Na Mente dos Imaginadores,

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Entre becos assustadores, esguios como gatos, estreitos como o fluxo de ratos, a paisagem que vista de cima é uma bela dama e vista de dentro é um cenário de má fama,

Há o Bar dos Temores, reinados pelas sombras que aclamam dores, pelas baratas que causam horrores, pelo álcool barato consumido pelos assoladores, pelas manchas sangrentas feitas por destruidores, pelos sorrisos macabros, que se escondem entre assoalhos, dos devastadores, o Bar dos Temores, reinados pelos pecadores, santificado pelos consumidores,

No balcão desolado onde nunca há expectadores, converso com o barman de meu próprio nome,

Eu desabafo em mesa maciça todos os pecados, tristezas, todo o azedo, todo o veneno, todos os azares.

O horror que me consome, que me come de dentro para fora, que descama minha pele e que descasca a minha alma,

Os viveres que me assombram, mais que os mortos, mais que os sonhos, a antipatia que me enche, a apatia que me dá fome,

A falsidade que me corrompe, mancha minha pele de rachaduras e extravasa em furos até que irrompe, o que entre sociedade vira minha face, até no espelho propaga-se, e em solidão olho ao chão e imploro para que tudo voltasse,

Eu olho aos amigos e vejo sombras de gente, olho a mim mesmo e vejo o que era alguém, olho as minhas ideias e vejo potencial desperdiçado, me tento ao desabafo, mas só ouvirá o escuro, tudo que falo não tem sentido, tudo que penso é desperdício, todo meu esforço serve há algo que não será realizado, parece inútil, mas não é inútil, é um tiro no escuro, mas sou surdo,

Eu rio amargamente e o barman me acompanha, ele não tem conselho a dar, ele não tem fala a falar, ele sou eu mesmo e só tem eu para escutar,

Parecia uma podridão, parecia uma solidão, mas não era solidão porque essa era minha amiga, era pior, era um sinal de vida,

Parece injusto de pensar que estou vivo nesse mundo, sou demais para meu corpo, e de menos para meu mundo,

E quando a vida vem sussurrar, ela não é minha, nem do barman, tão menos dos espíritos, dos sorrisos, das sombras, ou do beco, nenhum é tão temível ou tão horrendo,

A vida é o relógio que se guarda na parede suja, a única coisa funcional por mais que tivesse um ponteiro faltando e seu vidro fosse quebrado, a única engrenagem que gira e não muda, não importa quão deturpado seja o bar, não importa que um dia fosse lar, não importa que fosse torto como barra, não importa que fosse lar de angústia e de preguiça, a mais pura das apatias, o relógio, sussurro de vida, seguia e seguia.

Pensava em parar o ponteiro, em matar o barman, em me esconder de trás do beco, em não falar com alguém, em não ter máscara para ver que me tornei um ninguém, em renascer para uma vida que parece minha, em não viver tão distante do corpo e do mundo que me pertence,

Talvez seja doença, talvez seja transtorno, talvez não seja nada, talvez seja tudo,

Vivo feito um louco, perdendo cada segundo, fantasiando no escuro, sonho com muitos sonhos, não realizo mais nenhum, transformei meu lar de rabiscos azuis em um bar de moribundos roxos, sinto tinta escorrer em meus dedos, mas não pinto mais os desenhos, sinto a palavra escrever em minha mente, mas não pego mais na caneta,

Olho para o espelho e não sei mais o que vejo, antes tinha certeza, agora tudo parece errado, o corpo não parece feio, só parece que não condiz com a mente, a cor não se sabe qual é porque todos dizem e apontam, mas não ouvem nada que minhas peles sentem, a voz parece esganiçada demais, parece de alguém que mente, as pessoas parecem de tudo, menos minha gente,

Transcrevo,

Eu percorro meus dedos mudos e me escondo em um banheiro sujo, o azulejo não tem cor, desbotou de tanta voz, tem sangue em seu interior, espelho que grita consigo mesmo, e quebra desse mesmo jeito, encosto o rosto no assento e volto à mesma fadiga,

Ao meu desabafo entre palavras bonitas e um grito de desespero entre um não saber mais o que, entre tentar ser alguém em meio a pessoas já formadas, com reflexos formatados, entre me destacar sem ser a parte do destaque rasgada, entre fingir não saber destino, entre fingir me encaixar em forma, entre fingir não ter uma forma, entre fingir ser de uma forma,

No fim, eu volto ao Bar dos Temores, nos becos assustadores,

Sinto o barman me servir mais um copo da bebida triste e vazia, preta e escura, branca e pálida, ele empurra com o meu braço a bebida para si mesmo,

Mas e o relógio? E o banheiro? E o espelho? E a face? E o resto do poema? E o resto da história? E as linhas acabadas? As histórias não contadas? E os pássaros trancados nas gaiolas? E a sombra de bela mulher que é o beco? E as respostas? E o resto das perguntas? E as frases não acabadas? E...

E eu bebo.



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Tem tanta frase Neste Texto que eu olhei e pensei: Meu deus, parece coisa de instapoem
Não sei se isso é bom, mas parece muito ruim, mas instapoem consegue ficar famoso mais rápido por ser mais curto e estarmos na geração TDAH
E olha que minha poesia já não é longa(e as vezes, nem poesia)
Acho que é sinal para eu começar a fazer Instapoem e hitar no mundo da fama, virar bilionário e viajar pra Miami

Ok foi isso, tchau beijos, hidratem-se, comam bem, choram, sorriam, o de sempre

🅂🄾🄲🄾🅁🅁🄾, 𝓾𝓶 𝓵𝓲𝓿𝓻𝓸 𝓭𝓮 𝓹𝓸𝓮𝓼𝓲𝓪𝓼.Where stories live. Discover now