Sim, eu já tinha esse capítulo escrito. Sendo bem sincera, ia escrever e manter para mim, em off. Isso num primeiro momento. Mas aí pensei que seria legal poder dividir com vocês e cá estamos.
- Como tem estado, Kacchan?
- O que acha? - Bakugou respondeu ironicamente.
Ambos estavam patrulhando as ruas, verificando alguns pequenos comércios e resolvendo casos menores. Há anos Bakugou tinha parado de tratar Izuku como um erro do universo e o enxergava como um herói. Os dois se aproximaram depois da última batalha com Shigaraki e formaram um vínculo mais forte. Ainda assim, as farpas escondidas nas palavras do intratável herói explosivo eram uma constante.
- Acho que tentou se encontrar com Eijiro de novo.
- Muito assertivo. Quer um prêmio por descobrir o óbvio?
- Conseguiu falar com ela ou...?
- Quer saber se ela me ignorou de novo? - ele cuspiu as palavras ácidas, um sorriso raivoso enfeitando os lábios - Sim, ela fez isso. Me tratou como um cliente estúpido, um desconhecido.
- Ela deve ter medo de ser mandada embora.
- Foda-se, seria melhor ela sair daquela espelunca. Não faz bem para a saúde dela.
- É tão ruim assim?
- Pior do que imagina. Lugar feio e imundo. - exalou, frustrado apenas de lembrar do lugar - Não tem o mínimo de higiene.
- Ela realmente não deveria estar em um lugar assim, ainda mais grávida. - Deku murmurou, a mão no queixo, pensativo.
Bakugou fez uma careta em menção a gravidez dela. Detestava quando tocavam nesse tópico pois o fazia se lembrar do motivo de não estarem mais juntos.
- Não dá para julgar muito, deve ter sido difícil para ela encontrar emprego não tendo muito no currículo. - Deku complementou após dar um autógrafo para um fã.
- Ela não precisaria de um se não fosse teimosa.
Izuku se despediu do fã e acenou antes de voltar a caminhar perto do amigo. Ambos eram mais velhos e maduros, chegando a faixa dos quarenta anos. O tempo tinha engrandecido ainda mais suas imagens de heróis.
- Ela deve ter tido seus motivos. - ele disse um pouco sem jeito.
- Teimosia e orgulho, isso que é.
Izuku revirou os olhos e o cutucou, implicando.
- Parece até você, Kacchan.
- Eu não seria burro de ficar na merda tendo quem possa me ajudar. Depois daquele maldito dia ela vem me tratando como um estranho.
Izuku ficou sério à menção do episódio.
Katsuki não se lembrava de muito da última conversa que teve com Eijiro antes dela sair de seu apartamento e sempre que tocava no assunto, os amigos mais próximos mudavam de postura, disfarçando algo. Ele sabia que estavam escondendo algo de si e tinha medo de perguntar e descobrir. Tudo o que sabia era que tinha bebido demais horas antes.
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Sinestesia
FanfictionEijiro sempre foi agraciada pela natureza no quesito beleza. E amaldiçoada no quesito sorte. De todas as desilusões, contudo, nenhuma foi tão desolador quanto descobrir o que Bakugou secretamente pensava dela.