38 - Café e bebê... ou não

14 2 5
                                    

Aurora acordou lentamente, seus dedos afundando em lençóis macios como nuvens, a sensação agradável relaxando ainda mais o corpo descansado. No entanto, algo parecia fora do lugar. Ela franziu o cenho, sua mente ainda sonolenta tentando entender. Abriu os olhos, esperando encontrar qualquer situação bizarra, seu corpo já preparado para fazer movimentos bruscos, se necessário.

— Hunter? James? — sua voz ecoou pelo quarto vazio, misturando-se ao silêncio da manhã.

Aurora escutou atentamente, esperando pelo som do chuveiro ou qualquer sinal da presença de seu marido ou do segurança, mas só encontrou o eco de sua própria voz. Estava em casa, pelo menos.

Não se lembrava de quando chegaram o como foi parar naquele quarto, mas aparentemente, passou a noite sozinha, o que já era um alívio.
Jogando os cobertores para o lado,  percebeu que ainda estava com a roupa do dia anterior, então, franzindo o nariz, decidiu que precisava urgentemente de um banho.

Pegou uma toalha e um roupão e foi para o banheiro, onde não demorou muito, pois seu estômago estava roncando.

Ao descer as escadas, o aroma do café fresco chamou sua atenção. Ela se aproximou da sala de jantar, onde uma mesa elegantemente arrumada a esperava. Ela não esperou por ninguém, sentiu-se e serviu-se de uma xícara de café.

Enquanto passava a manteiga no pão, Aurora notou as figuras de Hunter e James adentrando a cozinha. Seus cabelos ainda estavam úmidos, uma evidência clara de que haviam acabado de tomar banho. Um leve franzir de sobrancelhas denotou sua surpresa ao notar que ambos exalavam o mesmo perfume de shampoo.

— Bom dia, Aurora! — saudou Hunter com um sorriso gentil, depositando um beijo suave em sua bochecha.

— Como está, Aurora? — disse James com um aceno descontraído, acompanhado de uma piscadela que fez a jovem sorrir.

Aurora retribuiu os cumprimentos, embora uma pontada de confusão tenha começado a se formar em sua mente. Observou Hunter mais de perto, procurando entender o que estava acontecendo ali, e foi então que notou a mão dele, cuidadosamente envolta em bandagens.

— O que aconteceu com sua mão? — ela perguntou enquanto colocava o pão na mesa.

Hunter hesitou por um momento e olhou para a mão enfaixada, dando um pequeno suspiro.

— Ah, foi só um pequeno acidente ontem à noite. Nada sério, realmente, não se preocupe.

Aurora estudou o rosto dele por um instante, ponderando suas palavras, mas decidiu não pressionar mais. No entanto, a sensação de algo estar fora do lugar persistiu, ela sabia o quanto o bem-estar daquelas mãos era importante para Hunter, principalmente devido às cirurgias que ele realizava.

Hunter, vestindo um elegante terno oxford, garantiu com um sorriso o lugar ao lado de Aurora. Diante dele, James, de olhos astutos e um leve traje violeta, se inclinou para frente na cadeira, ao lado da jovem, entre ela e o amigo,, encarando a dupla.

— E então, Aurora — disse Hunter, com uma voz suave como seda —, como passou a noite?

Os lábios de Aurora se curvaram em um pequeno sorriso, estudando-o.

— Na verdade, estava bastante cansada — ela confessou —, dormi a noite toda. — Então, franziu a testa, uma expressão de curiosidade tingindo seus olhos. — O que eu estava fazendo no quarto principal?

Hunter engoliu em seco, um lampejo de surpresa em seus olhos.

— Aquele é o seu quarto, Aurora, não poderia ser diferente —ele explicou, limpando a boca com um guardanapo.

Nesse ponto, James se intrometeu, arrastando todos os olhares para ele.

— Anthony ainda estava aqui quando chegamos — informou, com uma nota de profissionalismo em sua voz — e ele seguiu Hunter enquanto levava você para o quarto.

Aurora virou-se para Hunter, seus olhos buscando pela confirmação das palavras de James. O médico, com uma sobrancelha arqueada, deu um meio sorriso, nervoso, enquanto levava a xícara de café à boca.

— Bem — começou ele, lutando para encontrar as palavras certas. — Nós tivemos uma discussão por causa disso e, de alguma forma, ele pode ter entendido que você está grávida.

Um silêncio súbito desceu sobre a mesa, as palavras finais de Hunter ecoando nos ouvidos de todos. Os olhos de Aurora estreitaram-se como se estivesse a processar o que fora dito. Durou apenas um momento, antes de se transformar em um olhar de fúria, deixando ambos os homens se retesando.

Então, sem aviso, ela gargalhou, jogando o corpo para trás e colocando os talheres na mesa. A risada saltou pela sala, quebrando a tensão no ar.

Confusos, os dois homens se entreolharam. Ambos estavam perdidos com a mudança abrupta de humor de Aurora, mas ao mesmo tempo não poderiam deixar de se maravilhar com a risada contagiante que inundava a sala.

Normalizando a respiração, Aurora parou de rir. Ela deu um gole no café, olhando com escarnio para o marido.

— Hunter, querido — disse, sorrindo com um toque de malícia —, parece que você está se afundando cada vez mais. Onde vamos conseguir um bebê com o sangue Jonshon para entregar para Anthony?

Hunter cruzou os braços, um manto de preocupação cobrindo seu rosto.

— Sinceramente, tentei desfazer o mal-entendido. Não teria que ele pensasse isso...

  James em um gesto de solidariedade, entrou na conversa.

— Você precisa entender, Aurora, que Anthony é uma pessoa de difícil trato. Às vezes, ele só entende o que quer.

Aurora sorriu com uma nota irônica e balançou a cabeça.

— Vocês parecem esquecer que eu conheço Anthony muito bem. Agora, a pergunta que fica é: o que é que vamos fazer a respeito? — ela perguntou, suas sobrancelhas erguidas. — Não sei de que vocês dois estão brincando agora, mas sinceramente não acredito que estejam pensando em envolver um inocente que nem está perto de ser feito, na história.

A pergunta pairou no ar, reverberando na sala silenciosa. James e Hunter entreolharam-se, suas expressões graves, enquanto suas mentes permaneciam preocupadas com a questão de Aurora.

— Acho que a melhor coisa a fazer agora é confessar o mal-entendido — disse, a expressão séria como a de um diplomata antes de uma reunião importante.

James franziu a testa, discordando.

— Não acho que essa seja uma boa ideia. Sabemos muito bem como Anthony pode ser temperamental quando se trata de assuntos familiares. Ele vai acusá-lo e seu histórico não ajuda muito. Então vai arrumar seus próprios meios de descobrir o que está acontecendo e os últimos dias não foram relatados.

A sala ficou em silêncio novamente. Aurora permaneceu quieta por um momento, perdida em pensamentos, antes de declarar com um sorriso astuto:

— Vamos deixar Anthony especular — disse ela, exibindo um sorriso triunfante. — Deixem que ele e Leonard lutem para saber o que acontece em nossa casa.

— Seu pai pode não gostar disso — Hunter falou, sério.

— Foi ele quem me vendeu para você e ainda mandou todas as minhas coisas para sua casa enquanto ainda éramos noivos. Não pode reclamar de ser avô tão cedo.

— Vocês estão sabendo que esse bebê é fictício, não é? — James perguntou, vendo a seriedade nos dois. — E que teremos que explicar Vicent nessa equação.

— Não me importo com aqueles dois velhos — Aurora suspirou. — Meu pai assinou um contrato com Anthony e eu assinei outro. Falsos-positivos acontecem, acidentes também. Não dê atenção isso, Anthony só está sendo, mais uma vez, intrometido. Se necessário for, eu lido com ele.

Aurora então levantou da mesa e olhando novamente para o contraste que os dois faziam, sorriu.

— O dia está lindo hoje, que tal uma piscina?

Contrato duploWhere stories live. Discover now