos um casal que se amava de uma forma completamente arrebatadora.

Contudo, por mais bonito que fosse o nosso sentimento, três anos longe um do outro poderia mudar tudo.

Não gostava nem um pouco de alimentar a pequena parte pessimista dentro de mim, mas, na manhã seguinte, mesmo com todas as promessas de mantermos o relacionamento à distância, quando entrei no avião, eu já sabia que a vida nem sempre é como a gente deseja. 

IGORINAWhere stories live. Discover now