Quinze

60 12 73
                                    

Preparados para os surtos? Gatilho para solteiros imundos e moribundos (coisa que eu não sou).

××××

Com o que Robin estava na cabeça quando propôs a encenação? 

Sim, era verdade que não tinha entendido bulhufas do que Finney tinha falado, mas, ainda assim, sua proposta era absurda! E por que Finney concordava com a ideia? Ele estava louco?

— É... Licença. - Finney, ao se levantar, passou por cima da cartolina com cuidado e atravessou-a, chegando até o lado no qual Robin estava. — Você quer... Digo, encenar... Em pé ou sentado? 

Robin não queria encenar! Ele nem sabia por que havia proposto tal método.

Porém, mesmo que dissesse que não queria para si mesmo, ele não conseguia reverter suas palavras ou fingir que estava só brincando. Seria por ter um orgulho que lhe impedisse de descumprir o que dizia? Sim, tinha que ser isso!

— Acho que em pé. Fica mais fácil de vislumbrar. - Robin respondeu, levantando-se.

Robin olhou para Finney, que tinha cabelos encaracolados e um pouco bagunçados, o queixo bem definido, as bochechas que coravam facilmente e que contrastavam com sua pele, o nariz perfeitamente construído e a boca...

Ah, a boca.

Merda, por que Robin estava encarando tanto os lábios alheios? Não tinha nada demais neles! Exceto que eles pareciam bem macios e agradáveis de se encostar.

Puta merda, Robin só podia estar enlouquecendo para estar com aqueles pensamentos.

— Você quer que eu... - Finney introduziu.

— Coloque as mãos no meu cabelo. - Robin respondeu antes que Finney terminasse a pergunta. — Acho que fica mais fácil.

Finney moveu as mãos ansiosas lentamente até os cabelos escuros de Robin, colocando-as próximas à bandana. Robin podia sentir o calor que elas faziam e como roçavam em seu couro cabeludo, bagunçando-o um pouco, e engoliu em seco.

Ele resistiu à vontade de fechar os olhos e se deleitar do carinho, estranhamente era muito bom. Robin chegou a imaginar por alguns segundos como seria receber aquela carícia até que caísse no sono.

Ridículo! Robin nem tinha problema para dormir!

— Vem mais perto. - Robin pigarreou e pediu, puxando Finney pela cintura para que não ficasse tão desconfortável. — E agora?

As bochechas de Finney queimaram e se tornaram vermelhas, e, como se fosse contagioso, Robin também ruborizou.

Por que eles estavam envergonhados? Aquilo não passava de uma simples encenação em pró de um trabalho bem-feito!

Ou, ao menos, era o que Robin estava tentando acreditar para se distrair das sensações calorosas e ansiosas que estavam velejando em seu sangue.

— Agora... Agora... - Finney gaguejou, desnorteado. Robin engoliu em seco mais uma vez e sentiu vontade de desviar o olhar, mas não o fez. — Agora você coloca a mão... A mão fechada e o polegar... O polegar erguido no meu queixo.

Ainda encarando os glóbulos castanhos do outro garoto, Robin obedeceu. A mão machucada pelos constantes confrontos que tinha se moveu até o queixo de Finney, posicionando-a perfeitamente entre aquela região e o lábio.

Levantou a cabeça do garoto minimamente. Agora Robin tinha uma ideia do que desenhar e eles poderiam interromper aquela cena vergonhosa e constrangedora.

Mas, por alguma razão, o desenho era o que menos importava naquele momento. Robin não queria parar; queria continuar quase colado ao corpo alheio, observando as paletas profundas e significativas dos olhos alheios, sentindo sua respiração próxima, corando em sintonia com o outro garoto.

Príncipe Charmoso - REESCRITAWhere stories live. Discover now